Reflita com a passagem bíblica do encontro de Jesus com a samaritana
O evangelista João nos narra a passagem em que Jesus, encontrando-se com uma mulher samaritana, faz-lhe um pedido simples: “Dê-me um pouco de água”. O que poderia ter se desenvolvido como um diálogo simples, tornou-se uma importante lição de Jesus Cristo à samaritana e ao povo daquele lugar, assim como, a cada um de nós. A mulher se espanta com o pedido de Jesus, porque ele, sendo judeu, não deveria falar com ela, que era samaritana. O texto bíblico traz ainda a observação: “pois os judeus não se dão bem com os samaritanos”. E esse diálogo entre Jesus e o povo da samaritana faz com que, ao fim dessa passagem, o povo acaba por crer naquele que está diante deles, dizendo à samaritana: “Já não acreditamos por causa daquilo que você disse. Agora, nós mesmos ouvimos e sabemos que este é, de fato, o Salvador do mundo” (Jo 4,42).
Talvez, por essa aversão da época entre judeus e samaritanos, em outra passagem (Evangelho de Lucas), Jesus utiliza o samaritano como exemplo, em resposta ao perito da lei que lhe questiona “quem é o meu próximo?”. E daí se conta a famosa parábola do bom samaritano, figura que representa um exemplo de amor ao próximo, ainda maior do que demonstraram o sacerdote e o levita. Ao fim, Jesus recomenda ao perito da lei que “vá e faça o mesmo”, onde devemos retornar e refletir sobre o questionamento original feito a Jesus: “O que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” (Lc 10,25).
Reflita com as passagens
Nas duas passagens citadas, o que se percebe é a aproximação de Jesus Cristo com as pessoas, quaisquer que sejam suas crenças ou seu povo. Lição que, ainda hoje, dois mil e dezessete depois, faz-se necessário relembrar e parar para refletir quantos irmãos afastamos, deixamos de ajudar ou mesmo julgamos, por que eles seguem uma religião diferente da nossa, ainda que amem e sigam o mesmo Deus. Sem dúvida existem pensamentos diferentes, interpretações diferentes às diversas passagens bíblicas e mesmo aos ensinamos de Jesus Cristo. Mas há um mandamento, o mais importante de todos, que soa uníssono em todos os corações dos fiéis: “amar a Deus sobre todas as coisas e a próximo como a si mesmo” (Mc 12, 28-31). Se, por vezes, agimos diferente, como responder ao questionamento que nos é feito por Jesus Cristo: “Se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês terão? ” (Mt 5,46).
É tempo de embriagar-se com o exemplo do Santo Papa Francisco, o qual com a maior das demonstrações de amor ao próximo, tem pregado a união de todas as religiões, a união de todos os povos em busca da paz. Eleito Sumo Pontífice em 13 de março de 2013, em entrevista ao jornalista Gerson Camar, exibida pela Rede Globo em 28 de julho do mesmo ano, já demonstrava sua fé esclarecida quanto as demais religiões com os dizeres: “Se há uma criança que tem fome, que não tem educação, o que deve nos mobilizar é que deixe de ter fome e tenha educação. Se essa educação virá dos católicos, dos protestantes, dos ortodoxos ou dos judeus, não importa. O que importa é que a eduquem e saciem a sua fome. Temos que chegar a um acordo quanto a isso. Hoje, a urgência é de tal ordem, que não podemos brigar entre nós à custa do sofrimento alheio. Primeiro, trabalhar pelo próximo, depois conversar entre nós, com muita grandeza, levando em conta a fé de cada um, buscando nos entender”.
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Siga o exemplo de Francisco
De fato, o Papa Francisco demonstra compreensão e fidelidade aos exemplos de Jesus Cristo, com amor ao próximo, acima de qualquer religião. Também, cumpre com seu dever de Romano Pontífice de “cooperar com os Bispos para o fomento das relações entre a Igreja católica e as outras Igrejas ou comunidades eclesiais, e até mesmo com as religiões não cristãs”, contando com o apoio do Legado Pontifício, conforme dispõe o cânone 364, 6º, do Código de Direito Canônico. E se restar alguma dúvida quanto ao ensinamento de amor do Santo Papa, está disponível na internet um vídeo do Papa Francisco com o título “O Vídeo do Papa – Diálogo Inter-religioso”, que traz uma mensagem simples e profunda: “creio no amor”, em razão do ano da misericórdia (2016).
Sejamos nós agentes desta busca por paz, sejamos pregadores do amor, seguidores do exemplo de Jesus Cristo e do nosso Santo Papa Francisco. Sejamos, de fato, Católicos Apostólicos Romanos, podendo contar, ainda, com a lição do Papa João Paulo II, que em mensagem aos participantes do encontro internacional “Homens e Religiões” nos ensina que: “Vencer as inúmeras incompreensões que separam e opõem os homens entre si: eis a tarefa urgente a que são chamadas todas as Religiões! A reconciliação sincera e duradoura é a via a seguir, a fim de dar vida a uma paz autêntica, fundada sobre o respeito e a compreensão recíproca. Ser artífice solerte da paz: este é o empenho de cada crente”.
REFERÊNCIAS
A BÍBLIA SAGRADA. Edição Pastoral. 86 ed. São Paulo: Paulus. 2012.
CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO, promulgado por João Paulo II, Papa. Conferência Episcopal Portuguesa. 4. ed. Editorial Apostolado da Oração – BRAGA, 2007. Disponível em: <http://www.vatican.va/archive/cod-iuris-canonici/portuguese/codex-iuris-canonici_po.pdf>
PAPA JOÃO PAULO II. Mensagem aos participantes do encontro internacional «homens e religiões» realizado em Pádua e Veneza. Disponível em < http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1997/october/documents/hf_jp-ii_spe_19971001_etchegaray.html></sup
Luís Gustavo Conde – Catequista na Catedral Metropolitana de São Sebastião, na Arquidiocese de Ribeirão Preto/SP, atuando na evangelização da turma de adultos. Autor de artigos para formação na doutrina cristã. Advogado e professor de cursos técnicos profissionalizantes. Marido da Patrícia e pai do Oliver.