1. A relação entre amor e sexualidade constitui uma evidência afirmada, ao longo de séculos, pelas culturas, o que significa aceitar que a sexualidade humana só encontra expressão com sentido na experiência do amor e que é um dinamismo de amor. Esta é a perspectiva base da visão cristã do homem e da mulher.
No entanto, mais recentemente, uma visão estritamente funcional dos dinamismos humanos, põe em causa essa equação, afirmando, como válida, uma expressão da sexualidade desligada do amor. Uma olhadela ao primeiro dia do site posto à disposição dos jovens pela Secretaria de Estado da Juventude sobre sexualidade, é disso elucidativo. Afirma um jornal diário: parecia haver uma unanimidade em torno da ligação entre sexo e amor: o amor não é preciso, mas se as duas pessoas gostarem uma da outra, o sexo tem outro sabor. Uma outra resposta dizia que basta ter confiança, e que haja amor de preferência.
É neste contexto que se situa a nossa Catequese. A Igreja é continuamente interpelada para aceitar abordagens funcionais da sexualidade, mas ela não pode reger-se, nesta matéria, por visões culturais ou sociológicas. A sua antropologia, isto é, a sua doutrina acerca do homem, concebido este como homem e mulher, fundamenta-se na revelação, isto é, na verdade criacional do homem como projeto de Deus e nos é transmitida pela Sagrada Escritura e pela Tradição. E esta visão revelada do homem conduz-nos a uma afirmação central no que ao sentido da sexualidade diz respeito: a sexualidade humana exprime-se na natureza bissexuada do ser humano, isto é, na complementaridade do homem e da mulher e encontra o seu sentido numa relação de amor.
Em termos cristãos esta união do homem e da mulher, no amor, tende para ser uma expressão da caridade, isto é, do amor que encontra a sua força, não apenas na natureza, mas na graça de Deus.