Monte Gargano e origem da festa

Dois anos após a primeira aparição, o Arcanjo aparece mais duas vezes ao Bispo, numa época de invasões dos bárbaros . São Lourenço, era Bispo de Siponto, diocese a que pertencia Gargano.

Ele havia subido ao monte para pedir proteção a São Miguel, pediu ao povo que ali o acompanhava, que também rezassem, fizessem jejum e se aproximassem dos Sacramentos da Confissão e da Comunhão. Na aurora do dia 29 de setembro do ano 492, estando o Bispo em oração, apareceu-lhe São Miguel, prometendo-lhe a vitória, mas dando ordens para que não se atacasse o inimigo antes das quatro horas da tarde, a fim de que o sol fosse testemunha do seu poder.

À hora fixada, os sipontinos saíram da cidade ao encontro dos bárbaros. O céu estava sereno. Mas eis que se ouviu um grande trovão e uma nuvem espessa cobriu o Monte Gargano.

Desta nuvem desprendeu-se flechas inflamáveis e fez-se compreender então que a tempestade fustigava os bárbaros que, apavorados, fugiram em debandada. O Bispo com o povo subiram à gruta do Arcanjo e todos viram, à entrada, os traços dos pés de um homem, gravados na rocha, indicando a presença de São Miguel. Com lágrimas nos olhos, todos beijaram comovidos estes traços, que eram testemunhas da presença do Arcanjo que os defendera.

A terceira aparição de São Miguel deu-se deste modo:

No dia 8 de maio de 493, São Lourenço, o Bispo de Siponto foi com o povo ao Monte Gargano, à entrada da gruta, para agradecer a Deus, a aparição de São Miguel. Tinha um grande desejo de lá entrar para celebrar a Santa Missa, mas por respeito não entrou.
Como o Papa Gelásio se encontrava numa localidade perto, o Bispo enviou um pedido para que aquela gruta se transformasse num santuário. O Santo Padre disse que se devia escolher o dia 29 de setembro, dia da vitória sobre os bárbaros, para se dedicar a igreja localizada na gruta, fazendo dela um templo em honra a São Miguel e aos anjos.

Recomendou que se fizessem preces públicas para reconhecer a vontade do Arcanjo. Estas preces foram ouvidas e São Miguel apareceu pela terceira vez ao Bispo São Lourenço e disse: “Cessa de pensar mais, decide-te a consagrar a minha gruta que eu escolhi para meu domínio e que consagrei com os meus anjos; tu verás os sinais ardentes desta consagração, a saber: a minha imagem colocada por mim, o altar edificado pelos anjos, meu manto e minha cruz. Esta noite, tu e mais sete bispos, entrareis na minha gruta para aí rezardes com a minha assistência. Amanhã celebrarás a Santa Missa e comungarás com o povo. Haveis de ver quantas bênçãos espalharei neste tempo.”

Tudo se fez como São Miguel recomendou. Penetrando na gruta, viram a imagem milagrosa de São Miguel lutando contra lúcifer, o altar armado com uma Cruz de cristal com cinco palmos, um manto cor púrpura, símolo do amor de Deus e no fundo uma fonte milagrosa. O Bispo celebrou a Missa, deu a Sagrada Comunhão ao povo. Em seguida mais três altares foram consagrados na gruta.

O Papa mandou então que este fato passasse a ser celebrado na Igreja em todo o mundo no dia 29 de setembro de cada ano. A Basílica de São Miguel no Monte Gargano é a única no mundo que ele próprio e os seus Anjos consagraram. Neste local se realizam muitas conversões e curas do corpo e da alma. A assistência religiosa está atualmente confiada aos filhos de São Bento, os monges beneditinos.

Vários Papas foram em peregrinação a este Santuário e no mês de maio de 1987, ali esteve também o Papa João Paulo II.