Castidade - "Eu quero esta medalha!"

O filósofo francês, católico, Paul Claudel, disse certa vez que : “a juventude não foi feita para o prazer, mas para o desafio”.

De fato, o que engrandece a vida de um jovem é ele ter um ideal na vida e saber enfrentar os desafios para realizá-lo. Se você quer um dia construir uma família sólida, um casamento estável e uma felicidade duradoura, então precisa plantar hoje, para colher amanhã. Ninguém colhe se não semear. São Paulo diz:
“De Deus não se zomba. O que o homem semeia, isto mesmo colherá.” (Gálatas 6,7)
No início da minha adolescência, foi-me colocado nas mãos, um grande livro, chamado “O Brilho da Castidade”, de Monsenhor Tiamer Toth.
Nos meus 13 anos eu li aquelas páginas e me encontrei com a grandeza dessa bela virtude. E o que mais me atraía para ela era exatamente o “desafio que representava” para um jovem, que começa a viver nesta fase, o fogo das paixões.

Não me esqueço daquela frase do Monsenhor, que dizia:
“Se eu tivesse que dar uma medalha de ouro a um general que ganhou uma guerra, ou para um jovem que vive a castidade, eu a daria para esse último”.

Eu disse, para mim mesmo: “eu quero esta medalha!”
A tal ponto, fiquei entusiasmado com a beleza e o desafio da castidade, que tomei a decisão de vivê-la; isto é, ter vida sexual apenas no casamento; “nem antes dele e nem fora dele”. E não me arrependo, pelo contrário! Sou grato aos que me ensinaram a vivê-la.


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Depois de mais de trinta anos, hoje casado e com cinco filhos, vejo o quanto aquela decisão foi importante na minha vida.
Nos encontros de casais e de família, por este Brasil a fora, não me canso de repetir o quanto isto foi fundamental para a felicidade do meu casamento, do meu lar e dos meus filhos.

Entre as muitas vantagens que o livro apontava, ressaltava a importância do “auto-domínio” sobre as paixões e más inclinações do coração de um jovem, preparando-o, com têmpera de aço, para ser um verdadeiro homem, e não um frangalho humano que se verga ao sabor dos ventos das paixões.

Dizia o autor que “ser homem não é dominar os outros, mas dominar-se a si mesmo”. E que, se o jovem não se exercitasse na castidade antes do casamento, depois de casado não teria forças para ser fiel à sua esposa ou a seu marido. Tudo aquilo me encantava e desafiava …
Além disso, ensinava Tiamer Toth, que a castidade era garantia de saúde para o jovem, tônico para o seu pleno desenvolvimento físico e mental, dissipando todas as mentiras de que a vida sexual é necessária antes do casamento.

Alguns anos depois, lendo o belo livro de João Mohana, “A vida sexual de solteiros e casados”, pude confirmar todas essas vantagens da castidade para a saúde do jovem, seja em termos de vigor físico e mental, seja em termos de prevenções às doenças venéreas; e, hoje, especialmente a AIDS.

Os homens e mulheres que mais contribuíram para o progresso do ser humano e do mundo foram aqueles que souberam dominar as suas paixões, e, sobretudo viver a castidade. Fico impressionado de observar como têm vida longa, por exemplo, a maioria dos nossos bispos católicos, e tantos sacerdotes que sempre guardaram com carinho a castidade. Se ela fosse prejudicial à saúde, não teríamos tantos bispos, padres e freiras, tão idosos, felizes e equilibrados.
Você já ouviu falar que algum deles colocou fim à própria vida, por infelicidade? Não. Vivem a vida toda servindo a Deus com alegria, e vivem longos anos.

Depois das décadas de 60 a 80, que tristemente quiseram sepultar a castidade, vemos hoje ela ressurgir com todo o seu vigor e brilho, exatamente na hora da angústia da AIDS.
O mundo todo redescobre o seu grande valor.
Para dar apenas um exemplo dessa “contra-revolução sexual ” cito o caso de milhares de jovens americanas, de 13 a 21 anos, do movimento True Love Waits (O Verdadeiro Amor Espera), lançado em 1994 na cidade de Baltimore, capital do estado de Maryland, Estados Unidos, as quais prometeram, por escrito, manter-se virgens até o dia do casamento. O pacto que assumiram diz o seguinte:

“Acreditando que o verdadeiro amor espera, eu me comprometo diante de Deus, de mim mesma, minha família, meu namorado, meu futuro companheiro e meus futuros filhos a ser sexualmente pura até o dia em que entrar numa relação de casamento” (Jornal do Brasil, Ana Maria Mandin, 12/03/94).

Quando o Papa João Paulo II esteve nas Filipinas, em janeiro de 1995, na “Jornada Mundial da Juventude”, houve uma concentração de 4 milhões de pessoas para participar da missa que ele celebrou em Manila. Nesta ocasião um grupo de cinqüenta mil jovens entregou ao Papa um abaixo assinado se comprometendo a viver a castidade.

Desgraçadamente a nossa sociedade promove hoje o sexo acintoso, sem responsabilidade e sem compromisso, e depois se assusta com as milhões de meninas grávidas, estupros, separações, adultérios, etc. É claro, quem planta ventos, colhe tempestades.
Vemos hoje, por exemplo, esta triste campanha de prevenção à AIDS, através do uso da “camisinha”, pílula do dia seguinte, e agora um preservativo colocado sob a pele da menina que impede a sua gravidez por três anos… De maneira clara se passa esta mensagem aos jovens: “pratiquem sexo à vontade…” Isto é imoral e decadente.

Será que não temos algo melhor para oferecer, principalmente, aos jovens? A moral e a ética exigem ensinar aos jovens o auto-controle de suas paixões, vencer a AIDS pela castidade, e não pelo uso vergonhoso da “camisinha”, e outros meios imorais.

Infelizmente hoje a maioria das escolas apresenta uma “educação sexual”, que não passa de informações genitais, e liberação de todos os “tabus” da religião; em outras palavras, “vamos dar vazão livre aos instintos sexuais”. Ora, longe de ser isto educação sexual, é pura deseducação sexual.

Mas infelizmente, também nós católicos, por terrível omissão, permitimos que fosse arriada a bela bandeira da castidade. Ficamos mudos e calados diante de uma sociedade hedonista que nos impôs, goela abaixo, os horrores de um “sexo-livre”, devasso e pervertido, destruidor do matrimônio e da família.

O fruto amargo desta “cultura” do “amor livre”, da distribuição de camisinhas, e da liberação sexual, são, como disse o Papa João Paulo II, aqui no Brasil, milhões de crianças que estão por aí, “órfãs de pais vivos”.

Você, jovem, não foi feito para o prazer, mas para o desafio!
Nada enobrece tanto a vida de um jovem quanto vencer um desafio, especialmente no campo da moral e do seu aprimoramento espiritual. Para a nossa sociedade sem Deus, a castidade cheira “bolor”, mas é preciso lembrar-lhe que foi do bolor que Alexandre Fleming, descobriu a penicilina que salvou tantas vidas.

Sabemos, como dizia John Spalding, que “as civilizações não perecem por falta de cultura e de ciência, mas por falta de princípios morais”.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino