Contar histórias é algo intrínseco à natureza humana, somos narradores da realidade, arquitetos do imaginário, dotados por Deus, com a capacidade inata de transmitir experiências e criar mundos por meio da comunicação.
Muito além do entretenimento: o impacto das narrativas
A jornada milenar da narrativa
Ao contar histórias, recriamos e compartilhamos vivências, cultivando, na imaginação do ouvinte, imagens, sons e enredos fantásticos. Por meio da descrição e do diálogo, fomentamos a imersão em universos fantásticos e ficcionais. Essa capacidade, utilizada desde os primórdios da humanidade, perpetua conhecimentos, valores e tradições.
O eco da tradição oral
Mesmo antes da escrita, histórias eram contadas – lendas, romances, narrativas factuais. A oralidade serviu como veículo para transmitir o essencial aos contemporâneos e às gerações futuras. Quantas narrativas heroicas, ainda que historiograficamente questionáveis, nos chegaram através da tradição oral, oferecendo-nos um vislumbre do passado, seus costumes e valores? A arte de narrar preservou a memória de incontáveis passos da humanidade.

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O tecelão de narrativas
No centro desse ato está o contador de histórias, aquele que, munido de seus recursos comunicativos, enraizados em sua bagagem cultural, formação e memória, tece a narrativa. Quem não guarda lembranças afetuosas de um avô, avó, pai, mãe ou outro ente querido contando histórias? Palavras, talvez imprecisas, que permearam nossas memórias e construíram narrativas que carregamos pela vida. Ao contar histórias, criamos conexões que transcendem o audiovisual. Estabelecemos um vínculo humano entre narrativa e ouvinte, semeando a imaginação com elementos que, como sementes, germinam, criam raízes e se fixam em nós, tornando-se parte de quem somos e do que temos a oferecer.
A narrativa como agente transformador
Contar histórias nos torna agentes de algo maior do que nós mesmos. Não se trata apenas da habilidade do narrador, mas do próprio ato, que vai além do entretenimento, configurando-se como uma experiência enriquecedora para quem a recebe.
Conexões humanas em um mundo digital
Em um mundo saturado por filmes e séries, o valor da contação de história é frequentemente subestimado. Diferentemente das produções cinematográficas, a contação de histórias, por sua natureza humana, fortalece laços e aprofunda as relações humanas, tornando-as mais relevantes e significativas.
Assim, o ato de contar histórias transcende o mero entretenimento efêmero. Mais do que um passatempo, é um ato de construção de pontes, um legado de conhecimento, valores e emoções, abrindo caminho para moldar identidades e inspirar atitudes. Ao compartilharmos nossas narrativas, plantamos sementes que florescerão em outros corações.
Jonatas Passos é natural de Cruzeiro (SP), marido, pai e colaborador da Fundação João Paulo II. Formado em Tecnologia, Informática e História. Pós-Graduado em Jornalismo e História do Brasil, com extensão em História da Religião.