A vocação de Maria, nossa vocação

Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher
(cf. Gl 4, 4). E esta mulher, eleita e predestinada desde toda eternidade para ser a Mãe do Salvador, havia consagrado a Deus sua virgindade, renunciando a honra de ser contada na sua descendência direta ao Messias. Maria aparece como a Mãe virginal do Messias, que dará todo seu amor a Jesus, com um coração indiviso, como protótipo da entrega que o Senhor pedirá a muitos.

Em função de sua Maternidade, foi rodeada de todas as graças e privilégios, fazendo-a digna morada do Altíssimo. Deus escolheu a sua Mãe e pôs n’Ela todo seu Amor e seu Poder. Não permitiu que o pecado a tocasse: nem o original, nem o pessoal. Foi concebida Imaculada, sem mancha alguma. Sua dignidade é quase infinita. Como em toda pessoa, a vocação foi o momento central de sua vida: Ela nasceu para ser Mãe de Deus, escolhida pela Trindade Beatíssima desde a eternidade. Não esqueçamos também que Ela é Nossa Mãe.

A vocação é também em cada um de nós o ponto central de nossa vida. O eixo sobre o que se organiza todas as outras coisas. Tudo ou quase tudo depende de conhecer, cumprir aquilo que Deus nos pede. Porém, apesar de que a vocação é a chave que abre as portas da felicidade verdadeira, há quem não quer conhecê-la; preferem fazer sua vontade ao invés da Vontade de Deus, sem buscar o caminho pelo qual alcançarão o Céu com segurança, e permitirão que muitos sejam felizes. O Senhor faz chamados particulares; também hoje. Necessita de nós, porque a messe é grande, mas poucos os operários (cf. Mt 9, 37). Há messes que se perdem porque não há quem os recorra. “Faça-se em mim segundo a tua palavra”, disse a Virgem. E a contemplamos radiante de alegria. Hoje podemos perguntar-nos: “Senhor, queres algo mais de mim?”.

Um dos mistérios do Advento é o que contemplamos no Segundo Mistério Gozoso do Santo Terço: A Visitação. Um aspecto concreto do serviço aos demais, que leva consigo a vocação, é a ordem da caridade. Amor a todos porque todos são nossos irmãos. Mas amor, primeiramente, aos que estão perto, nossa família. Esta ordem há de se manifestar em gestos e em obras. Queremos viver esses dias de Advento com o mesmo espírito de serviço com que Maria os viveu. Apoiados na humilde entrega de Maria, vamos pedi-la que Seu Filho nos encontre com o coração disposto, dócil a seus mandamentos, a seus conselhos e sugestões.