Não é apenas o trabalho que deve ser santificado, o descanso também precisa. No cumprimento dos nossos deveres, ao realizar fielmente o nosso trabalho, qualquer que seja ou quando nos dedicamos ao apostolado e ao serviço dos outros é natural que apareça o cansaço. Longe de exorcizá-lo aproveitaremos o descanso como um dom de Deus.
Jesus também se cansou. Quando esteve cansado da caminhada sentou-se à beira do poço de Jacó. E convidou os Apóstolos: ‘Vinde vós, sozinhos, a um lugar deserto e descansai um pouco’ (Mc 6,31). Certa vez, Ele adormeceu na barca durante uma tempestade; tinha passado o dia todo pregando e o cansaço d’Ele foi tão grande que não acordou apesar do vento e das ondas.
O cansaço deve ser oferecido a Deus. Ele nos ensina a praticar muitas virtudes: a sermos humildes, a nos deixarmos ser ajudados, a nos desprendermos de muitas coisas que gostaríamos de fazer. O cansaço nos ensina a sermos prudentes. A vida é um bem imenso que não nos pertence e devemos a proteger. Por isso, temos obrigação de cuidar da saúde.
O Concílio Vaticano II menciona “os lazeres para o descanso do espírito e para consolidar a saúde da alma e do corpo”. Cita ainda as viagens, os exercícios esportivos, as atividades culturais (GS 61). Uma pessoa organizada encontra sempre o modo de viver habitualmente um prudente descanso no meio de uma atividade exigente e cansativa.
Santificar o descanso é, ainda, aproveitá-lo para o apostolado
São Jerônimo faz uma confissão: “A experiência ensinou-me que: quando o burro caminha cansado, ele apoia-se em todas as esquinas”.
Porém, já foi dito que descansar não é não fazer nada; e sim distrair-se com atividades que exigem menos esforço. Li no Diretório dos Jesuítas a recomendação de não estudar mais de duas horas seguidas; pois é preciso fazer um intervalo para o descanso da mente porque uma mente cansada não consegue raciocinar como é necessário. Além disso, é uma boa prática mudar de atividade.
Santificar o descanso é, ainda, aproveitá-lo para o apostolado: preocupar-nos com os outros, atendê-los e nos interessarmos pelos gostos deles. Nesses momentos de folga estamos também junto de Deus, sendo assim, não deixemos a oração nem o cuidado com a nossa vida espiritual.
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Jesus, ao descansar junto ao poço de Jacó, fez uma grande obra de apostolado com a samaritana, apostolado que logo frutificou em muitas conversões. Se Ele convidou os apóstolos ao descanso, também dá a nós o exemplo de aproveitar o descanso para fazer o bem.
O Concílio diz que as viagens e a prática de esportes, além de ajudar a manter o equilíbrio do espírito, servem para estabelecer relações fraternas entre pessoas de diversas condições e raças (cf GS 61).
Dom Frei Daniel Tomasella
Fonte: Jornal ‘No Meio de Nós’