Matrimônio: um chamado universal para a santidade no amor
A fé da Igreja nos permite dizer que o casamento é uma vocação, que convém preparar-se para ele e vivê-lo como um chamado para a santidade. Chamando-nos para a vida, Deus nos chama para a liberdade, para o compromisso concreto da nossa inteligência e da nossa vontade. Deus nos ajuda no discernimento que devemos fazer. Mas, em nenhum caso, Ele nos substitui na escolha que nos cabe.
Se o casamento é uma autêntica vocação, ele deve conduzir os felizes beneficiários a viver no amor e a realizar, nesta condição de vida, a vocação universal ao amor, que é próprio de todo homem. Portanto, é com esses sentimentos que convém nos prepararmos para o casamento. Para saber se amamos realmente alguém com o objetivo de nos casar, devemos observar se existe em nós o ‘desejo de fazer o outro feliz’. Estou pronto para lhe dar tudo, até a minha própria vida, realizando assim o mandamento do amor que Cristo confiou aos Seus discípulos na véspera da Sua morte?
Somos vocacionados ao amor
O casamento é a realização deste chamado universal para a santidade no amor, que caracteriza toda a vida humana. Se o casamento pode ser considerado uma autêntica vocação, é porque ele só pode ser vivido, pelos batizados, sob o olhar de Deus. Já que a liberdade consiste em realizar plenamente, na fidelidade, aquilo para que o Senhor nos chama, convém nos encontrarmos sempre com Deus para viver plenamente a graça do casamento.
Toda vocação concerne, em primeiro lugar, ao próprio interessado, mas visto que ela é um ato de Deus, inclui os outros. Nesse sentido, um lar cristão, por sua existência, é uma testemunha viva prestada ao amor de Deus. ‘Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu’. ( Mt 5,14-16).
Doar-se por amor a Deus e à Igreja através do sacerdócio
Ser padre é, primeiro, uma dádiva que Deus faz livremente à sua Igreja, sem nenhum mérito da parte deles, homens que servirão o povo de Deus pelo anúncio da boa nova. É uma dádiva que Deus faz livremente àquele que Ele está chamando: ‘Não foram vocês que me escolheram, diz o Senhor, mas fui eu que escolhi vocês’ ( Jô 15,16). Ser padre é uma graça feita à Igreja, pois o ministério do padre estrutura o corpo de Cristo, que é a Igreja. Ser padre é também uma responsabilidade para aquele que, dia após dia, deve guiar e santificar seus irmãos, levando-os pelo caminho da santidade.
Ser padre, enfim, é uma alegria profunda para aquele que, com seus irmãos padres, torna-se o colaborador do bispo no anúncio da boa nova da salvação e o dom da vida através dos sacramentos, o da Eucaristia em particular. O sacerdócio é um dos sinais do amor e fidelidade de Deus. Ele escolhe homens para colocá-los a serviço do povo numa dádiva definitiva da sua existência a Cristo, cabeça da Igreja. Este chamado de Deus pode se manifestar muito cedo. É preciso acolher com muito respeito o que a criança pode viver, sem substituir a vontade de Deus colocando-se depressa no lugar d’Ele.
Quando o chamado se faz mais preciso, na adolescência, surgem muitas perguntas, e o jovem precisa então encontrar, no seu caminho, testemunhas confiáveis. A direção espiritual é mais do que nunca benéfica e deve ocorrer num clima de liberdade, em contato com os pais, quando isso for possível, pois a direção espiritual acompanha o crescimento humano e intelectual do jovem.
Vocação não é fuga, mas chamado de Deus
São muito importantes os estudos. Uma coisa é certa: não entramos para o seminário porque fracassamos em outras atividades. Não entramos para o seminário porque não nos interessamos pelos outros estudos, mas somos, segundo pretendemos, atraídos unicamente pelos estudos religiosos, pois ser capaz de mais tarde dar nossa vida para o serviço da Igreja supõe que somos capazes, no momento presente, de dar o melhor de nós mesmos. A vocação sacerdotal é um chamado de Deus que se exprime subjetivamente pela alegria e pelo desejo de responder generosamente a este chamado.
As vocações chamadas ‘tardias’ são cada vez mais frequentes hoje em dia. Elas demonstram as dificuldades que os jovens encontram para fazer o discernimento da sua vocação antes de entrar para a vida ativa. O chamado de Deus pode assim ser ouvido em todas as idades, e é normal que todo cristão se questione sobre ele num momento ou noutro da sua vida.
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Nada é mais precioso que o testemunho dado pelos próprios padres sobre a beleza de sua vocação e a alegria que proporciona o serviço do povo de Deus e o anúncio da boa nova. Um padre feliz no seu ministério faz, sem ele mesmo o saber, muito bem, pois é certo que a identificação possível com um padre é para um jovem critério importante no desenvolvimento da sua própria vocação.
A vida religiosa e a consagração total a Deus
Entre as numerosas vocações que o Senhor suscita na sua Igreja, há uma que fascina e desconcerta ao mesmo tempo: é a vida religiosa. Ela fascina porque exprime com firmeza que Deus pode satisfazer uma vida a ponto de podermos abandonar tudo para nos ligarmos somente a ele.
O que caracteriza de fato o chamado para a vida religiosa é esta consagração total de todo o ser a Deus, através da imitação de Cristo na profissão dos conselhos evangélicos: a pobreza, a castidade e a obediência. A vida religiosa é o cumprimento pleno da graça recebida no batismo e na confirmação que um homem ou uma mulher pode entregar totalmente sua vida a Deus vivendo como Cristo, pobre, casto e obediente.
Discernimento vocacional exige orientação espiritual
As formas de vida religiosa são múltiplas adaptadas aos diferentes chamados que Deus suscita: vida contemplativa, vida ativa a serviço do apostolado, vida consagrada ao serviço dos mais pobres, mais necessitados. Portanto, é essencial que o jovem ou a jovem tenham, conhecimento da existência de tais instituições. Os pais possam encarar serenamente uma vocação religiosa entre os seus próprios filhos. Reza-se muito pelas vocações, desde que elas não sejam da sua própria família.
O acompanhamento espiritual é aqui mais que necessário. Somente depois de uma orientação espiritual e de um discernimento, é possível visar a uma experiência mais concreta numa comunidade particular. O discernimento espiritual permite ganhar tempo e evitar desilusões.
A vida consagrada no mundo
Sempre mais numerosos são os cristãos que consagram suas vidas ao serviço da Igreja sem ter, por isso, adotado a vida religiosa. Esta dádiva de Deus constitui uma das riquezas da vida da Igreja após o Concílio Vaticano II. Os batizados são como o fermento no meio da massa, eles são do mundo sem serem do mundo. ( cf. Jô 17,14-19). Lembra assim, que todo batizado é chamado de uma maneira ou outra para prestar testemunho de Deus por toda a sua vida.
FONTE: Como discernir sua vocação
Pe. Hervé Soubias – Ed. Paulinas.
http://www.catolica.com.br