Você é daqueles que, olhando para si, quase não encontra suas qualidades?
Tomando por exemplo Santa Clara, vamos refletir como nos vemos?
“Foi clara na terra e luz no céu! Como é grande a veemência de sua luz e como é veemente a iluminação de sua claridade!” (Bula de canonização de Santa Clara – Papa Alexandre IV)
Quero refletir com você o exemplo de Santa Clara. Uma mulher que expressou nitidamente a fidelidade aos votos de pobreza, castidade e obediência; porém não podemos limitá-la a seus votos perpétuos. A santa de hoje traz virtudes que regeram sua vida, porque as soube utilizar para o bem. Mas vamos nos concentrar em uma apenas.
Clara de Assis, como é conhecida, tinha uma característica marcante: a determinação. Foi graças a essa virtude que ela enfrentou toda a resistência da família à sua vocação. Nascida em uma nobre família italiana, aos dezoito anos encantou-se pelos ensinamentos de Francisco de Assis e quis seguir a vida religiosa. A família de Clara não aceitava sua decisão; a jovem, porém, queria atender a todo custo ao apelo do Senhor.
Sendo uma moça bonita, de cabelos longos e loiros, na mesma noite em que se apresentou no mosteiro fez a “tonsura”, forma franciscana de cortar os cabelos. Graças a essa atitude, quando seus familiares foram buscá-la, desistiram, pois, devido aos cabelos cortados, perceberam que a moça já havia se consagrado inteiramente ao Senhor e não poderia mais voltar.
Outro gesto da santa que marca sua história foi, quando já doente, em meio a uma invasão do exército turco, pediu às irmãs que a levassem ao portão do mosteiro. Com uma caixinha nas mãos contendo o Santíssimo Sacramento, ela, em prantos, colocou-se a rezar pedindo a Jesus que defendesse o convento e a cidade. Nada podia parar Clara, sua determinação a impulsionava ao foco de sua vida, que era o cumprimento da vontade de Deus.
Ser santo é realizar os desígnios de Deus. Muitas vezes, procuramos caminhos miraculosos, difíceis demais para ser o que Ele deseja, porém não é assim. Ao nos criar, o Pai já imprimiu em nós as virtudes necessárias para alcançarmos a santidade. Santa Clara precisou ser determinada, porém essa virtude não vinha de fora para dentro, mas de dentro para fora. A santa apenas deixou essa característica crescer e ganhar espaço em seu interior.
Já parou para pensar nas virtudes que você tem?
Pense um pouquinho… Você é daqueles que, ao olhar para si, quase não encontra qualidades? E se as encontra as desmerece, pois acha que as de outras pessoas “são melhores” do que as suas? Tenho uma ótima notícia: é preciso olhar para dentro de si e descobrir o que você tem de bom, pois assim será feliz. Quem fica se buscando no outro ou querendo ser o que o outro é não pode viver bem, porque é obrigado a conviver com a maior de todas as frustrações: a decepção consigo mesmo, por ter de corresponder a uma imagem boa demais que sonhou para si e não existe.
Quando as qualidades, ainda que sejam poucas, são bem aproveitadas e livres para crescer, sou mais leve, carrego menos peso da vida e o melhor de tudo: sinto o suave sabor de ser eu mesmo.
Quem não pratica a arte de se descobrir não pode ser verdadeiramente feliz. Comece hoje mesmo a deliciosa aventura de mergulhar em si mesmo e se conhecer. Observe suas qualidades, reconcilie-se com elas, ame-as e experimente o sabor de ser quem você é, pois só você tem o dom de ser assim.
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Que neste dia, Santa Clara nos ajude a nos encontrarmos com nós mesmos e amar o que somos.
Santa Clara de Assis, rogai por nós!
Rogéria Nair – Comunidade Canção Nova