Matrimônio: por quê mais um sacramento?

2. Já falamos, em artigos anteriores, da beleza do projeto de Deus acerca da união esponsal do homem e da mulher, como experiência de amor e comunhão, mas também da fragilidade dos dinamismos humanos do amor, enfraquecidos pelo pecado. Para que a união conjugal atinja a plenitude do amor, os esposos precisam de ser fortalecidos com a força do Espírito, que os ajuda a viver a sua aliança de amor ao ritmo da aliança de Deus com o seu Povo, definitivamente ratificada na morte de Cristo.

O casamento é uma experiência humana onde é cada vez mais claro que, para o amor não definhar, antes crescer até à perfeição da caridade, precisa da força de Deus. O sacramento do matrimônio, conseqüência da união dos esposos a Cristo, pelo batismo, é a fonte dessa força.

O casamento, enquanto comunhão de amor do homem e da mulher, não começa com Cristo, ele é um dom da criação. A Páscoa de Jesus redime-o, fortalece-o e permite-lhe atingir a perfeição querida por Deus desde a criação. O Papa João Paulo II afirma: “Cristo revela a verdade originária do matrimônio, a verdade do princípio e, libertando o homem da dureza do seu coração, torna-o capaz de a realizar inteiramente” 1. Esta plenitude do amor conjugal faz parte da plenitude da aliança com Deus, realizada na Cruz de Cristo, onde os cristãos mergulham, pelo batismo.

Continua o Santo Padre: “No sacrifício da Cruz manifesta-se inteiramente o desígnio que Deus imprimiu na humanidade do homem e da mulher, desde a sua criação. O matrimônio dos batizados torna-se, assim, o símbolo real da Nova e Eterna Aliança, selada no Sangue de Cristo. O Espírito, que o Senhor infunde, dá um coração novo e torna o homem e a mulher capazes de se amarem, como Cristo nos amou. O amor conjugal atinge a plenitude para a qual está interiormente ordenado: a caridade conjugal, que é o modo próprio e específico com que os esposos participam e são chamados a viver a mesma caridade de Cristo que Se entrega sobre a Cruz” 2.

E mais à frente, referindo-se às graças próprias deste sacramento, o Papa acrescenta: “Trata-se de características normais do amor conjugal natural, mas com um significado novo, que não só as purifica e as consolida, mas eleva-as a ponto de as tornar expressão dos valores propriamente cristãos” 3.