Missões e dádivas da visita do Papa

A vinda do Papa Bento XVI ao Brasil, que acontece de 09 a 13 do próximo mês de maio, tem importância crucial no calendário católico. É a primeira vez que o Sumo Pontífice visita um país do Continente Americano – ocasião que, pela sua magnitude, pode ser considerada como divisora de águas para os povos dessa nação. O motivo principal da visita é a participação de Sua Santidade na V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe (Celam), que ocorre de 13 a 31 de maio de 2007, no município de Aparecida, localizado a 167 quilômetros de São Paulo.

Com o tema Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que, Nele, nossos povos tenham vida. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6) – escolhido pelo próprio Papa –, o evento tem como finalidade discutir os desafios e ações que irão compor as diretrizes da Igreja para o Continente. Um acontecimento que mescla reflexões fundamentais não apenas à missão evangelizadora nesse extenso território, mas também à busca de soluções para os conflitos e dificuldades que ele vivencia hoje.
Não será precipitado se incluirmos a Celam no mesmo rol de prestígio das outras grandes Conferências Gerais que marcaram a história da Igreja na América Latina. São elas: Rio de Janeiro, em 1955, Medellín, na Colômbia, em 1968, Puebla, no México, em 1979 e Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992.

Uma vez no Brasil, maior país católico da América Latina, Bento XVI aproveitará a oportunidade para se reunir com representantes das religiões judaica, muçulmana e cristãs de diversas vertentes. Um encontro que deve ser compreendido como mais uma passo na tentativa de dar ao mundo um exemplo de tolerância e respeito à diversidade de crenças.
Sua passagem por essas terras simbolizará, sem dúvida, um marco na vida de milhões de pessoas. Dentre elas os sacerdotes, diáconos, religiosos(as), seminaristas e candidatos(as) à Vida Consagrada que se reunirão com o Santo Padre no Santuário Nacional de Aparecida, em 12 de maio.

A escolha da cidade se deu tanto pela força do culto Mariano existente no local quanto pelo turismo religioso que cresce cada vez mais no Vale do Paraíba. Além da cidade de Aparecida, há o município de Guaratinguetá – onde nasceu Frei Galvão – e Cachoeira Paulista, que abriga o sistema de comunicação da comunidade católica Canção Nova. Durante a passagem de Bento XVI pelo Brasil, Aparecida estará no foco do noticiário e das atenções internacionais. E não é para menos. A cidade receberá centenas de bispos – cerca de 300 – e demais representantes da Igreja. Os religiosos chegarão de todos os países americanos e ainda de outros continentes como Europa, Ásia e África.

Além de Aparecida, no interior de São Paulo, o famoso estádio do Pacaembu, na capital, receberá, no dia 10 de maio, o sucessor de João Paulo II. O objetivo do evento é realizar um encontro entre o Papa e os 30 mil jovens escolhidos pelas dioceses de todo o País. O fato de o Papa ter reservado um espaço na agenda para esse encontro com a juventude brasileira é razão para alegria e esperança. Até porque esses jovens poderão atuar como multiplicadores dos ensinamentos obtidos nessa reunião histórica em suas comunidades e paróquias de origem.
Lembremos que antes de ser escolhido o novo Papa, o então cardeal alemão Joseph Ratzinger, que foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé no Vaticano durante 23 anos, já era conhecido como um dos maiores teólogos da atualidade. Mesmo assim, definiu-se como: “(…) um simples, humilde trabalhador da vinha do Senhor”. Razões suficientes para crermos que tem muito a ensinar aos nossos jovens. Os rapazes e moças ainda serão convidados a participar da missa em que ocorrerá a canonização do Frei Galvão, dia 11 de maio, no Campo de Marte, às 9h30min. É preciso acreditar que é possível fazer dos jovens os semeadores de um novo tempo. Para isso, basta que possibilitemos a eles as oportunidades necessárias e que sigamos ao pé da letra a missão da Canção Nova: “Preparando homens novos para um mundo novo”.

Por tudo isso, esperamos que a vinda do Papa não só possa oferecer diretrizes para atuação da Igreja, mas que também nos ajude a estar mais próximos dos ideais e valores cristãos preconizados há mais de dois mil anos por Jesus de Nazaré. Se assim acontecer, é certo que o Brasil, o Continente Americano e o mundo ficarão muito melhores.