O crescimento da Igrejae os novos desafios

É certo que o Reino de Deus se estabelece e cresce continuamente, conforme a Palavra de Jesus: ‘É como o grão de mostarda que, quando é semeado, CRESCE, torna-se maior que todas as hortaliças e estende de tal modo os seus ramos, que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra‘ (Mc 4, 31-32). Crescer significa aumentar, seja em tamanho, seja em número; e nós estamos acostumados a ver o crescimento por meio de medições… Também a Igreja faz estatísticas, mede e compara o número de seus fiéis ano a ano. Nesse tipo de meditação pode acontecer que se verifique uma diminuição numérica ou quantitativa. E, então, como fica o crescimento que Jesus garantiu? De novo vamos ouvir a Palavra de Jesus: ‘O Reino de Deus é como um homem que lança a semente à terra. Dorme, levanta-se, de noite e de dia, e a semente brota e CRESCE, SEM ELE O PERCEBER…‘ ( Mc 4,27)

Mesmo que nossas medições não correspondam às nossas expectativas de crescimento controlado, a fé, que é força divina em nós, nos garante que o Reino de Deus continua crescendo. Mas continua forte e imperiosa a ordem que o Senhor nos deu: ‘ Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura .’ ( Mc 16,15 ) Não temos o direito de nos acomodar, de cruzar os braços, de começar dormindo, de só esperar que a semente brote… Ela não brotará se não for lançada à terra… E quem deve lançá-la à terra somos nós!

Em que terreno somos chamados a lançar a semente? Em todo o mundo, diz o Senhor. Por isso não há lugar nem tempo que possa nos eximir de semear, plantar, anunciar a Palavra de Deus! Penso que podemos privilegiar três campos onde é necessário semear com mais urgência. Eu os chamaria DESAFIOS:

Família . É aí que nascem as pessoas e recebem a primeira formação humana e cristã. Os pais são os primeiros e insubstituíveis educadores de seus filhos; são seus primeiros catequistas pela palavra e pelo exemplo. Como é que os filhos vão aprender a sver gente e ser cristãos se nem nascem em uma famíla? Ou se a família se desfaz pelo divórcio ou pelo abandono? Há tantas agências destruidoras da família no mundo em que vivemos! É preciso contrapor-lhes a santidade humana e cristã da família como foi concebida por Deus desde o princípio e como foi santificada pelo Sacramento do Matrimônio por nosso Senhor Jesus Cristo. Precisamos semear neste campo!

Juventude. Os jovens serão os adultos de amanhã. Aqueles que terão os destinos da sociedade e da Igreja em suas mãos. Se não forem nutridos dos verdadeiros valores humanos e cristãos em sua etapa formativa, que é o tempo da juventude, que líderes terá a humanidade e a Igreja de amanhã? É aqui que reside uma das mais urgentes tarefas da comunidade eclesial. Não podemos perder a juventude para o vício, para a droga, para a irresponsabilidade com relação ao próprio futuro. A juventude é muito sensível para os verdadeiros ideais da sadia humanidade e da autêntica vida cristã. Cabe a nós, Igreja de Jesus Cristo, alimentar os verdadeiros ideais da juventude. Este é um outro campo fértil à espera da boa semente.

Meios de Comunicação. Tanto a Família, como a Juventude são fortemente influenciados pelos meios de comunicação de toda espécie. O tempo em que vivemos é farto de informações de todo tipo. Pena que seja tão parco em elementos de formação autenticamente humana e cristã! Não se advoga a fuga dos meios de comunicação, mas o sentido crítico com que famílias e juventude deles devem se servir.

A Igreja está atenta a esta seara fértil onde semear abundantemente. Jornais, rádios, revista, vídeos, emissoras de televisão de orientação católica se multiplicam cada vez mais, oferecendo alternativas válidas para a vida, a cultura e o lazer.

Todos temos a responsabilidade de possibilitar que estes meios católicos de comunicação cresçam e se tornem cada vez mais eficientes e presentes na vida de nosso povo.

Dom Bonifácio Piccinini
Arcebispo Metropolitano de Cuiabá (MT)