Assunção De Nossa Senhora

      Todas as gerações vos chamarão bem-aventurada porque grandes coisas fez em vós o Onipotente (Lc 1,48-49)

‘Um grande prodígio apareceu no céu: uma mulher vestida de sol, com a lua sob os pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça’ (Entrada da Missa). Assim saúda a Liturgia Nossa Senhora assunta ao céu aplicando-lhe estas palavras do Apocalipse (12,1) que hoje lemos também na primeira leitura. Na visão profética de João, aparece esta mulher extraordinária à espera de um filho, e luta com o ‘dragão’, o eterno inimigo de Deus e dos homens. Este quadro de luz e de sombras, de glória e de guerra faz pensar na realização da promessa messiânica contida na palavra de Deus à ardilosa serpente: ‘Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela; esta te esmagará a cabeça’ (Gn 3,15). Tudo isto se realizou por meio de Maria, a Mãe do Salvador, contra quem se atirou Satanás e por quem foi definitivamente vencido. Cristo, filho de Maria, é o vencedor. Entretanto, para que a humanidade possa gozar plenamente da vitória dele, é necessário que, como Cristo, sustente a luta. Neste duro combate o homem é sustentado pela fé em Cristo e pelo poder da graça. Sustenta-o também a materna proteção de Maria que, na glória do céu, não cessa de interceder pelos que lutam sob a bandeira de seu divino Filho. Venceram estes em virtude do Sangue do Cordeiro (Ap 12,11), O Sangue doado pela Virgem Maria.
Maria deu ao mundo o Salvador. Por meio dela, portanto, ‘veio a salvação, a força e o reino de nosso Deus e o poder de seu Cristo’ (ibidem, 10). Assim aconteceu porque tal foi ‘a vontade daquele que estabeleceu que tudo nos viesse por meio de Maria’ (S. Bernardo, De Aquaed. 7). Enquanto a visão apocalíptica mostra o Filho da Mulher ‘arrebatado para Deus e para seu trono’ -alusão à ascensão de Cristo ao céu – apresenta a Mulher em fuga para o ‘lugar preparado por Deus’ (Ap 12, 5-6), figura da assunção de Maria à glória do Eterno. E Maria a primeira a participar plenamente da sorte de seu divino Filho. Ligada a Ele como Mãe e ‘companheira generosa’ que ‘cooperou de modo singularíssimo’ com a obra do Salvador.(LG 61), participa de sua glória, assunta ao céu em corpo e alma. A 2ª leitura (1Cor 15, 20-26) completa o conceito expresso na primeira. Falando S. Paulo de Cristo, primícias dos ressuscitados, conclui que um dia terão todos os fiéis parte em sua glorificação. Todavia com uma gradação: ‘Primeiro Cristo, como primícias. Depois… os que foram de Cristo’ (ibidem, 23).Entre ‘os que foram de cristo’ cabe o primeiro lugar, sem dúvida alguma, a Nossa Senhora que foi sempre dele porque jamais manchada pelo pecado. Maria é a única criatura em quem nunca foi ofuscada a imagem de Deus. E ela a ‘Imaculada Conceição’, a obra intacta da Trindade. Nela puseram sempre suas complacências o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Dela receberam sempre total resposta de amor.

No Evangelho do dia (Lc 1, 39-59) , ecoa a resposta de Maria ao amor de Deus: quer nas palavras de Isabel a exaltar a grande fé com que aderiu sem hesitação ao querer divino, quer também nas palavras da Virgem, que prorrompe no cântico de louvor ao Altíssimo pelas grandes coisas nela realizadas. Maria não tem um olhar sobre si, a não ser para realçar sua pequenez. Eleva-se imediatamente a Deus para engrandecer-lhe a bondade e a misericórdia, a obra e o poder em favor dos pequenos, dos humildes, dos pobres. Entre estes se inclui Nossa Senhora, com extrema simplicidade. Sua resposta ao imenso amor de Deus, que a escolheu entre todas as mulheres para Mãe do divino Filho, é a mesma que deu ao Anjo: ‘Eis aqui a escrava do Senhor’ (ibidem, 38). Para Maria, ser escrava significa estar totalmente aberta, disponível para Deus. E Deus, após associá-la à Paixão do Filho, a exaltará um dia! Realizará nela as palavras de seu Cântico: ‘Derruba os poderosos do trono e eleva os humildes’ (ibidem, 52). Eis a humilde escrava do Senhor recebida ‘na glória em corpo e alma… para que mais plenamente se conformasse com o Filho. Senhor dos senhores’ (LG 59).
Em Nossa Senhora da Assunção, toda a cristandade tem poderosa advogada e magnífico modelo. Dela aprende cada um a reconhecer humildemente a própria pequenez, a oferecer-se a Deus com plena disponibilidade aos seus divinos quereres, a crer com firmíssima fé em seu amor misericordioso e onipotente.

      “Ó AMOR DE Maria, ó incêndio de amor da Virgem, sois ardentíssimo, vastíssimo… Não vos pode conter um corpo mortal… Excessivamente vivo é vosso ardor e não se pode ocultar sob esta pobre cinza! Ide brilhai na eternidade, ide, ardei inflamai-vos diante do trono de Deus… Consumi-vos, multiplicai-vos no seio deste Deus, o único capaz de vos conter.”

Eduardo Rocha Quintella
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