Despojado para Deus.

Adolescente problemático.Eu não tinha vontade de ir à missa, meus pais faziam o possível para que eu me interessa-se por Deus. Ia para a missa por causa dos meus pais.

Adorava sair com os amigos (Falsos amigos) para beber até ficar embriagado. Usava roupas escuras e largas, andava sempre achando que as pessoas estavam reparando o meu jeito de ser e agir, usava brinco e um cabelo cumprido ao ombro.

O meu sonho era sair de casa, pois ninguém me entendia, queria liberdade. Tinha raiva de casa, da vida, estava aloprado…

Sem dinheiro e filho de operário, queria ter um carro da hora, a roupa da moda, ouvia a música do momento, mas com uma tristeza bem no fundo do coração. Algo me faltava, eu achava que era dinheiro, amigos e família.

Fiquei três anos tentando entrar na faculdade estadual, não consegui. Prestei em uma faculdade particular. Entrei em acordo com o meu pai, que se eu entrasse tentaria uma bolsa de estudo, pois não tínhamos como pagar.

Passei na faculdade de Engenharia de Telecomunicações em Santa Rita do Sapucaí.

Conseguimos a bolsa, mas era de 50%, meus pais passaram apertado em casa, devido a faculdade ser muito cara.

Morava em uma república com até 8 pessoas numa casa de três cômodos.

Havia muita briga e desunião no grupo, morava com um dependente de droga.

Não tinha mais meus pais. Aprendi a me virar, a fazer a minha cama, lavar o banheiro, arrumar a casa, pagar a conta, lavar a roupa, fazer comida. Mudava de república de 6 em 6 meses para pagar o menor aluguel possível.

Na primeira semana chorava com muita saudade de casa, havia em mim um sentimento de culpa, como fui injusto com meus pais, pois eles realmente me amavam e eu nunca soube realmente dar valor ao que tinha.

Havia muito trote na faculdade, uma vez me escondi debaixo de um carro para fugir de veteranos, eles eram muito ignorantes.

Eu não tinha como pagar a janta. Passava muita fome e apertado.

Como na faculdade havia 1000 alunos e o ano tem 365 dias, então fiz 365 amigos e jantava de favor na casa de cada um. Não foi fácil, pois o ser humano é muito difícil de se lidar e agradar. Conquistava-os com alegria e simpatia, pois não basta ser feliz, é fazer o próximo feliz e compartilhar desta felicidade.

Mesmo com tantas dificuldades, eu me propunha a esquecê-las para estar sempre conquistando novos amigos. Isto foi a minha sobrevivência.

Estudava a mais para tirar boas notas para que os colegas pedissem para estudar junto e eu aproveitava para jantar.

Muitas vezes perdia o almoço, pois passava da hora de comer, e eu precisava ficar para estudar.

Nem sempre tinha colegas por perto, eu paquerava a menina da padaria para ganhar pão e leite.

O leite vencia na Quinta-feira e na Sexta era jogado na rua.

Ia com 20 centavos comprar pão e leite, infelizmente era o que sobrava na semana. Ela me dava muitas vezes leite vencido com pão amanhecido ou embolorado.

A vizinha gostava de mim, e o pai dela tinha várias cabras, e eu pedia a ela carinhosamente para me dar alguns litros de leite de cabra.

Nem sempre dava para se virar. Ficamos várias vezes sem pagar a conta de água, luz e gás, uns 3 meses sem luz, tomando banho frio no inverno.

A fome começava com uma queimação no estômago, que hora passava e depois voltava. Vinha fortes pontadas que não me deixavam dormir, fazendo com que eu ficasse com sono e não estudasse direito.

Quando a necessidade apertou, era tamanha a fome que comia arroz cru para me sustentar, levei uns três dias para fazer a digestão.

Quando não tinha arroz, comia farinha crua e sentia sede, bebia um litro de água e sentia fome, fiquei uma semana sem ir ao banheiro, sentia dores fortes e muita vontade de ir ao banheiro estava entupido, tomava laxante e passava a semana inteira no banheiro.

Participava apenas da missa. No terceiro semestre na faculdade perdi a minha bolsa de estudo, meu pai chorou. Estava muito sentido e num Domingo sai pelas ruas conversando com Deus a respeito de tudo o que tinha acontecido, porquê ele me abandonou se eu nunca tinha feito nada de errado, o questionava e pedia uma resposta.

Senhor sou teu filho amado. Porquê não me respondes?? Enquanto isso eu escutava uma música que vinha de longe, não sabia o que era, aquilo me incomodava, até que eu fui atrás dela.

Era um retiro para catequisandos, passei o dia todo com eles, durante o retiro vi uma fila que se formava no corredor, achava que estavam distribuindo comida. Entrei na fila e ao chegar a minha vez dei de cara com um padre. Era uma fila para se confessar.

Conversei com o padre a respeito e percebi que Deus me queria como catequista. Fui catequista durante dois anos ajudando na comunidade.

Um colega me convidava para participar do grupo da renovação carismática, me convidou durante um ano. Eu sempre dizia que ia, mas nada de ir realmente. Deus me queria lá, para poder me resgatar e fazer o PHN.

Conheci uma bela moça, eu estava encantado com ela, mas só podia encontrá-la no grupo de oração. Eu acabei entrando e ficando, ela acabou saindo. Participava do núcleo e ajudava na animação, aprendi tocar pandeiro no grupo.

Fazia parte dos vicentinos, fazia visitas aos enfermos e ajudava na arrecadação de alimentos para as pessoas carentes.

O engraçado que quando eu tinha tempo para estudar ia mal, depois que Deus me chamou para os seus serviços, não tinha tempo para mais nada, mas as minhas notas melhoraram bem mais.

Deus vem nos mostrando vários sinais de seu amor por nós, basta sermos fiéis e dóceis ao seu chamado que ele responde. Tudo que pedia a Deus até mesmo um carro ou um computador ele me deu.

Deus sempre nos dá a graça, basta pedirmos com fé. A graça passa se não pegarmos com as duas mãos, ela pode demorar para passar novamente e não passar mais. Se pedes e não recebes é por que pedes mal.

Com a graça de Deus terminei a faculdade com todos os tipos de tribulações e dificuldades, mesmo assim disse meu sim a Deus. Senhor estou aqui faça de mim segundo a tua vontade.

O Humilde servo do senhor: