A Igreja missionária e as tecnologias

A Igreja, onde estiver, é chamada a viver seu compromisso missionário de ensinar a arte de viver, apresentar as respostas que nos direciona à vida e à felicidade através do seu testemunho vivido no caminho que é Jesus! Ele, que ensinou a seus discípulos a viverem a prática do amor, pede para todos os homens repetir seus atos. Evangelizar significa mostrar este caminho.

Falar de amor e felicidade – para um mundo cercado de diferenças sociais gigantescas, no qual as maiores riquezas se concentram em poucos países –, pode parecer impossível.

Como cultivar a pequena e frágil semente do amor, que poderá suprir o desejo do coração do homem, em terras áridas e ressequidas pelo egoísmo? Tornar o terreno fértil para o cultivo dessa semente, talvez, seja o primeiro passo para saciar o mundo com o mesmo “fruto” que saciou as necessidades da mulher adúltera (cf. Jo 8, 1-11), do cego Bartimeu (cf. Mc 10, 64-52), dos leprosos (cf. Lc 17, 11-19), ou da mulher que se alimentava das mesmas migalhas que eram lançadas aos cães (cf. Mc 7, 24-30)…

A ciência tecnológica muito tem realizado no sentido de garantir a sustentabilidade no mundo, facilitando a vida do homem moderno. Modificações genéticas transformam sementes, deixando-as mais resistentes às pragas naturais, entre outras. No entanto, o “fruto” de que o mundo mais carece não se obterá simplesmente por meio de experiências transgênicas realizadas em laboratórios.

As facilidades tecnológicas estão também a serviço da evangelização. Falar de Jesus, na atualidade, implica alcançar aqueles que precisam conhecê-Lo por intermédio dos mesmos meios dos quais estes se servem.

Longe de apresentar uma evangelização “encapsulada” em refinada tecnologia, a Igreja busca atrair aqueles que por inúmeras razões se distanciaram de seu seio maternal. Conseqüentemente, este afastamento os conduz ao esvaziamento do conhecimento da verdade revelada por Jesus Cristo.

O anúncio do Evangelho aconteceu entre apenas doze homens que, pouco a pouco, espalharam para outras comunidades os efeitos transformadores da conversão – contidos na novidade revelada.

A missão determinada a cada batizado em particular é a de atingir os confins da terra na comunicação da Boa Nova. Como missionários, sabemos dos atritos da convivência com os não-evangelizados, os quais, muitas vezes, na ânsia de uma vida melhor ou de uma resposta aos seus questionamentos, procuram se encontrar numa “religião” sob medida ou numa frágil autenticidade pessoal; fato que se repete no mundo contemporâneo tal como aconteceu no primeiro anúncio.

Hoje, levar a evangelização até os confins da terra pode parecer um desafio intransponível. Entretanto, sem a ação do Espírito Santo – que tudo faz – presente na vida da Igreja militante, mesmo os mais avançados meios tecnológicos nada poderão realizar em favor da evangelização.

Artigo produzido com base no texto da Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi” de Papa Paulo VI

Um abraço