É assim que o Padre Fábio de Melo define o chamado de quem compõe, escreve ou canta: a tentativa de aproximar o coração humano do coração de Deus. Nesses dias, senti muita saudade… Isso me fez dar mais atenção a esse tema, que aliás, sempre foi fonte de inspiração para lindas e importantes “Obras de Arte” ao longo da história.
Mas o que seria saudade? Será aquele sentimento que chega de mansinho e invade a alma, arrastando-nos, por um instante, a pessoas e lugares, que passaram por nossas vidas, os quais agora estão distantes? Acredito que saudade seja muito mais que isso! Talvez seja aquela certeza, que lá no fundo da alma, nos garanta: valeu a pena!
Quando vivemos com intensidade as oportunidades que Deus nos dá, as pessoas e os fatos não passam como o vento em nossas vidas… Eles levam um pouco de nós consigo e deixam um pouco de si conosco. Esse pouco ou, às vezes, muito, do que é deixado em nós, é que desperta em nós, de vez em quando, o sentimento que chamamos de saudade.
Padre Fábio ainda afirma: “De todas as certezas que possuo, esta é a mais bela: sou metade incompleto, que só a eternidade poderá preencher, não posso negar o meu coração tem saudades do céu… deseja voltar.”
De todas as saudades, acredito que esta é a mais real, e a menos compreendida: Saudades do Céu!
Santo Agostinho, a meu ver, é quem melhor consegue explicar este sentimento, quando diz que o homem nasceu do coração de Deus e permanecerá inquieto enquanto não retornar a Ele. Talvez, seja por isso, que saudade traz em si um misto de eternidade.
Mas, como lidar com esse sentimento sem sufocá-lo e nem deixar que ele nos maltrate quando se trata de algo com o qual precisamos conviver?
Primeiro, devo concordar com o Diácono Nelsinho, quando diz: “Só se tem saudade do que é bom!” Portanto, se esse sentimento lhe trouxer alguma sensação ruim, o maltratando e o arrastando para a tristeza, merecerá outro nome. Saudade cuja essência é um sentimento ligado a algo bom, deverá, portanto, trazer-nos alegria e inspirar-nos coisas boas, trazendo-nos paz, mesmo que seja uma paz inquieta.
De maneira simples, lido com a saudade, comunicando-me como e quando posso com os entes queridos. Está provado que a comunicação ameniza a saudade. Quando não posso mais me comunicar com alguém, como é o caso do meu pai, que já está na eternidade, rezo por ele e procuro lembrar dos momentos bons que vivemos juntos, das histórias que ele me contava, dos conselhos que me dava e de tantos outros fatos. Essas boas lembranças me alegram a alma. Só se tem saudade do que é bom! Deus é bom, talvez seja por isso que nosso coração tenha tanta saudade Dele.