MARCOS JOLBERT AZAMBUJA:

Padre Pio teve uma entrada na minha vida, simples, mas também delicada, respeitando-me como pessoa. Porque, na época da canonização do Padre Pio, um padre muito amigo nosso chamado Giovanni, que mora na Itália, falou: “vamos fazer algo sobre Padre Pio?” Então, eu e minha esposa, Bia, também estávamos planejando fazer algo sobre ele, e, nós fomos a San Giovanni Rotondo, onde está a cripta do padre Pio e também os objetos dele antes de morrer, onde está a cama dele, onde ele viveu. San Giovanni Rotondo fica no Sul da Itália, na província de Foggia, e ali, a gente foi para gravar. Eu sabia muito pouco sobre vida de Padre Pio e, no primeiro momento, a gente foi visitar o Santuário, em que conhecemos o lugar onde ele atendia as confissões dos fiéis, o local onde rezava e recebeu os estigmas de Jesus… Então, primeiro conhecemos um pouco da vida desse santo, ali em San Giovanni Rotondo. Depois fomos ao hospital, que é a Casa Sollievo della Sofferenza, e começamos a filmar os objetos, as coisas que lhe pertenciam. Também tivemos oportunidade de estar junto com o postulador (padre responsável pelo processo de canonização) da causa dele, e, ouvindo-o falar sobre o Padre Pio, fui me interessando, porque ele era um santo “normal”, não tinha nada de exuberante na vida dele. Num certo momento da entrevista, ele foi contando os milagres de Padre Pio, das delicadezas dele, as coisas excepcionais, como por exemplo, quando o Padre Pio “bilocava”. Ele visitava algumas pessoas que estavam doentes e no outro dia levantavam, sem que, no entanto, ele tivesse saído do Santuário de San Giovanni Rotondo.

O postulador era da época em que o Padre era vivo, por isso, pôde presenciar vários fatos excepcionais, dentre os quais, contou-nos que houve uma vez que uma mãe procurou o Padre Pio para se confessar, levando sua filha consigo, sendo que, na hora de entrar, Padre Pio saiu do confessionário e disse: “Nossa, que menina bonita! Por que ela está de óculos?” A menina era cega, e todos ficaram constrangidos, mas ninguém falou nada para ele. Padre Pio, então, falou: “Deixa-me ver os seus olhos, porque devem ser muito bonitos!” Então, quando ela tirou os óculos, o padre passou a mão nos olhos dela e pediu para que ela abrisse os olhos. Quando ela abriu, olhou para eles e disse: “Mamãe, como a senhora é tão bonita!” A menina era cega de nascença, mas começou a enxergar. Aquela entrevista foi mexendo comigo, eu fui vendo várias delicadezas do padre Pio. Todo mundo achava que ele era ríspido, mas não, ele era apenas firme, porém tinha uma delicadeza maravilhosa! O postulador contou-nos também sobre um dia em que ele estava fazendo aniversário, mas ninguém sabia, porque não dissera nada para ninguém. Assim, que, logo de manhã, ele escutou um barulho na porta, mas não sabia quem era, embora escutasse todos os dias o barulho de Padre Pio passando pelo corredor, pois ele arrastava os pés e tossia muito. O postulador chegou até a pensar que Padre Pio estava doente, porque não havia ido para sua Adoração naquela manhã, mas, ao escutar esse barulho, assustado, foi abrir a porta e viu que o Padre Pio estava tentando colocar na fechadura da porta dele, uma rosa, como presente de feliz aniversário.

Seu postulador falou-nos também sobre o relacionamento do padre Pio com os anjos – ele não dizia anjo da guarda, mas sim, os chamava de “angioletti” (o anjinho que está comigo). O postulador contou-nos também que, certa vez Padre Pio foi se confessar com outro padre e, por curiosidade, perguntou se ele conversava com seu anjo. O outro padre se assustou e disse: “Não, Padre Pio, eu simplesmente peço a intercessão deles”. Mas, Padre Pio conseguia ver o seu anjo da guarda e o outro não conseguia.

Certa vez, o Zezinho da Comunidade Canção Nova tinha sido internado na UTI e, numa sexta-feira à noite, ligaram-nos, pedindo para que rezássemos por ele. Então, no meu interior, pedi para o Padre Pio lembrar daquele meu irmão que estava na UTI.

Eu tive oportunidade de entrar no quarto onde Padre Pio esteve internado no hospital, e lá toquei os sapatos dele. Dentro deles sapatos tinha talco, porque ele tinha chagas nos pés e o talco ajudava a diminuir o sangramento, e eu tive oportunidade de colocar a minha mão dentros daqueles sapatos, até mesmo naquelas pedrinhas de talco, que estavam ainda com o sangue do Padre Pio. Aquelas pedrinhas vermelhas estavam duras, mas era o próprio talco que foi umedecido pelo sangue do Padre Pio. Também deitei-me na cama dele, sentei-me na cadeira onde ele morreu. De maneira, eu estava imbuído pelo Padre Pio. Aquele santo tinha me envolvido completamente, ele tinha me abraçado naquela hora. Depois que a gente terminou as filmagens, quando estávamos descendo até a cripta, não tinha mais ninguém lá, e havia uma grade protegendo para que ninguém chegasse até lá, mas naquele momento encontramos aquela grade aberta, porque estavam fazendo limpeza. Mesmo as empregadas não entravam lá, elas tinham uma vassoura de mais ou menos 3 metros, que usavam para varrer e passar pano e varriam tudo, por causa da santidade do local. Quando vi a grade aberta, fui em direção à cripta, mas o padre Giovanni falou que não era permitido adentrar naquele local. Eu olhei para trás e vi que tinha um frei sentado, cuidando da cripta, para que as empregadas não entrassem, mas olhei para o frei e disse: “Nesse momento não tem como não ser uma criança!” Entrei lá e me debrucei sobre a cripta, sobre o túmulo do Padre Pio, abraçando-o mesmo. Naquele momento, eu falei assim: “Padre Pio, lembra do Zezinho, salva-o agora”. Depois, eu rezei por toda a comunidade. Rezei pelo Padre Jonas, pelo Eto e pela Luzia. Foi um momento único. Tanto a Bia, minha esposa, quanto o padre Giovanni, estavam ajoelhados e eu deitado em cima da cripta, só pedindo para o Padre Pio visitar o Zezinho. Saí, depois que tinha feito todas as minhas orações. O Frei me falou assim: “Rapaz, o que você fez, somente três pessoas fizeram”. Eu fiquei com medo de levar uma bronca, por uma coisa assim e, ele disse-me o seguinte: “A primeira pessoa que fez isso, foi madre Teresa de Calcutá, a segunda foi o Papa João Paulo II e a terceira pessoa foi você”! E, ali eu fiquei emocionado, de ver que grandes pessoas fizeram o mesmo gesto, eu fui movido pelo Espírito Santo dessa forma.

