O Dia Mundial de Oração é realizado, a cada ano, na primeira sexta-feira do mês de março, em mais de 170 países. Neste ano de 2021, vai cair no dia 5 de março. O Dia da Oração surgiu no século XIX, em 1887, através de um grupo de mulheres cristãs dos Estados Unidos e Canadá, reunindo cristãs de diferentes raças, culturas e tradições religiosas de todo o mundo, para orarem em conjunto e compartilharem esperanças e temores, alegrias e tristezas.
No entanto, após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com a consciência de que o mundo sofria dos mesmos problemas, muitas associações femininas se uniram para fazer um dia especial onde se orasse por todos aqueles que necessitavam. Nascia, assim, na década de 20 do século XX, o Comitê do Dia Mundial da Oração.
Sem oração não aprendemos a viver
No pleno respeito para com as diferentes formas de rezar das várias religiões, vamos aproveitar deste dia para nos perguntar: o que é a oração? Sobre isso, São João Paulo II escreveu: “O que vem a ser a oração? Comumente, pensa-se que seja um colóquio, um diálogo. Em um diálogo, existem sempre um ‘eu’ e um ‘tu’. Nesse caso, um ‘Tu’ com T maiúsculo. A experiência da oração ensina que se o ‘eu’ parece, à primeira vista, o elemento mais importante, depois percebe que, na realidade, as coisas são diferentes. O mais importante é o Tu, porque é em Deus que principia nossa oração”.
Então, a oração é um diálogo com Aquele que dá sentido à nossa vida. A oração leva a reconhecer que Ele é nosso Criador: por isso se expressa no louvor a Deus, no agradecimento pelo dom da vida e por todos os dons que Ele nos oferece; no reconhecimento das nossas fraquezas morais, pelas quais pedimos perdão; e no pedido relativo às nossas necessidades.
Jesus, no Pai-Nosso, ensinou-nos a rezar. Antes de tudo, a palavra “Pai” é uma tentativa de tradução da palavra aramaica “Abbá” (Jesus falava a língua aramaica), que na realidade deveria ser traduzida como “papai”. Esse termo aponta para a experiência da criança que se sente profundamente amada pelo próprio pai. Esse diálogo da oração, no ensinamento de Jesus, parte da convicção de que Deus é “Papai”, que nos ama profundamente. E, como em Deus não existe sexo, podemos dizer que Ele é, ao mesmo tempo, “papai” e “mamãe”. Aliás, sobre isso, lemos no profeta Isaías (49,15):
“Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti”. Ele, porém, não é simplesmente “Pai Meu”, mas “Pai Nosso”. Por isso, a oração nos leva a viver a fraternidade: somos, pois, filhos do mesmo Pai. “Santificado seja o vosso Nome”: começamos, então, a dialogar com Deus louvando-O. “Venha a nos o Vosso Reino, seja feita a Vossa Vontade”: a oração bem feita leva a acolher o projeto de Deus na nossa vida, o Seu “Reino” e a Sua “Vontade”.
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E o pão de amanhã?
Mas nós somos necessitados: de pão, de perdão, de fidelidade e libertação do mal. São as outras invocações do “Pai-Nosso”. “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Depois do “Pai-Nosso”, eis o “pão nosso”: trata-se de mais um apelo para não pensar apenas no “meu pão”, mas para se abrir às necessidades básicas dos outros.
E o pão de amanhã? Jesus responde: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã; o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo” (Mateus 6,34). “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”: precisamos do perdão de Deus, pois todos nós somos pecadores, mas este perdão nos é concedido à condição que nós também perdoemos.
“Não nos deixeis cair na tentação”: aqui Jesus se refere ao possível mal futuro, à nossa possibilidade de pecar. E precisamos da ajuda de Deus para que o pecado não entre na nossa vida. E se o pecado já entrou? Então vamos rezar dizendo “Livrai-nos do mal”. Em suma, a oração é uma escola de vida. Sem oração não aprendemos a viver. Agostinho expressou isso com sua célebre frase que encontramos no inicio do livro das “Confissões”: “Fizeste-nos, Senhor, para Ti e o nosso coração permanece inquieto enquanto não repousa em Ti”. E se, como vimos, a oração é um “diálogo” com o “papai que nos ama”, então podemos afirmar que a oração é um encontro de profundo amor.