A maturidade ideal

Todos nós precisamos de cura. Para sermos curados em nossa sexualidade e em nossa afetividade, precisamos nos abrir ao amor de Deus. Comecei a trilhar esse caminho por meio de um grande amigo, que nunca conheci pessoalmente: João Mohana; sacerdote, médico e psicólogo, um santo de Deus! Ao ficar viúva com vinte e três anos, deram-me de presente, um de seus livros: ”Sofrer e amar”, que me ajudou a dar os primeiros passos no conhecimento do meu grau de maturidade afetiva. Foi com ele que percebi a necessidade de crescer nessa maturidade, a ponto de equipará-la à minha idade cronológica.

João Mohana explica: “Hoje, se sabe que todo indivíduo, homem e mulher, possui uma idade afetiva e uma idade cronológica, e que ambas podem coincidir ou não. Quando a idade afetiva é inferior à idade cronológica, estamos diante de um caso de imaturidade afetiva. Quando iguala ou supera, estamos diante de um caso de maturidade”.

Algumas pessoas que parecem adultas por fora têm o coração imaturo. Não é sadia a imaturidade psicológica no adulto. É um fenômeno anormal. Normal é que o psiquismo vá se desenvolvendo passo a passo com o corpo, amadurecendo a proporção que o corpo amadurece.

Jesus Cristo deixou um programa para a nossa afetividade. O programa está expresso no novo mandamento. “Dou-vos um novo mandamento. Que vos ameis como eu vos tenho amado” (Jo 15,12).

“Amai-vos” no estilo Dele, ou seja, no estilo maduro para o coração humano. Esse programa supõe que nossa afetividade alcance a maturidade.

Para nós cristãos, a maturidade humana não é tudo, nela está incluída a santidade. Além da maturidade humana, somos chamados por Jesus a ser uma “nova criatura”, a fazer com que o Filho de Deus venha à tona em nós. É um processo que leva tempo, pois consiste em pegar a pessoa machucada, sofrida, marcada, amarrada, bloqueada e trazê-la para fora, como Jesus fez com o Lázaro: “Lázaro, vem para fora!” (cf Jo 11,43) É preciso que a criatura nova em nós venha para fora. É preciso deixar a cura e a libertação acontecer.

Todos nós sabemos que a maneira como nos comportamos e nos expressamos na nossa afetividade está intimamente ligada à nossa infância. Especialmente o relacionamento com nosso pai, nossa mãe, nossos irmãos que foram modelo para nós. Gandhi dizia que “a gente imita o que admira”, afirmando que o ser humano aprende por imitação.

Numa família pode haver segurança econômica, financeira, boa moradia, mas se não há a segurança afetiva entre os pais, expressões de afetos, o resultado será, na maioria das vezes, um adulto reprimido nos seus sentimentos de afetos, emoções de carinho, de ternura. Se ficar doente, terá tudo, menos afeto.

É por isso que para o cristão é tão importante o sobrenatural integrado ao natural, à sua maturidade afetiva. Esse é o trabalho da graça de Deus em nós e, todos nós devemos colaborar. Pelo Espírito Santo que nos santifica vamos rumo a nossa maturidade humana e cristã.

Luzia Santiago
Do livro: “A cura da nossa afetividade e sexualidade”