🤔 Reflexão

Fim de ano: tempo de olhar para trás e curar as feridas

Neste período, é comum, mesmo para os mais resistentes, olhar para o ano que passou e avaliar o que foi conquistado e o que foi perdido; esses dois cenários sempre existem. Também é um tempo em que, normalmente, nos encontramos com nossos familiares, e isso, muitas vezes, reabre feridas — mas pode se tornar uma oportunidade de reconciliação e perdão.

Foto ilustrativa: Srdjana1 by GettyImages

1. Rever o caminho com sinceridade

Antes de qualquer passo, é necessário fazer um exame honesto da própria história recente e passada. Quem fui neste ano? Como tratei as pessoas? O que deixei de fazer? Onde pequei? Onde acertei? Quais mágoas causei e quais meus familiares causaram em mim?

Esse tipo de revisão não é para gerar culpa, mas para abrir espaço para a verdade. Procure fazê-lo com uma leitura clara da realidade, sem emocionalismos. Deus cura aquilo que expomos, pois, uma vez curados, caminhamos melhor rumo ao Senhor — “Senhor, se quiseres, podes purificar-me” (Mt 8,2-3). O próprio Cristo disse que a verdade nos liberta. A verdade, ainda que doa, é o ponto de partida.

Leia mais:
.:O que será novo no ano novo?
.:12 atitudes positivas para o Ano Novo
.:Fim de ano é tempo de estar com a família

2. Curar feridas que ficaram abertas

Todo ano deixa marcas – algumas são boas, outras não. Existem palavras que não foram esquecidas, decisões impensadas, gestos que feriram. Há dores internas que nenhum calendário apaga. E o fim de ano é um tempo favorável para entregar essas feridas ao Senhor.

Cura não é amnésia. Cura é deixar que Deus toque o lugar onde estamos machucados, para que a ferida pare de comandar nossas reações. Muitos carregam dores que se tornam muros: afastam, isolam, transformam o coração em pedra. Só que a fé não combina com esse fechamento.

Curar não significa justificar os erros de outros, mas permitir que Cristo, que é Misericórdia, tire o veneno que ficou em nós.

3. Pedir perdão, se for necessário

Pedir perdão é difícil porque exige humildade. O orgulhoso sempre arranja desculpas: “Não fui tão errado assim”, “a pessoa também errou”, “agora não faz mais sentido”, “vou deixar passar”. Mas deixar passar nunca resolve. No máximo, adia.

O Evangelho é claro: antes de ofertar algo a Deus, reconcilie-se com quem tem algo contra você. Isso vale para a família, para os amigos, colegas e vizinhos. Às vezes, uma simples mensagem desmonta anos de distância. Não precisa discurso bonito. Às vezes, basta: “Errei. Perdoe-me”. Isso abre portas que estavam trancadas.

Perdão não é isentar de culpa quem errou contra nós. Perdoar é, mesmo reconhecendo a culpa do familiar, amigo ou de quem quer que seja, escolher libertar o coração, amá-lo e seguir em frente.

A proposta de Nosso Senhor Jesus Cristo é clara: amar os outros como Ele nos amou — “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei; amai-vos também uns aos outros” (Jo 13,34).

Amamos porque fomos amados imerecidamente, e é dessa graça que nasce a decisão de perdoar.

4. Perdoar quem nos feriu

Perdoar não apaga a memória. Perdoar não exige que o relacionamento volte a ser o que era. Perdoar não significa permitir abusos. Perdoar é decidir não carregar mais rancor. Cristo nos ensinou isso. Ele perdoou a partir da cruz enquanto sofria. Não esperou o outro reconhecer a culpa. Perdoou porque o amor é a única força capaz de quebrar o ciclo de violência e ressentimento.

Você pode não sentir vontade de perdoar, mas perdão não é sentimento, é decisão. E essa decisão libera o coração para seguir.

5. Restabelecer laços

O fim de ano é uma chance concreta de reconstruir pontes. Não precisa ser tudo de uma vez. Às vezes, o primeiro passo é pequeno: uma ligação, uma visita rápida, um convite simples. Em muitas famílias, a ceia de Natal é o único momento em que todos se encontram. Aproveitar esse tempo para reatar vínculos não é fraqueza, é maturidade.

A fé católica valoriza os laços. A Sagrada Família é o maior exemplo disso. José, Maria e Jesus viveram dificuldades reais, mas permaneceram unidos. A Igreja ensina que ninguém se salva sozinho. Crescemos quando caminhamos juntos.

Restabelecer laços é reconhecer que a vida não se sustenta no isolamento. O coração humano foi criado para a comunhão.

6. Entregar o que não pode ser resolvido

Algumas situações não dependem mais de você. Pessoas que já partiram, relacionamentos que realmente terminaram, situações irreversíveis. Nesses casos, não há ação externa, mas existe uma atitude interna: entregar.

Colocar nas mãos de Deus tudo o que o senhor não consegue mudar é um ato de fé. Não é desistência, é confiança, é dizer: “Senhor, fiz o que pude. O resto é contigo”.

7. Recomeçar com propósito

Depois de olhar para trás, curar, perdoar e reconstruir, vem o recomeço. Um novo ano não resolve nada por si só, mas abre espaço para novas escolhas. Recomeçar não exige grandes planos. Às vezes, o mais importante é um compromisso simples: cuidar melhor das relações, ouvir mais, falar com mais prudência, rezar com mais constância, reparar rápido quando errar.

O recomeço cristão não é uma virada mágica, é um compromisso diário, mas é um compromisso sustentado por graça, não apenas por força humana.

Conclusão

O fim de ano é um convite. Um chamado para ajustar o coração, limpar o que ficou pesado e permitir que Deus organize o que está fora do lugar. Curar feridas, pedir perdão e restabelecer laços não são tarefas fáceis, mas caminhos de libertação.

Quem entra no novo ano carregando reconciliação, leveza e paz interior começa melhor, começa mais forte, mais livre.

Espero, sinceramente, meu irmão, que você ganhe mais intimidade com Deus neste 2026, e, consequentemente, com aqueles que estão próximos de você. Não precisa correr atrás de ninguém para isso, pois a Providência Divina trará para próximo de você todos aqueles que você deve amar.

Seja corajoso, renuncie ao mal, busque o bem, seja fiel à Santa Igreja e aos seus ensinamentos. Eu tenho a absoluta certeza de que, no final de 2026, você cantará glórias ao Senhor, pois Ele fará maravilhas em sua vida.

São esses os meus sinceros votos, os de minha família e da Comunidade Canção Nova.

Conte comigo!

Almir Rivas
Missionário da Comunidade Canção Nova / @almir.rivas.terapeuta