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Como ajudar uma pessoa portadora de transtorno bipolar?

Baseado no texto do Evangelho do Bom Samaritano, vamos aprender como ajudar um paciente com transtorno bipolar. Para elucidar a importância de ajudar a quem precisa, gostaria que trabalhássemos passo a passo essa passagem da Sagrada Escritura.

O texto bíblico, em Lc 10,25-37, diz que um homem descia de Jerusalém a Jericó e caiu na mão de ladrões, encontrando-se caído pelo caminho em uma situação de grande necessidade. A partir daí, o texto relata a postura de alguns personagens que por ali passaram e tomaram conhecimento daquela difícil situação.

Como ajudar uma pessoa portadora de transtorno bipolar

Foto Ilustrativa: Alpgiray Kelem by GettyImage

A pessoa com transtorno bipolar pode viver bem?

Abaixo, alguns passos para ajudar um paciente com transtorno bipolar:

Passo 1: Conhecer

Pensemos que os sintomas do transtorno bipolar são como esses ladrões que despojam a pessoa de si mesma e, depois de maltratá-la com muitos ferimentos, retiram-se, deixando-o meio morto, sem identidade. É assim que, muitas vezes, encontramos o paciente bipolar: desfigurado pelos sintomas que o assolam, impondo-lhe estigmas extremamente fortes. Conhecer os sintomas dessa doença é, sem dúvida, a primeira das atitudes se queremos ajudar o sofredor de uma enfermidade dessa natureza.

Continuando a narrativa evangélica, vemos alguns personagens que descem pelo caminho, tomam ciência daquela realidade e até percebem a necessidade do homem, mas não se comprometem com aquela causa. Passam adiante. Então, chega o samaritano, que assume o cuidado. Vemos, nessa cena, um segundo passo, imprescindível para quem, de fato, quer ajudar o outro.

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Passo 2: Comprometer-se

Aquele samaritano se comprometeu. Não apenas conheceu a realidade, mas assumiu uma responsabilidade no auxílio daquele que precisava de socorro. É preciso comprometimento para verdadeiramente ajudar. E por que ele agiu assim? Porque se encheu de compaixão. Essa resposta nos conduz ao terceiro passo de nossa caminhada.

Para se envolver e cuidar de quem quer que seja, sobretudo de alguém que sofre de um transtorno mental, deve-se ter compaixão. Dentro da etimologia da palavra “compaixão”, significa sofrer junto, saber de onde vem esse sofrimento e compadecer-se.

Passo 3: Compadecer-se

É entender que o outro não deve estar só em sua enfermidade, não deve se sentir só em sua luta. Seguindo nossa reflexão, lemos que esse samaritano se compadeceu e aproximou-se. Eis um passo muitíssimo importante.

Passo 4: Aproximar

É preciso se fazer próximo. Como se aproximar de modo que seja uma ajuda efetiva?

Algumas dicas: motivar, ordenar o ritmo diário da vida, estabelecer limites bem claros, fazer reforço positivo, reconstruir a confiança, evitar centralizar a doença, aprender a viver bem, valorizar aquilo que ela está fazendo de bom, sobretudo o que é criativo. Ter uma vida saudável é essencial. Por isso é importante ser próximo e incentivar a prática de atividade física para canalizar as emoções. Ter atenção aos sinais de alerta, seja dos sintomas depressivos ou daqueles que são mais eufóricos, dos sintomas de humor mais elevado. É importante ler esses sinais. É necessário estar próximo e atento para que, desde o primeiro momento, seja canalizado de maneira positiva.

O paciente com transtorno bipolar pode viver bem e ter uma vida praticamente normal, principalmente se tiver apoio familiar, fizer parte de um grupo de ajuda mútua, sobretudo a oração, a intimidade com Deus. Isso é aproximar-se.

Na linguagem do Evangelho de hoje, quando pensamos no samaritano e na pessoa do cuidador, naquele amigo, naquele familiar de alguém com transtorno bipolar, pensamos nesse sentido: aproximou-se até sanar as feridas. Quer dizer, ajudou-o a enfrentar, ajudou a cuidar. Lembrando sempre que o paciente também é responsável, também deve se comprometer com o seu processo terapêutico. No entanto, ele pode querer interromper o tratamento e a atenção do cuidador ou do amigo, mas este deve o motivar a fazer isso somente com a orientação do médico. Pode, ainda, querer não participar das sessões de psicoterapia, e precisa ser motivado. Como a leitura sagrada, é preciso encontrar um caminho para se chegar ao coração, até às feridas, deitando nelas o azeite que alivia e o vinho que cura, que dá alegria. Pensemos que o azeite citado no texto é como o bálsamo do amor, e o vinho como a alegria, tão necessária no processo daquele que tem um sofrimento mental.

Ao fim da parábola, percebemos uma sublime atitude do samaritano: “colocou-o sobre a própria montaria”. Que belíssimo isso! Ele não colocou sobre uma montaria qualquer, mas o assumiu para si. Chegamos, assim, ao quinto de nossos passos para a ajuda.

Passo 5: Assumir

Para tratar, cuidar, deve-se trazer para junto de si, assumir a vida desse irmão com suas graças e desafios. Significa, pois, assumi-lo. O Evangelho diz que, no dia seguinte, o cuidador levou o enfermo a uma hospedaria e tratou dele. É assim que se deve caminhar, não só com aquele que tem um transtorno bipolar, mas com todos aqueles que sofrem. Tomar para si os outros, fazer-se parte, tê-los como seus. Esses passos são válidos para todos eles.

Essa passagem da Sagrada Escritura é válida para toda pessoa que quer cuidar, que quer aliviar e se compadece.

Comportamento

 


Érika Vilela

Mineira de Montes Claros (MG), Érika Vilela é fundadora e moderadora geral da comunidade ‘Filhos de Maria’. Cursou Medicina pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas e especialista em psiquiatria pelo Instituto de ciências da Saúde, e em Dependência Química pela UNIFESP.

Érika atua como pregadora, articulista, missionária pela Casa Mãe de Misericórdia e médica na Estratégia Saúde da Família e na Clínica Home-Med. Evangelizadora com fé e ciência, duas asas que nos elevam para o céu, ela tem a bela missão de encontrar, na união mística com a dor salvífica de Cristo, a força para seguir em frente, sabendo que Deus opera sempre as Suas maravilhas!