A juventude é a esperança da Igreja do mundo

Logo após o grande encontro do Papa com os dois milhões de jovens que acorreram à cidade de Roma, no Ano Santo celebrativo dos 2000 anos do nascimento de Cristo, o Pontifício Conselho para os Leigos e a Conferência Episcopal Canadense iniciaram a preparação da próxima 17ª Jornada Mundial da Juventude. João Paulo II que instituiu essas históricas Jornadas e até agora presidiu a todas, escolheu a cidade de Toronto como sua sede.

Mais alguns dias estarão peregrinando para a grande cidade canadense milhares e milhares de jovens de todo mundo. Do Brasil ao que nos consta irão mais de mil jovens somente das Comunidades Neocatecumenais. Entre eles uns 150 de várias cidades de nossa Diocese e o seu Pastor. Vem sendo sempre maior e notável a presença dos jovens dos cinco Continentes onde se realizam as Jornadas: Roma e Buenos Aires, Santiago de Compostela e Denver, Paris, Manila e outras. Nesta próxima Jornada que se inicia em 23 deste mês são aguardados cerca de um milhão e meio de jovens.

As Jornadas são uma das provas do grande apreço que o Papa sempre teve e continua tendo para com a juventude de hoje. Desde o início de seu Pontificado, em 1978, vem repetindo que “a juventude é a esperança da Igreja e o futuro do mundo”. É, também, o que pensamos todos os Pastores da Igreja,em especial os da América Latina, reunidos em nossa 3ª Conferência Geral celebrada na cidade mexicana de Puebla, em 1979. Nessa grande Assembléia fizemos uma clara opção preferencial não só pelos mais pobres mas, também, pelos incontáveis jovens latino-americanos.

A primeira dessas Jornadas sempre marcadas pela alegria e o entusiasmo próprios dos adolescentes e jovens foi realizada em Roma, na imensa Praça de São Pedro, vai para 20 anos. O Sucessor de Pedro iniciou então um diálogo com a juventude que continua nos dias de hoje apesar dos seus avançados 82 anos de vida e as naturais limitações da idade. Toda Jornada inspira-se em um tema bíblico. A próxima deste mês de julho será “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo!” (Mt 5, 13-14).

Pouco a pouco as Jornadas foram reunindo um número sempre maior de jovens católicos. A maior delas realizada em Manila, capital das Filipinas, maior e mais fervorosa nação católica da Ásia, reuniu nada menos que três milhões de jovens vindos até da impenetrável China comunista. Nenhum político, nenhum Papa, ninguém até hoje teve diante de si multidões tão grandes!

De uns anos para cá uma rústica cruz abençoada pelo Papa no Domingo de Ramos deixa a Praça de São Pedro. Levada nos ombros dos jovens segue para o país escolhido para a próxima Jornada, percorrendo e evangelizando multidões das suas maiores cidades. Os jovens acabam compreendendo ser impossível viver a própria fé e colocar-se no seguimento dos passos de Jesus Cristo sem a cruz, sem uma luta sem tréguas contra os próprios instintos, sem a renúncia aos valores do mundo: o poder, a riqueza e o prazer.

As Jornadas sempre deram uma nova vida às cidades em que se realizaram reafervorando as nações que as acolheram. Durante uma semana milhares e milhares de jovens refletem e debatem sobre o tema de cada Jornada, confraternizam e dramatizam, confessam-se, cantam e passam a assumir mais conscientemente os próprios compromissos com o Cristo, o Evangelho, a Igreja e os seus irmãos jovens à espera de evangelização.

Os mais altos momentos das Jornadas Mundiais são os encontros pessoais com o Vigário de Cristo. Ele lhes celebra a Eucaristia, dirige-lhes a sua palavra e dialoga respondendo às indagações de ordem teológica, ética, política e social que fazem. O Papa acaba apontando caminhos e soluções para a juventude de todo o mundo.

Impressiona mesmo aos descrentes a fácil comunicação e a grande empatia entre os jovens e o Papa. Parece inexplicável de um ponto de vista meramente natural que um ancião alquebrado possa reunir, ser ouvido e entusiasmar a tantos jovens. Estou convencido de que para além de uma visão de fé que faz ver em João Paulo II a presença do Apóstolo Pedro e do próprio Cristo, estão a atualidade e a beleza de sua mensagem. Ele proclama o que todos – jovens e adultos –, sabem ser o caminho e a resposta para os desafiadores problemas dos nossos tempos: o Evangelho. É a eterna mensagem daquele que se apresentou como Filho de Deus e Mestre. Pena que a palavra e os valores proclamados pelo Papa freqüentemente não se transformem em projeto de uma nova vida e uma nova sociedade.

Dom Amaury Castanho
Bispo Diocesano de Jundiaí/ SP