A Igreja celebra o dia de orações pelas vocações sacerdotais e religiosas, no Domingo do Bom Pastor, com o tema “Vocações, sinais da esperança fundada na fé”. O mundo inteiro une-se em oração para implorar de Deus o dom de santas vocações e propor, de novo, à reflexão de todos, a urgência da resposta ao chamado divino.
A esperança é expectativa de algo positivo para o futuro, a qual deve, ao mesmo tempo, sustentar o nosso presente marcado, frequentemente, por dissabores e insucessos. Onde está fundada a nossa esperança? Na fidelidade de Deus à aliança, com a qual se comprometeu e renovou sempre que o homem a rompeu pela infidelidade, pelo pecado, desde o tempo do dilúvio (cf. Gn 8,21-22) até o êxodo e o caminho no deserto (cf. Dt 9,7); fidelidade de Deus que foi até o ponto de selar a nova e eterna aliança com o homem por meio do sangue de Seu Filho, morto e ressuscitado para a nossa salvação. A fidelidade de Deus é Seu amor que interpela a nossa existência, pedindo a cada qual uma resposta a propósito do que quer fazer da sua vida e quanto está disposto a apostar para realizá-la plenamente. (Cf. Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial de Orações pelas Vocações).
Assista: Vocação. Você já descobriu qual é a sua?
O cuidado amoroso de Nosso Senhor com seu rebanho se expressa no amor com que dá a vida por nós. Quem tem a chave que abre o livro da vida de cada pessoa (Cf. Ap 5,1-14) e reúne em torno de si uma multidão que ninguém pode contar (Cf. Ap 7,9) é o Cordeiro imolado, Aquele que se entrega inteiramente. O Cordeiro é o Pastor!
O relacionamento do Pastor-Cordeiro com Seu rebanho não é de poder despótico, mas se expressa nos vários passos do Evangelho, nos quais Ele se mostra servidor, atento aos fracos, doentes e pecadores, misericordioso, paciente, atento às demoras daqueles que Ele mesmo chama, pronto a lavar-lhes os pés e dar-lhes a vida em abundância.
Temos a alegria de ver, na Igreja, o multiplicar-se de jovens, rapazes e moças que enxergam um horizonte diferente em suas vidas. Suas perguntas já superam os interesses de posições sociais, riquezas ou reconhecimento social. Quando o novo Papa escolheu o nome Francisco, refloresceu no mundo a admiração pelo pobrezinho de Assis! É que os santos atravessam os séculos com sua ousadia e coragem. Crianças, adolescentes e jovens de nossa época também foram feitos para grande ideais, e o mundo será levado adiante justamente pelos heróis do coração e do serviço desinteressado. Mesmo pessoas afastadas da Igreja exultam ao ouvirem nomes como Beato João Paulo II, Beata Madre Teresa de Calcutá, Santa Edith Stein, Beata Chiara Luce Badano, Dom Helder Câmara, Chiara Lubich e outras personalidades. São pessoas que calibraram suas vidas com a têmpera do céu, dons de Deus oferecidos às gerações atuais.
As vocações para tal forma de vida existem e estão em nossas famílias e comunidades. Um apelo chegue aos pais e mães de família, no clima da Festa do Bom Pastor: comecem a perguntar a seus filhos, em casa, sobre o que Deus quer deles! Não reduzam os horizontes das novas gerações a interesses limitados como “o que você quer?, ou “como você terá maiores salários?”, ou ainda apenas a posição social relevante. Tudo isso pode ser e é importante, desde que as perguntas a respeito de plano e vontade de Deus comecem a ocupar os pensamentos e a orientar rumos das novas gerações. Não nos permitamos diminuir o que Deus pode lhes oferecer!
Para ter a coragem de orientar assim os que devem fazer escolhas na vida, três passos emergem como importantes. O primeiro é proporcionar um conhecimento adequado de Jesus Cristo. Anunciar o Cristo, conversar com Ele junto dos filhos, fazê-Lo hóspede, mais ainda, morador de cada casa. Os pais começam a evangelizar e catequizar seus filhos quando estes estão no ventre materno e não podem interromper esta missão!
Só no conhecimento de Jesus Cristo far-se-á luz a respeito da vida de cada pessoa. Olhar no espelho é muito pouco para descobrir o que se é! Só Jesus Cristo revela a cada ser humano o seu próprio ser e seus dons. Há que começar com Ele para, depois, chegar a cada pessoa com sua história. Perde tempo, ilude-se e não suscita vocações autênticas, inclusive para o matrimônio e, é claro, para a especial consagração do sacerdócio, vida religiosa e missionária e outras formas de consagração, quem não deixa Jesus Cristo passar na frente. Será fatal, pois quem quiser ganhar sua vida vai perdê-la, mas quem perder a sua vida vai ganhá-la (Cf. Mt 16,25).
Tendo escolhido Deus acima de tudo e encontrado sua própria história, vem à tona a terceira etapa, na qual se pergunta o que fazer e como viver, o que a Igreja chama de vocação específica. Descobri-la é uma graça que Deus quer oferecer a todos os seus filhos e filhas. Especialmente o mundo dos adultos tem sobre si imensa responsabilidade, pois lhes cabe oferecer esta visão inovadora da vida a adolescentes e jovens. Sim, vocação cristã, vocação humana e específica! É a estrada maravilhosa para a descoberta do olhar pessoal de Deus!
Se o desafio parece muito alto, a Igreja põe em nossos lábios e em nossos corações a súplica adequada: “Deus eterno e Todo-Poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor. Amém.”