O extraordinário papel da mulher no Cristianismo

A Bíblia, no relato da criação, apresenta a mulher como um “outro eu” do homem (Gn 2,18), com a mesma dignidade e nobreza. Mas, o povo hebreu não escapou à mentalidade e prática do Oriente Médio: a mulher tem um papel muito limitado; sua influência fica restrita ao âmbito da casa e à função materna. As heroínas do Antigo Testamento são exceções. No Antigo Testamento as mulheres não têm obrigações religiosas quanto ao culto, às peregrinações e mesmo quanto à Páscoa.

Mulher: “Bendito sejas, nosso Deus, por não me teres feito nem gentio, nem mulher, nem ignorante”. Só Jesus Cristo consagrou a verdadeira dignidade da mulher. Ele anunciou a boa-nova do Reino tanto aos homens como às mulheres. O Evangelho narra que várias mulheres seguiam o Senhor e o serviam com seus bens. Elas choraram por Jesus no caminho do Calvário e estiveram ao pé da Cruz. Foram elas as primeiras a perceber que o sepulcro estava vazio. É a Maria Madalena que Jesus Ressuscitado aparece por primeiro e a encarrega de anunciar a boa-nova de sua ressurreição aos discípulos. Estes haviam desertado na hora da Paixão de Jesus; as mulheres permanecem fiéis no sofrimento do Salvador.

Os Atos dos Apóstolos narram que a evangelização da Europa se iniciou por uma mãe de família, Lídia, que logo a seguir começou a tarefa apostólica, conseguindo que todos os de sua casa recebessem o batismo. O mesmo tinha acontecido com a Samaritana: foi ela que primeiro recebeu a mensagem de Cristo e foi difundi-la na cidade.

São Paulo ressalta o papel da mulher na propagação do Cristianismo, como se vê em suas cartas. Algumas mulheres são especialmente mencionadas com agradecimentos pela ajuda que lhe prestaram na sua missão evangelizadora. Como nos primeiros tempos do cristianismo, a mulher desempenha também hoje um papel extraordinário no apostolado e na preservação da fé. Ela está destinada a levar à família, à sociedade e à Igreja aquilo que lhe é próprio: a sua delicadeza e ternura, a generosidade incansável, a intuição e agudeza de espírito, a piedade profunda e simples, a constância e fidelidade.

São as mulheres que mais freqüentam as nossas igrejas. São elas as principais catequistas das nossas paróquias. Diz o Papa João Paulo II na sua carta apostólica “Mulieris Dignitatem”: O Corpo Místico de Cristo “não cessa de enriquecer-se com o testemunho das numerosas mulheres que realizam sua vocação para a santidade. As mulheres santas são uma personificação do ideal feminino, mas são também um modelo para os cristãos, um modelo de seguimento de Cristo, um exemplo de como a Esposa deve corresponder ao amor do Esposo” (MD 27).

É no amor, na entrega, no serviço aos outros que a mulher realiza a sua vocação apostólica.

Dom Frei Daniel Tomasella
Diocese de Marília – SP
Fonte: Jornal ‘No Meio de Nós’