O Papa sabe da evasão de fiéis, sabe dos indiferentes e conhece os desafios da Igreja na era pós-moderna
A Exortação Apostólica Evangelii Gaudium do Papa Francisco é deveras provocadora, desde as primeiras linhas, quando o Pontífice descreve a Igreja como ele a quer: “Uma Igreja ‘em saída’, que não olha para si mesma”. A intimidade da Igreja com Jesus é itinerante, e a comunhão se configura essencialmente como comunhão missionária (cf. EG 20-23).
A Igreja “em saída” é a comunidade dos discípulos missionários que tomam a iniciativa, que se deixam envolver e são capazes de ousar: “Ousemos um pouco mais ao tomar a iniciativa” (EG 24). Tudo isso, marcado pelo convite de “não sermos cristãos com cara de funeral” (EG 10). Outra expressão bastante tocante, e que tem forte repercussão missionária, é quando o Papa diz: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, do que uma Igreja enferma pela oclusão e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG 49).
Os sete ‘nãos’ do Papa Francisco
Lendo atentamente o documento, impressionam os sete ‘nãos’ do Papa Francisco, que, em chave positiva, podem se transformar em sete ‘sins’ a serviço da evangelização local e mundial.
1. “Não deixemos que nos roubem o entusiasmo missionário!” (EG 80). Sim a uma espiritualidade missionária positiva, capaz de ver, no dia a dia, as pegadas de Deus na humanidade.
2. “Não deixemos que nos roubem a alegria da evangelização!” (EG 83). Sim a um dinamismo missionário que seja sal e luz, com leigos protagonistas e bem formados para essa tarefa.
3. “Não deixemos que nos roubem a esperança!” (EG 86). Sim a uma evangelização baseada na confiança para sermos fontes de água viva.
4. “Não deixemos que nos roubem a comunidade!” (EG 92). Sim a uma mística que promova a fraternidade e saiba ver uma grandeza sagrada em cada próximo.
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5. “Não deixemos que nos roubem o ideal do amor fraterno!” (EG 101). Sim a uma espiritualidade que promova a reciprocidade, o diálogo, o testemunho da comunhão fraterna.
6. “Não deixemos que nos roubem a força missionária!” (EG 109). Sim à defesa e à promoção da vida em todas as suas formas no projeto do Reino de Deus.
7. “Não coarctemos nem pretendamos controlar essa força missionária da piedade popular” (EG 124). “O caminhar juntos para os santuários e o participar em outras manifestações da piedade popular, levando também os filhos ou convidando a outras pessoas, é em si mesmo um gesto evangelizador”, diz o Papa Francisco.
Uma Igreja tremendamente missionária
Exorta o Papa Francisco: “O Evangelho é claro: O Senhor convidou-os, ide em frente! E isso significa que o cristão é um discípulo do Senhor que caminha, que vai sempre em frente” (L’osservatore Romano, 20/02/2014, p.13). O Bispo de Roma quer uma Igreja tremendamente missionária. Sabemos que a missão dela é, por natureza, evangelizadora. O Papa sabe da evasão de fiéis, dos indiferentes e dos desafios para a Igreja na era pós-moderna; e a resposta para tais problemas é tão somente ir, sair e fazer acontecer a obra da pregação da Palavra de Deus, anunciar Jesus Cristo, o Salvador da humanidade.