📱Social Media Day

Redes sociais e fé cristã: um chamado à missão digital no século XXI

O Dia Mundial das Redes Sociais, também conhecido como Social Media Day, comemorado em 30 de junho, é uma data que não pode passar despercebida. Em meio a tantas discussões sobre o assunto em várias áreas do conhecimento, também a Igreja tem olhado para este tema com bastante atenção. Devido à amplitude de abordagens que podem ser tratadas sobre as redes sociais, gostaria de me restringir a uma reflexão sob o ponto de vista da fé cristã.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Começo lembrando que o próprio Papa Leão XIV reconheceu que este tempo de revolução digital será uma preocupação do seu pontificado. Quatro dias depois de sua eleição, ao receber a imprensa mundial, presente em Roma para a cobertura do sepultamento do Papa Francisco e o Conclave, o Santo Padre afirmou: “A comunicação, de fato, não é apenas a transmissão de informações, mas a criação de uma cultura, de ambientes humanos e digitais que se tornam espaços de diálogo e discussão” (Discurso de Leão XIV aos profissionais da imprensa em 12 de maio de 2025). Com essa afirmação do Santo Padre, podemos levantar alguns pontos que nos ajudam a entender formas de lidar melhor com essas mídias, que revolucionaram a maneira de viver do século XXI.

Dois pontos importantes sobre as redes sociais

O primeiro destaque que faço é sobre os objetivos das redes sociais. Desde que surgiram as primeiras, vimos que a proposta central era colaborar nas relações. O que começou para reunir pessoas em grupos e comunidades se transformou em grandes modelos de negócios e plataformas, onde riscos, verdades e mentiras circulam a todo instante.

Neste sentido, um segundo ponto importante a ser ressaltado é o de que as mídias em si não são boas ou más, por mais que se questione os mecanismos dos algoritmos e suas finalidades. O que prova essa afirmação é que as mesmas redes são usadas por grupos diversos tanto para construir pontes quanto muros; ou tanto para erguer o ser humano ou destruí-lo. A grande questão em relação às redes sociais está na forma como as usamos. Isso inclui finalidade, frequência e diálogos.

Retomando a afirmação do Papa, nossa preocupação precisa estar no tipo de ambiente que criamos nestas mídias. Diferentemente dos meios tradicionais, nestas novas plataformas, não falamos com um público massivo, mas com pessoas que fazem ou não parte de nossos grupos. Nelas não apenas emitimos nossas opiniões, mas ouvimos as dos outros. Porque eles têm espaço para se manifestar diante das nossas declarações. 

Como cristãos, precisamos enxergar que o espaço de escuta, o direito de resposta das pessoas e a palavra oportuna têm o seu lugar. Por isso as várias formas de “cancelamento” que acontecem jogam contra a própria natureza das redes (o das relações).

O que cabe aos cristãos nas redes sociais?

Os que creem em Cristo podem estar nestes ambientes, posicionando-se a partir dos valores de Jesus não só nas palavras, mas também nas formas de uso. Que termos temos usado nas redes? Quem incluído é quem cancelamos em nossos discursos?

Sabemos também do quanto uma grande quantidade de horas expostos nessas plataformas mexem com nosso cérebro, interferindo de fato em nossa produção hormonal, em nosso sono e capacidade de concentração e em tantas outras questões.  O que não dizer de pessoas que entram em depressão ou pensamentos suicidas por não serem acolhidas em grupos ou por terem sofrido agressões ou dislikes?

Com isso, o que afirmo é que precisamos reassumir o controle dessas redes. O ser humano, imagem e semelhança de Deus – com capacidade de pensar, liberdade para decidir e dar sentido às coisas – transcende tudo isso e deve se impor. De que forma?

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Como “ser humano” nas mídias digitais?

1. Responsabilizando-se pelo que você posta. As pessoas anseiam por exemplos genuínos e palavras autênticas que expressem a verdade que conhecemos em Deus. Não nos cabe transmitir ou replicar conteúdos mentirosos, sem antes discernir a veracidade dos fatos. É um dever lembrar se estaremos ou não ofendendo o próximo, porque o amor é a nossa lei maior.

2. Discernindo quem seguimos. Cabe aqui também a reflexão sobre aqueles que “seguimos”. A cada dia, surge um novo influencer. O nome dessa nova profissão, por si só, já é um convite à vigilância: por quem estamos nos deixando influenciar? O que essa pessoa pensa? Quem já decidiu seguir a Cristo, não pode ter outros senhores! A primazia é de Jesus!

3. Saber selecionar. Podemos, sim, escolher usar as redes para construir o Reino de Deus, decidindo não nos escravizarmos por elas. Aproveitemos seu imenso potencial para criar ambientes cada vez mais humanos, sem deixar que elas nos roubem o olhar nos olhos, a percepção da beleza das pessoas e a apreciação da natureza, obras da criação divina.

Há um potencial enorme nas mídias sociais para a evangelização, que torna possível alcançar pessoas em todas as partes do mundo, onde valores construtivos podem ser disseminados e a produção de conteúdo não é mais restrita a pequenos grupos. A sabedoria de grandes evangelizadores como São Paulo nos inspira a “examinar tudo e reter o que é bom!” (1 Ts 5,21).

Pense nisso e que a Virgem Maria, Rainha da Comunicação, interceda por nós!



 


Elane Gomes

Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Professora de Língua Portuguesa, radialista e especialista em Comunicação e Cultura. Mestra em Comunicação e Cultura. Atualmente trabalha no Jornalismo da TV Canção Nova de São Paulo. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. É esposa, mãe e trabalha também com aconselhamento de casais.