A Alegria de Perdoar!

Se você quer ser de fato um jovem cristão, terá que aprender e viver esta lição: perdoar.

Um dos mais profundos ensinamentos que Jesus nos deixou foi sobre o perdão.

No Sermão da Montanha Ele diz:

“Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 05,45).

A perfeição cristã deve levar-nos ao extremo do amor.

“Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem” (Mt 05,44).

Em seguida, Jesus completou:

“Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos” (Mt 05,45).

Veja, Jesus vai mais fundo ainda:

“Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publica-nos? Se saudais apenas vossos irmãos que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos?” (Mt 05,47).

Você não terá grande mérito diante de Deus, por amar os amigos e irmãos, e não terá recompensa por isso.

O maior mérito, a perfeição cristã, a “novidade” do Evangelho, está em amar os maus, os inimigos, aqueles que nos ofenderam.

É impressionante como Jesus exige de nós, radicalmente, a vivência do perdão:

“Tendes ouvido o que foi dito:”Olho por olho, dente por dente”. Eu, porém, vos digo: ‘Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra’” (Mt 05,38-39).

Jesus proíbe qualquer tipo de vingança, represália ou violência, como resposta às ofensas recebidas. A razão é simples: somos todos filhos do mesmo Pai; assim, Deus não suporta que um dos Seus filhos negue o perdão a um dos irmãos.

Quando chegarmos à maturidade espiritual de dar o perdão aos inimigos, então estaremos perto da perfeição cristã.

É uma prova de fogo!

É claro que não é fácil perdoar; se fosse, não teríamos mérito algum. Por nossas próprias forças não conseguiremos perdoar; necessitamos da graça e da ajuda de Deus.

Às vezes, precisamos olhar fixo para Cristo sangrando na cruz e invocar Seu preciossimo Sangue, a fim de termos força para perdoar aquele que nos traiu, nos roubou, nos feriu.

Não nos esqueçamos de que foi na paixão e na cruz que o Senhor nos deu a maior prova de como perdoar aos inimigos:

“Pai, perdoa-lhes,… não sabem o que fazem” (Lc 23,34a).

Ninguém perdoou tanto como Jesus. Na cruz, Ele provou com atos o que ensinou no Sermão da Montanha com palavras.

A única exigência que Deus faz para perdoar todos os seus pecados, quaisquer que sejam, é que, além de arrependidos dos mesmos, você perdoe, de coração, os que o ofenderam.

“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas, se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoarᔠ(Mt 06,14).

Deus não aceita a oferta daquele filho que negar o perdão ao irmão:

“Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que seu irmão tem alguma coisa contra ti deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então, vem fazer a tua oferta” (Mt 05,23-24).

Também no “Pai Nosso”, Ele exige:

“Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam”(Mt 06,12).

Fico impressionado com o número de vezes que Jesus fala da necessidade do perdão. Quando Pedro lhe perguntou:

“Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18,21b-22).

A resposta de Jesus é clara: perdoar sempre, porque Deus está pronto a perdoar sempre.

Para que Pedro e os discípulos entendessem bem a necessidade do perdão, Jesus contou aquela parábola do empregado a quem o patrão tinha perdoado uma dívida de “dez mil talentos” de ouro (cada talento equivalia a 36 quilos!).

Uma dívida impagável! (algo em torno de R$ 10 bilhões!)

E, no entanto, aquele empregado, cuja dívida impagável fora perdoada, gratuitamente, não perdoou a um devedor que lhe devia apenas cem denários (salário de cem dias de um trabalho simples).

Então, o patrão entregou aquele “servo mau” aos algozes até que pagasse toda a dívida.

Concluindo a parábola, Jesus adverte:

“Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração” (Mt 18,35).

Jovem, deixe a justiça e a vingança para Deus; Ele fará cumprir toda a justiça. Não podemos querer executá-la com as nossas próprias mãos; elas também ficariam sujas de sangue.

Ensinando sobre isso aos cristãos de Roma, São Paulo disse-lhes: “Abençoai os que vos perseguem, abençoai-os e não os praguejeis (…) Não pagueis a ninguém o mal com o mal (…) Não vos vingueis uns aos outros, caríssimos, mas deixai agir a ira de Deus, porque está escrito: ‘A mim a vingança; a mim exercer a justiça, diz o Senhor’” (Rm12,14.17a.19).

Se continuarmos a viver o “olho por olho e dente por dente”, acabaremos todos cegos e desdentados. Chega de violência!

Mas para quebrar o círculo vicioso da violência, será preciso ter a coragem de não aceitar “pagar o mal com o mal”.

Foi agindo assim, com a força da não-violência, que Gandhi conseguiu libertar a Índia da Inglaterra. Ele dizia ao seu povo: “Há mil razões pelas quais estou pronto a morrer, mas não existe uma pela qual eu esteja disposto a matar”.

Gandhi, que não era cristão declarado, aprendeu isto no Sermão da Montanha.

Aprenda, jovem, uma lição muito importante: “Os fins não justificam os meios”. Meios violentos nunca poderão construir fins pacíficos; a violência gera mais violência. É por isso que são tantas as mortes de jovens no dia de hoje, especialmente os que se envolvem com as drogas.

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Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino