Juventude: desafios e perspectivas

O aumento considerável de políticas públicas para a juventude é motivo para mantermos acesa a chama da esperança em relação a um futuro melhor para as novas gerações. Em contrapartida, pesquisas divulgadas por órgãos e institutos nacionais e internacionais mostram que nem tudo são flores ao trazer estatísticas alarmantes sobre as condições sociais dos jovens de todo o mundo. Fragilizados por sua natural inexperiência e pela carência de recursos e programas básicos de Saúde, Educação e Cultura, eles constituem, cada vez mais, um contingente que inspira grandes preocupações.

O estudo “Tendências Globais do Emprego para a Juventude 2004”, realizado pelo Departamento de Estratégias de Emprego da Organização Internacional do Trabalho (OIT), aponta que o desemprego atinge 88 milhões de jovens. Classificados na faixa etária entre 15 e 24 anos, eles são 25% da força de trabalho mundial.

Já informações extraídas do documento intitulado “Relatório Mundial sobre a Juventude 2005: Os Jovens hoje e em 2015”, compilado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, revela que mais de 200 milhões de jovens no mundo vivem em condições miseráveis; 130 milhões são analfabetos e 10 milhões são portadores do vírus HIV. Ainda de acordo com outro relatório – “Nossa Voz, Nosso Futuro”, também da ONU e redigido pela Parceria Global de Jovens (Global Youth Partners – grupo que luta contra o HIV/Aids com o apoio das Nações Unidas) –, todos os dias cinco mil rapazes e moças são infectados pelo vírus da Aids.

Quando a análise se fixa apenas no Brasil, vemos que a situação é, infelizmente, semelhante à dos outros países. Números do IBGE (2000) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-2001) indicam que o país possui 34 milhões de jovens. Uma soma que supera toda a população da Argentina ou do Canadá. Cerca de 3,7 milhões deles estão sem trabalho, o que representa 47% do total de desempregados do Brasil. Os motivos dessa realidade dramática também são desvendados pelos números: cerca de 17 milhões de jovens brasileiros estão fora da escola; 11 milhões não concluíram o Ensino Médio e 1,2 milhão deles são analfabetos.

Nesse contexto, qual será a perspectiva dessas pessoas para este início de século 21?

Cabe a nós responder essa questão começando por nossa atuação na comunidade, na escola, na empresa, na cidade em que residimos. Podemos apresentar idéias, participar de grupos de discussão, comparecer às igrejas, sedes de entidades assistenciais e ONGs. Paralelamente, devemos exigir do Poder Público a execução de programas voltados à capacitação dos jovens, à sua formação integral. Iniciativas como essas, a princípio, podem parecer pequenas, mas se tornam grandiosas tão logo surjam seus efeitos.

A história nos mostra que a força da juventude pode transformar a humanidade para melhor. Lembremos que geralmente são os jovens que primeiro se rebelam contra regimes totalitários e injustiças de ordens variadas. Foi o que aconteceu no Brasil, durante a ditadura militar e também na França, no inesquecível ano de 1968 – tempo em que os protestos exigiam mais liberdade de expressão e de comportamento e menos anacronismo das academias e do sistema político vigente.

A juventude traz no peito a semente da mudança. É o que aprendemos por meio dos ensinamentos deixados há cerca de dois mil anos por um Jovem, de longos cabelos, que atendia pelo nome de Jesus de Nazaré. Sem jamais se intimidar diante dos obstáculos, Ele seguiu defendendo Suas idéias até a morte precoce, aos 33 anos. Séculos antes, outro rapaz franzino, Davi, contrariava as expectativas e derrotava o gigante Golias apenas munido de uma funda – e de grande coragem! Seria maravilhoso se refletíssemos um pouco mais e analisássemos essas referências com profundidade. Quem sabe, assim, poderíamos oferecer à juventude doses minimamente equilibradas de sonhos… E de realizações.