Campanha da Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida; cultivar e guardar a criação
A Campanha da Fraternidade deste ano é sobre a ecologia, com o objetivo de despertar no povo a necessidade de cuidar bem da Terra, não poluir a água, o solo e o ar, pois, essa poluição volta-se contra o homem. O lema da Campanha é “Cultivar e guardar a criação”.
Papa Francisco publicou a encíclica sobre o meio ambiente e a ecologia: Laudato Si (Louvado sejas). Logo, o Papa pergunta: “Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai nos suceder, às crianças que estão a crescer?”. Ele pergunta: “Que necessidade tem de nós a Terra?”.
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Nitidamente, o Papa se baseou no canto de São Francisco de Assis em louvor à criação divina.
“Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe Terra, que nos sustenta e governa, produz variados frutos com flores coloridas e verduras”. Assim se exprimia São Francisco de Assis, no seu célebre “Cântico do Irmão Sol” ou “Cântico das criaturas”, no qual expressa o seu louvor a Deus por meio de Suas obras.
A ganância destrutiva
O Papa Francisco, com boas informações dos ambientalistas e ecologistas, condena os gananciosos pelo dinheiro que visam apenas o lucro sem se preocuparem com os danos ambientais.
O Papa nos lembra que “esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou” (n. 2).
“Se o ser humano se declara autônomo da realidade e se constitui dominador absoluto, desmorona-se a própria base da sua existência, porque, em vez de realizar o seu papel de colaborador de Deus na obra da criação, o homem substitui-se a Deus, e, desse modo, acaba por provocar a revolta da natureza” (n. 117). O respeito pela natureza, não somente do ponto de vista “preservacionista”, sobretudo como obra dada a nós pelo Criador como ambiente de vida.
Respeitar o meio ambiente
Papa Bento XVI, em um dos seus discursos sobre o dia Mundial do Meio Ambiente, enfatizou que “Preservar a natureza deve ser também um ato de todo cristão”. Essas palavras traduzem bem o que nos ensina a Igreja em seus documentos sobre a necessidade de se respeitar, como é devido, o meio ambiente e a natureza, que Deus criou com tanto amor.
No Compêndio da Doutrina Social da Igreja existe um capítulo especialmente voltado para expor a doutrina da Igreja Católica sobre o meio ambiente dada a importância do tema. Uma forma clara que nos convida a olhar para essas maravilhas de Deus e assim nos lembrar da necessidade de protegê-las e exercer uma administração responsável sobre tudo isso; porém, há que se ressaltar que não podemos absolutizar a natureza e sobrepô-la em dignidade à própria pessoa humana a ponto de divinizar a natureza ou a terra.
Na Encíclica “Caritas in Veritate” (Caridade na verdade), Bento XVI diz: “A natureza está à nossa disposição, não como «um monte de lixo espalhado ao acaso», mas como um dom do Criador, no qual o homem há-de tirar as devidas orientações para a «guardar e cultivar» (Gn 2, 15). Da mesma forma, afirma que: “É uma contradição pedir às novas gerações o respeito do ambiente natural, quando a educação e as leis não as ajudam a respeitar-se a si mesmas.”
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Deus deu ao homem a inteligência e as mãos para cultivar e guardar a Terra, e a ele entregou o seu cuidado. O salmista diz: “O Céu é o Céu do Senhor, mas a terra Ele a deu aos filhos de Adão”. (Sl 113, 24). O homem glorifica a Deus quando cuida bem da natureza.
Preservar a natureza é um ato sublime, quando observado do ponto de vista da criação. É uma atitude que nos permite olhar de maneira diferente o meio ambiente que nos cerca e também encontrar na obra de Deus um desígnio de amor e de verdade para com o próximo.
Na natureza, reconhecemos o resultado maravilhoso da intervenção criadora de Deus. Um lindo exemplo que nos fala do Seu carinho pela humanidade. Um cenário natural que não tem fronteiras, assim como o amor divino por cada um de nós. Dádiva apropriada que nos leva a refletir sobre compromissos sérios pela obra admirável do Criador.
Cada pessoa é responsável pela ecologia, por preservar a Terra. Quanto menos sujamos as nossas ruas, menos poluição teremos e menos problemas sanitários e de escoamento da água da chuva. A educação ecológica é, hoje, algo vivido nas escolas, mas muitos ainda não a entenderam.
Além da defesa da Terra, Papa Francisco fala também de uma “ecologia humana”; não basta defender a Terra, é preciso, mais ainda, defender a vida humana, pois Deus deu a Terra ao homem para ele “cultivar e guardar” (Gen 2,15). Ele citou Bento XVI: “Existe uma «ecologia do homem», porque «também o homem possui uma natureza, que deve respeitar e não pode manipular como lhe apetece».[120]
O Pontífice condenou os defensores da contracepção e do controle artificial da população: “Em vez de resolver os problemas dos pobres e pensar num mundo diferente, alguns limitam-se a propor uma redução da natalidade. Não faltam pressões internacionais sobre os países em vias de desenvolvimento, que condicionam as ajudas econômicas a determinadas políticas de ‘saúde reprodutiva’” (n. 50).
Na mesma linha o Papa diz:
“Uma vez que tudo está relacionado, também não é compatível a defesa da natureza com a justificação do aborto. Não parece viável um percurso educativo para acolher os seres frágeis que nos rodeiam e que, às vezes, são molestos e inoportunos, quando não se dá proteção a um embrião humano, ainda que a sua chegada seja causa de incômodos e dificuldades” (n. 120).
“Além disso, é preocupante constatar que alguns movimentos ecologistas defendem a integridade do meio ambiente e, com razão, reclamam a imposição de determinados limites à pesquisa científica, mas não aplicam estes mesmos princípios à vida humana. Muitas vezes, justifica-se que se ultrapassem todos os limites, quando se faz experiências com embriões humanos vivos. Esquece-se que o valor inalienável do ser humano é independente do seu grau de desenvolvimento. Aliás, quando a técnica ignora os grandes princípios éticos, acaba por considerar legítima qualquer prática. Como vimos, neste capítulo, a técnica separada da ética, dificilmente será capaz de autolimitar o seu poder” (n. 136).