Eles me convenceram!

Comecei a freqüentar a minha paróquia mais assiduamente, a querer participar melhor das Missas; eu procurava um encontro pessoal com Deus. Num desses dias, após a Missa, alguém me convidou para participar de um encontro — uma Experiência de Oração.

“É isto mesmo que estou querendo”, pensei. “Quero ter uma verdadeira experiência de oração”. O encontro aconteceria num final de semana — sexta-feira à noite, sábado e domingo —, num lugar chamado Nova Betânia, nos arredores de Brasília. Aceitei, preparei minha mochila e fui-me embora com a turma, num ônibus fretado pelo pessoal do grupo de oração.

Lá, assisti a diversas pregações: o amor de Deus; o pecado; Jesus salvador; fé e conversão; o senhorio de Jesus; a água viva (o Espírito Santo); Maria e a Igreja. Entre as pregações, momentos intensos de oração. Afinal, a proposta era essa: uma experiência de oração.

O que me tocou nas pregações, além do conteúdo, foi o entusiasmo e a convicção dos palestrantes. Eles falavam com alegria, e com uma certeza tal que dava a impressão de que eles realmente sabiam do que estavam falando. Quando falavam de Jesus, parecia que o conheciam pessoalmente; quando falavam do Espírito Santo, parecia que era o próprio Espírito Santo quem falava através deles; falavam do amor de Deus como quem se sente profundamente amado, e faziam-me sentir assim também. Parecia que eles falavam diretamente para mim!

Eles me convenceram! Depois daquele final de semana, decidi seguir a Jesus, a fim de experimentar em minha própria vida a ação de Deus, conforme aquelas pessoas haviam testemunhado de uma maneira tão viva.

Não foi um curso que me converteu, não foi a eloqüência de um argumento que me convenceu. Não… Foi o Espírito Santo quem me tocou através do testemunho daqueles irmãos.

O que há de tão forte num testemunho? Jesus disse “sereis minhas testemunhas”. Ele não enviou os apóstolos como professores, polemistas ou propagandistas, mas como testemunhas. Nós, cristãos do século XXI, também somos chamados a ser testemunhas de Cristo.

Mas… O que testemunhar? Como testemunhar? Para não nos estendermos muito, vamos ver bem resumidamente algumas características de um testemunho realmente convincente:

• CRISTOCÊNTRICO: O cerne do anúncio cristão é JESUS CRISTO, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que se encarnou, morreu e ressuscitou para a nossa salvação, foi glorificado por Deus Pai e vive para sempre!

• PESSOAL: A partir da verdade central que é Cristo, devo contar o que Ele realizou em minha vida. Um ótimo exemplo de testemunho pessoal é o Magnificat: “O Senhor fez em mim maravilhas!”. Os apóstolos foram enviados por Jesus para testemunhar, como disse São João, “o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida… o que vimos e ouvimos nós vos anunciamos” (1Jo 1,1.3).

• ALEGRE: Não damos um testemunho como quem lê um obituário num jornal. O que anunciamos é uma ótima notícia, que mudou a nossa vida e pode mudar a vida de quem nos ouve. A alegria com que falamos já é, por si só, um testemunho da transformação que Deus operou em nós. É claro que a alegria do anúncio deve ser um transbordamento de nossa alegria interior, e não uma simples técnica de retórica.

• CONVICTO: Quem daria ouvidos a alguém que nem mesmo acredita no que está dizendo? Cremos naquilo que anunciamos, anunciamos aquilo que cremos. A verdade que anunciamos não é nossa, mas foi revelada por Deus. Por isso não temos dúvida nenhuma de que aquilo que estamos dizendo é verdade e fará bem a cada pessoa que nos escuta.

• EM UNIDADE COM A IGREJA: Todos nós, cada um segundo o dom que Deus lhe concedeu, damos um mesmo testemunho: JESUS CRISTO. Foi a Igreja quem revelou Cristo a cada um de nós; é da Igreja que aprendemos as verdades da fé. Portanto, nosso testemunho deve estar em harmonia com o ensinamento do magistério da Igreja.

• NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO: Jesus ressuscitado disse aos apóstolos: “Mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo” (At 1,8). Os apóstolos, tendo experimentado a efusão do Espírito Santo no dia de Pentecostes, começaram a testemunhar com coragem e ousadia a morte e ressurreição de Cristo, motivo de salvação para toda a humanidade. É interessante que estes eram os mesmos apóstolos que antes mantinham as portas fechadas “por medo dos judeus”. O Espírito Santo não apenas nos dá coragem para testemunhar; Ele coloca as palavras em nossa boca e é Ele também quem convence e converte aqueles que escutam o nosso testemunho. No dia de Pentecostes, o mesmo Espírito Santo que falou através de Pedro tocou os seus ouvintes, para que se convertessem e aceitassem a salvação. Na realidade, ESTA É A MAIOR EXIGÊNCIA para que um testemunho seja verdadeiramente convincente.

Eu disse antes que, naquela experiência de oração, “eles me convenceram”. Foi isso que aconteceu: alguns irmãos testemunharam na força do Espírito Santo. E o Espírito Santo, que falou através deles, falou diretamente a mim, tocou direto no meu coração e levou-me a uma mudança profunda de vida.

Irmãos, vivamos na força do Espírito, para que possamos testemunhar nesse mesmo Espírito e nosso testemunho dê muitos frutos, para a glória de Deus!