A mansidão como resposta, o exemplo de São Francisco de Sales para a sociedade atual
Nos tempos atuais, vivemos uma polarização ideológica que tem dividido cada vez mais a sociedade. Até mesmo as famílias têm sido atingidas, com cada vez mais parentes deixando de se falar – e se amar – por conta das suas diferenças que são levadas ao extremo em busca de ter razão nas discussões que surgem. Diante de um momento tão difícil, um testemunho que reluz é o de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas e escritores. Chamado pelo então Papa João Paulo II de “Doutor do Amor Divino”, ele ficou conhecido especialmente por sua mansidão e é citado pelo Papa Francisco como exemplo para os dias atuais.
Nascido em 21 de agosto de 1567, na província de Saboia (que se localiza na França), São Francisco de Sales rejeitou a nobreza para seguir sua vocação ao sacerdócio. Após ser ordenado, em 18 de dezembro de 1593, foi enviado para Genebra, onde começou a exercer seu ministério. O título de padroeiro dos jornalistas e escritores é motivado por um episódio desta época.
A mansidão reforçada, a luta interior de São Francisco de Sales
São Francisco de Sales se ofereceu para reconquistar Chablais, uma região que havia sido tomada pela doutrina calvinista. Após ser acolhido por uma família de camponeses, que se converteu, o sacerdote passava de casa em casa, todas as noites, jogando por baixo das portas folhetos que refutavam a heresia calvinista. Outro fato marcante da vida de São Francisco de Sales é a sua mansidão. Contudo, conta-se que, após sua morte, foram encontradas várias marcas de arranhões na parte de baixo de sua mesa de trabalho.
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Considerando seu temperamento forte, o sacerdote preferia arranhar o móvel com suas próprias unhas do que tratar um fiel sem caridade. Tais características revelam um equilíbrio que é exemplo a ser seguido. Proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Pio IX, em 1877, São Francisco de Sales ensina que “a caridade e o amor é que dão valor às nossas obras”. Desta forma, mesmo a defesa da Verdade, que é a pessoa de Jesus Cristo, precisa da presença da caridade.
Verdade e caridade, o legado de São Francisco de Sales para os jornalistas
Em meio à incerteza promovida por notícias falsas e ao caos que conduz ao desespero, os cristãos são chamados a se manter firmes e a propagar a Boa Nova, a Grande Notícia por excelência, que é o amor de Deus. É preciso que nos tornemos “jornalistas de esperança”, que publicam o Evangelho não apenas com palavras, mas também com gestos repletos de caridade.
Ao proclamar São Francisco de Sales como padroeiro dos jornalistas e escritores, o Papa Pio XI faz a seguinte exortação baseada no exemplo do santo: “Que tenham o cuidado de não trair a verdade, nem, sob o pretexto de evitar a ofensa dos adversários, atenuá-la ou ocultá-la; […] Se surgir o caso de combater os adversários, saibam-nos refutar os erros e resistir à improbidade dos perversos, mas de modo a dar a conhecer que são animados pela justiça e sobretudo movidos pela caridade”.
Que, neste dia em que celebramos São Francisco de Sales, sejamos inspirados por ele e contemos com sua intercessão para vivermos a verdade com caridade e a caridade com verdade.
São Francisco Sales, rogai por nós!
Gabriel Fontana
Jornalista da Comunidade Canção Nova