E, emocionado, sem muito o que entender, sem muito o que falar, agradeci e pedi a Deus que, com aquele gesto eu fosse levado também mais à santidade. Nós chegamos em Roma, no domingo, e neste mesmo dia, ficamos sabendo que o Zezinho tinha saído da UTI. O interessante é que logo que voltei para o Brasil, fui contar-lhe tudo o que havia ocorrido. Ele disse-me que, no sábado, era como se tivessem rosas no local da UTI. Eu me lembrei de que um dos fenômenos das pessoas que receberam os milagres do Padre Pio era exatamente sentirem um cheiro de laranjeira e de rosas. Eu contei isso para o Zezinho, e, essa foi a confirmação de que, naquele momento em que eu me debrucei sobre a cripta, Padre Pio visitou o Zezinho na UTI.

E não parou aí. Logo depois, na outra semana, nós voltamos de novo para San Giovanni Rotondo, e fomos gravar com o médico que cuidou de um menino que foi curado pela intercessão de Padre Pio. Esse médico falou-nos o seguinte: “Padre Pio era um homem, humano, só que esse homem tinha um limite, e quando chegava nesse limite já não existia nem o homem nem o humano, mas somente o Espírito e a graça”. O médico se emocionava ao narrar-nos isso, porque ele era profissional, especialista em medicina de urgência, mas dizia que chegou um momento quando pesquisava sobre os milagres, dentre os quais, um no qual um menino tinha sido curado. Disse-nos que não havia mais explicações da medicina a respeito, somente a explicação divina. Neste momento houve muitas conversões de outros médicos. Neste mesmo tempo, tivemos a oportunidade de entrar no hospital e ali, fui vendo o cuidado do Padre Pio para comigo; ele, mostrando seu amor para com a minha pessoa, e, na Itália, a TV estatal –como se fosse aqui a TV Globo – é a RAI, pois quando chegamos lá para gravar no hospital, esta emissora, que tinha ido ao hospital para fazer a divulgação de Padre Pio, não havia conseguido entrar no “Centro de Reanimação”, que é a UTI deles. Então, o médico emocionado, falou-nos assim: “Não sei como você conseguiu entrar aqui, mas eu sei que foi Padre Pio que abriu as portas para você, porque a RAI veio aqui, pagou para gravar e não conseguiu entrar, mas vocês vieram aqui, não sabemos quem são vocês e estão dentro desta sala!” De modo que fui vendo essas delicadezas de Padre Pio e fui percebendo que esse santo abria as portas para que a graça de Deus entrasse nas pessoas. Com isso, tivemos a oportunidade de filmar a primeira freira que Padre Pio chamou para ser missionária. Elas são franciscanas e, a primeira missão que teve foi aqui no Brasil, em Vitória da Conquista-BA. O bonito disso tudo foi que, Padre Pio as chamou e falou-lhes assim: “Vocês vão sair em missão, só que o primeiro país que eu quero que vão é para o Brasil”.

Um fato muito curioso é que essa freira sempre ia à missa das 18h, a qual era celebrada pelo Padre Pio, e um certo dia no qual ela estava muito doente, ela rezou pelos anjos, e disse: “O Padre Pio podia vir me visitar, porque eu estou tão cansada e não vou poder ir à missa amanhã. Padre Pio, em sonho, veio e conversou com ela, perguntando pela sua saúde. Ela disse-lhe que estava cansada e, num certo momento, ela escutou o sino bater. Então, escutou o Padre Pio dizer-lhe: “Minha filha, eu tenho que ir, porque tenho de celebrar a missa. Naquele momento, ela acordou e escutou o sino da capelinha, onde Padre Pio celebrava as missas. Ela falou assim: “Eu não sonhei com Padre Pio, mas ele bilocava!” E ela acentuou isso: “Olha, meu filho, Padre Pio bilocava, ele veio me visitar. Não sonhei com ele!” Assim, eu fui percebendo a delicadeza do santo, a simplicidade dele, de maneira que essa mesma santidade que movia e comovia milhões de pessoas, me moveu a debruçar-me sobre aquela cripta, que também moveu madre Teresa de Calcutá e o Papa João Paulo II. E com a delicadeza tão grande naquele momento em que me debrucei, ele olhou para o Zezinho e tirou-o da UTI. A experiência maravilhosa que eu também aprendi é a de amar o meu anjo da guarda e a intensificar a minha intercessão através de Padre Pio. A principal coisa que eu tenho a declarar é que vale a pena conhecer os santos e vale a pena conhecer Padre Pio.