Anjos no "sótão" e no "porão"

– O quê é “sótão” vovô?
Para responder à pergunta de nosso neto, na idade dos “porquês”, achei melhor dizer que sótão era “o oposto de porão”.
– O quê é “oposto”?… E o quê é porão, vô?
Este foi o preço do meu descuido quanto à didática na conversa com as crianças…

A propósito desses dois termos, pouca gente deve se lembrar de uma curiosa frase a respeito das pessoas com idéias estranhas e fantásticas na cabeça, a qual dizia: “Fulano tem macaquinhos no sótão”. Ter “ratos no porão”, por sua vez, é outra expressão em desuso.
Mas hoje muita gente cultiva “macaquinhos no sótão” e também “ratos no porão”, abjetos “locatários” da mente e do coração a estimularem os prazeres, o homossexualismo como direito e opção, pregam o fim do matrimônio e da religião, promovem o conceito da manipulação de embriões humanos para a produção de células tronco, a legalização da prática do aborto e outras barbaridades e crueldades afins. Nesses espaços onde prolifera tudo o que é desonesto, sórdido, torpe e imoral as virtudes não conseguem sobreviver.
Com tristeza constatamos que isto venha crescendo e assim vemos na sociedade mais “macaquinhos” à solta do que sótãos e mais “ratos” do que porões…

Este, entretanto, é o momento de mudar as coisas com a ajuda dos anjos do Senhor e de levar nossos irmãos a expulsarem esses indesejáveis “inquilinos” e fazer uma rigorosa faxina nesses lugares obscuros, repletos de teias, sujos e entulhados de coisas de alto risco. (…)
Para que o Senhor possa habitar a nossa morada, Ele envia os seus mensageiros para nos auxiliar e assim preparar o “templo”, cada ser humano, onde vai habitar o seu Espírito Santo, pois os anjos estão a serviço do Senhor e o seu ministério é assistir os homens a alcançar a Salvação (cf. Hb 1,14).

Em nossa missão de assistir e ajudar na conversão nossos irmãos jogados pelo mundo, através de uma efetiva Evangelização, e levá-los a realizar o despejo desses perniciosos inquilinos precisamos contar com a ajuda dos Anjos de Deus.
É triste constatar que muitos católicos racionalizados não mais acreditam na realidade da existência dos Anjos. Alguns chegam a falar em “evolução do Dogma” revogando a sua existência, como se os Dogmas fossem mutáveis (se assim fossem não seriam dogmas). Desconhecem a verdadeira doutrina ou pensam conhecê-la e julgam que veneramos um elemento religioso anacrônico, simbólico, uma fantasia, etc., e que ao falar dos anjos apontamos para as tradicionais imagens angelicais de crianças fofinhas com cabelos encaracolados e asas desproporcionais. As coisas se complicam quando esses irmãos, que “ouviram o galo cantar, mas não sabem onde”, se referem aos anjos com irreverência e/ou com pretensos “estudos” parapsicológicos, mediúnicos ou da literatura cabalística em moda (desculpem, mas isto é lamentável e real).

Mas eu acredito nos anjos de Deus… Para valer!
Nas Escrituras, Abraão recebeu a visita de três anjos e não os reconheceu; dois anjos apareceram a Lot e o salvaram junto com suas filhas; o Livro de Tobias narra de modo intenso e extenso a presença e a ajuda do Arcanjo Rafael ao jovem Tobias; o Evangelho nos diz que Jesus, no momento de sua prisão, fala aos discípulos se referindo a “legiões de anjos” (Mt 26,53). Portanto, não há como duvidar da existência desses mensageiros celestiais.

Quem são os anjos afinal? Os anjos, segundo São Tomás de Aquino em sua Summa Theologica (I, 108.3), são puros espíritos inteligentes e livres, criados por Deus e capazes de conhecer a sua beleza e glória; a existência dos anjos é dogma, isto é, verdade da fé, da Igreja, conforme o IV Concílio Lateranense (1215) e o Concílio Vaticano I (1869).

Os anjos…
… são os guardiões celestiais, mensageiros divinos (Ex 23,20-21;Dn 10,13.22;Tb 12,15/Mt 1,21;2,13);
… servem a Jesus (Mt 4,11; 26.53). Os anjos foram criados por Deus (Sl 147/148,2-5);
… são imortais (Lc 20,36) e inumeráveis (Hb 12,22); invisíveis (Nm 22,22-31) e assexuados (Mt 22,30);
… servem e fazem a vontade de Deus (Sl 102,20; Mt 4,11);
… nos guiam (Gn 24,4ss), nos protegem (Sl 33,8;90,11) e nos confortam (At 27,23-24);
…no céu se rejubilam pela conversão dos pecadores penitentes (Lc 15,10)
… são anjos bons (Gn 28,12) mas existem os anjos maus (2 Pd 2,4; Jd 6), rebeldes, decaídos, sob o comando de satanás, (Is 14,12-16; Ez 28,12-15).
… que têm nomes citados na Bíblia, os únicos, são Gabriel (Dn 8,16; 9,21;Lc 1,26), Miguel (Dn 10,13.21) e Rafael (Tb 12,15), também mencionados como Arcanjos.
… no Fim dos Tempos, acompanharão Jesus em sua Volta, farão parte do Juízo final e farão soar os clarins (cf. Mt 13,39; 16,27; 24,31; 1 Ts 4,16; 2 Ts 1,7).

Santo Ambrósio dizia “Tudo está repleto de anjos: o ar, a aterra, o mar e as igrejas sujeitas à sua vigilância” e S. Jerônimo afirmava: “Grande é a dignidade das almas, pois que cada uma tem por guarda um espírito celeste” e a Igreja venera S. Miguel Arcanjo como seu Protetor, Defensor e Tutelar.

Logo, se a Palavra de Deus e a Mãe Igreja ensinam tudo isto, eu continuo firme, acreditando nos Anjos.
E os ensinamentos não param por aqui (e aqui não podemos nos estender e citar tantos outros).
(…)

O estudo sobre os anjos chama-se Angelologia (do grego angelos, emissário). O famoso teólogo dominicano, São Tomás de Aquino (1225-1274), Doutor da Igreja, destacou-se como angelólogo, estudioso dos anjos, e tornou-se conhecido como “doutor angelical”.

E àqueles que porventura ainda tenham dúvida, tem mais: a Igreja, em sua Liturgia, celebra solenemente os Anjos de guarda no e os Arcanjos (do grego archi+angelos, acima dos anjos). A Igreja venera os arcanjos S. Miguel, S. Rafael e S. Gabriel (cf. Dn 10,13.22; Tb 12,15; Lc 1,26; Ap 12,7) e os celebram no dia 29 de setembro enquanto os Anjos de guarda são celebrados no dia 2 de outubro, desde que estas datas não incidam num Domingo.

Assim, firme, eu repito: Eu acredito nos anjos de Deus… Para valer!

(…)
Você, a exemplo dos santos, igualmente pode ser declarado como alguém cheio de anjos no sótão e no porão, bem próximo e em convivência com a Virgem Maria e as Três Pessoas da Trindade Santa, o Pai, do Filho e do Espírito Santo. Para isto basta abrir o seu coração ao recado enviado pelos céus através desses sublimes mensageiros.

E não se esqueça de colocar no seu cotidiano a singela, perene e poderosa oração:

Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me reja, me governe e me ilumine. Amém!