Em um mundo repleto de conflitos e divisões, particularmente no Oriente Médio, o ensinamento atemporal de amar o próximo assume nova urgência
Na parábola que retrata o Bom Samaritano, Jesus enfatiza o mandamento “Ama o teu próximo”, e ressoa profundamente em meio à turbulência e aos mal-entendidos que permeiam nossas sociedades atuais.

Créditos: Wesley Almeida/cancaonova.com
Como pessoas de boa vontade, somos chamados a refletir sobre o que significa amar o próximo, transcendendo fronteiras, culturas e histórias.
Uma profunda discussão sobre amor, misericórdia e compaixão
O relato do Bom Samaritano começa com uma indagação sobre a vida eterna, que leva a uma profunda discussão sobre amor, misericórdia e compaixão. A questão sobre quem se qualifica como “próximo” é central para esta narrativa, pois ela nos desafia a considerar nossos preconceitos e as pessoas que frequentemente ignoramos.
Quando pensamos em “próximo”, restringimo-lo àqueles que compartilham nossas crenças, etnias ou status social? Ou expandimos essa definição para todos — especialmente os mais necessitados?
O que realmente significa amar o próximo
Na parábola, vemos três respostas a um homem deixado espancado e quebrado na estrada. O sacerdote e o levita, representantes da autoridade religiosa e da tradição, optam por passar, ilustrando como as barreiras sociais e culturais podem obscurecer nossa capacidade de agir com bondade. Sua indiferença nos ensina uma lição vital sobre as limitações da adesão ritualística ao dever diante do sofrimento humano. Em contraste, o samaritano — alguém de um grupo marginalizado frequentemente desprezado pelos outros — mostra o que realmente significa amar o próximo. Ele é movido pela compaixão, demonstrando que o amor é uma ação enraizada na empatia. Ao cuidar do homem ferido, ele não apenas oferece cuidado imediato, mas também garante apoio contínuo, refletindo a responsabilidade universal que compartilhamos uns com os outros. Suas ações nos desafiam a reavaliar nossas próprias respostas àqueles em sofrimento e a agir, apesar das barreiras que a sociedade possa impor.
O Oriente Médio enfrenta inúmeras dificuldades
Desde conflitos políticos a crises humanitárias, pessoas sofrem de todos os lados — crianças carecem de necessidades básicas, famílias são desfeitas e comunidades são destruídas. Nessas realidades dolorosas, a mensagem do Bom Samaritano nos convida a superar o ódio e a divisão. É um chamado para incorporar o amor de maneiras tangíveis, promovendo conexões com aqueles que são diferentes de nós e estendendo nossas mãos e corações aos necessitados.
Esta jornada rumo à compaixão começa com a conscientização: reconhecer nossos semelhantes não apenas em nossos círculos imediatos, mas também naqueles cujas vidas são impactadas pela violência e pelo sofrimento. Ela nos convida a ouvir e aprender, a compreender as histórias dos outros e a responder com gentileza, independentemente das filiações que tipicamente nos dividem.
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Amar o próximo é um compromisso ativo
Ao nos esforçarmos para viver esses princípios, percebemos que amar o próximo não é um sentimento passivo, mas um compromisso ativo. Envolve a defesa da paz, da compreensão e da reconciliação. Exige que desafiemos estruturas injustas e trabalhemos coletivamente para construir comunidades enraizadas na misericórdia e na compaixão.
Nestes tempos difíceis que enfrentamos a cada dia, somos convidados a participar da história do Bom Samaritano — uma história que é tão relevante agora quanto era quando foi contada pela primeira vez. Amar o próximo é se envolver com o valor inerente de cada indivíduo, ouvir suas histórias e responder com profunda compaixão e apoio inabalável. Trata-se de criar um mundo onde o amor e a misericórdia superem as divisões, acendendo a esperança mesmo nos momentos mais sombrios.
Que cada um de nós se esforce para ser esse Bom Samaritano, pois, ao fazê-lo, não apenas honramos os ensinamentos do amor, mas também pavimentamos o caminho para um futuro melhor para todos.
Padre John Luke Gregory, OFM
Custódia da Terra Santa






