No cenário da educação em geral, a compreensão e a aceitação do autismo desempenham um papel fundamental na promoção de uma intervenção precoce e preventiva.
Entender e aceitar o autismo é uma forma de viver o Sistema Preventivo de Dom Bosco. A preventividade, na visão de Dom Bosco, não pode ser compreendida como simples proteção ou defesa superficial do educando. “Seu verdadeiro sentido é positivo, desde o ponto de vista etimológico, e revela-se como “chegar com antecedência”.
Chegar com antecedência e intervir precocemente implica reconhecer que cada indivíduo tem habilidades próprias, desafios e maneiras únicas de perceber, relacionar e viver neste mundo. Em vez de compreender o autismo como uma condição de doença ou realidade a ser corrigida, a perspectiva de aceitação destaca que as diferenças são uma parte natural da diversidade humana, pois cada ser humano é único, irrepetível, uma alma designada por Deus e para Deus, como nos ensinava São João Paulo II.
A necessidade de um olhar refinado
Essa aceitação é fundamental para uma intervenção precoce e preventiva eficaz. Quando os educadores, profissionais de saúde e familiares aceitam, estudam e compreendem o autismo, podem, com um “olhar refinado”, um olhar positivo, identificar sinais precoces a partir dos primeiros meses de vida de uma maneira adequada, responsável e oportuna. Tal preventividade inclui acesso às terapias especializadas, ao planejamento didático-pedagógico personalizado, suporte emocional e social, adaptações escolares que atendam verdadeiramente as necessidades individuais de cada criança, adolescente, jovem e até adulto autistas.
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Aceite o próximo
Papa Francisco nos instruiu, recentemente, que cada pessoa humana que se anuncia no ventre de uma mulher constitui uma dádiva que muda a história de uma família: de um pai e de uma mãe, dos avós e dos irmãozinhos. E essa pessoa humana, em sua condição física, biológica, espiritual, cognitiva, afetiva tem necessidade de ser acolhida, amada e cuidada. Sempre! Portanto, ao abordar o tema da educação, é essencial enfatizar a importância da aceitação da pessoa humana, sendo autista ou não-autista, e, a partir dessa aceitação, buscar viver a intervenção preventiva e precoce.
Pedagoga e missionária da Comunidade Canção Nova