Julgamento: Peso da Falsidade

A atitude que julgar nega a verdade do outro e de nós mesmo. O julgamento é prova de que nós somos superficiais em nossos relacionamentos. Mostra o nosso desconhecimento de nós mesmos e do outro. Quando o relacionamento é verdadeiro, buscamos conhecer, compreender e ajudar nas situações que a pessoa possa estar vivendo, ou perceber que suas atitudes estão ligadas à sua história de vida. Mesmo que a pessoa não tenha total confiança, segurança de partilhar conosco as situações que possa estar vivendo, não podemos de forma alguma julgar, mas sim termos uma atitude de verdadeiros cristãos, que é rezar. Em qualquer tipo de relacionamento, seja de vida ou de alma (profundidade) [ver matéria anterior – Relacionamentos Profundos], essa atitude de julgamento deve ser banida de nossas atitudes interiores quanto às pessoas na qual convivemos ou não.

Na bíblia, vemos um exemplo disso: No texto do Gênesis, Ló tenta avisar seus genros do que iria acontecer em Sodoma e Gomorra, mas eles ‘julgaram’ que Ló estava brincando (Gn 19, 14 – CNBB). Com esse julgamento, eles perderam a oportunidade de se salvarem. Justamente aí que Deus quer nos pegar. Quando julgamos, acontece a mesma coisa conosco que aconteceu com os genros de Ló: renunciaram a vida, preferiram morrer. Quando nós julgamos alguém, nós desenvolvemos dentro de nós a morte de nós mesmos e do outro, preferimos a morte. Nem imagino o que possa ter passado na cabeça desses genros em relação a Ló, mas por terem julgado ele, negaram a salvação que eles teriam. Não somos diferentes: quando julgamos as pessoas, matamo-lo dentro de nós e a conseqüência verdadeira não é só a morte de quem se julga, mas principalmente daquele que julga.

Do julgamento pode-se gerar várias situações, principalmente a de abrir processos contra o irmão, pois vamos criando rótulos, barreiras, uma imagem errada da pessoa a quem julgamos. Daí começam as murmurações, difamações, invejas, ciúmes, perseguições, tudo aquilo que vem matar o mandamento mais sublime que deve ser o ápice de nosso processo de santificação: o AMOR!!! O Pe. Léo (SCJ) diz que o julgamento é pecado grave, pois fazemos aquilo que é papel de Deus. Só Ele tem a autoridade de julgar os corações, pois penetra nossos pensamentos (Sl 139 [138], 2b), e conhece as intenções do coração (Rom 8, 27).

Vivi uma situação que Deus me formou concretamente. Um irmão que pensava conhecer bem estava com atitudes muito estranhas e por isso comecei a julga-lo, pensando em todas as situações possíveis que o fizesse ficar assim. Chamei-o para conversar e joguei tudo o que pensava na cara dele. Ele me disse: ‘você sabe do que estou vivendo?’ – e começou a me contar o que se passava em seu coração, até chorou comigo pelas situações que estava vivendo. Fiquei com muita vergonha, frustrado e decepcionado comigo mesmo, pois quase destruí o irmão dentro de mim com meus julgamentos. Confessei-me e hoje digo que isso serviu para que eu nunca mais julgasse, mas buscasse conhecer a verdade do outro. O nosso relacionamento amadureceu cada vez mais e mais, tanto quanto a mim, convertendo meu coração para não julgar mais, tanto ele quanto à transparência.

Nós precisamos conquistar esse coração que busca a verdade do outro para que não possamos cair no erro de satanás: querer nos igualar a Deus e julgar as pessoas. Precisamos converter o nosso coração para Deus e para o outro, vivendo verdadeiramente o Evangelho do Amor. ‘Não podemos nos esquecer que seremos julgados com a mesma medida que julgamos‘ (Mt 7, 2). Direcionemos o nosso para a vontade de Deus.

Seminarista Nathanael José de Souza Júnior
Comunidade Canção Nova
E-mail: sem_nathacn@hotmail.com