Na plenitude dos tempos, Deus escolheu uma jovem de Nazaré para uma missão única e extraordinária: ser o instrumento pelo qual o Verbo se faria carne para habitar entre nós (cf. Jo 1,14). Esse grandioso mistério fez de Maria a Theotokos, a “Mãe de Deus” – título que não é apenas uma devoção, mas uma verdade essencial da fé cristã, definida solenemente no Concílio de Éfeso em 431. Já no século III, Santo Hipólito afirmava que “o Verbo assumiu
a carne na Virgem e se fez homem, enquanto permanecia Deus”. A maternidade divina é, desse modo, um grande alicerce da nossa salvação: em Maria, Deus se fez um de nós.
Eis aí tua mãe
Na Liturgia, essa verdade resplandece, entre outros textos, na antífona da missa Solenidade da Mãe de Deus que proclama: “Salve, Mãe santa: deste à luz o Rei que governa o céu e a terra pelos séculos eternos”. O ano começa com o rosto de Maria, que nos apresenta Jesus, o Príncipe da Paz. Como ensina Santo Atanásio: “Maria é verdadeiramente Mãe de Deus porque deu à luz segundo a carne ao Verbo de Deus feito homem.” Mas Maria, como toda mãe, acompanha seu filho por toda a vida. No alto da cruz, Jesus a entrega ao discípulo amado quando disse: “Eis aí tua mãe” (Jo 19,27). A Tradição vê nessa cena o nascimento da maternidade espiritual de Maria sobre toda a Igreja. Como ensina São João Paulo II, “a maternidade de Maria, assumida junto à cruz, acompanha a
Igreja desde então”. Também o Concílio Vaticano II afirma que: “Ela é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus e do Redentor… e é também, de maneira toda singular, Mãe dos membros de Cristo” (Lumen Gentium, 53).
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Mãe da Igreja e Mãe da humanidade
Maria é, portanto, Mãe da Igreja e Mãe da humanidade. Ela nos gera para a vida da graça, com paciência e ternura, como verdadeira educadora da fé. Santo Irineu de Lião dizia: “Assim como Eva, por sua desobediência, trouxe a morte, Maria, por sua obediência, tornou-se causa de salvação para si e para toda a humanidade.” Por isso recorremos sempre a Maria com confiança. Sua presença materna é discreta, mas eficaz, como em Caná; ela intercede, aponta para Jesus e diz: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5).
Maria é modelo de toda maternidade
Olhar para ela nos faz ter um coração agradecido àquela que é modelo de toda maternidade. Maria ensina as mães do mundo a gerar a vida com amor, a cuidar com delicadeza, a educar com firmeza e fé. Cada gesto materno carrega um reflexo da ternura divina. Celebrar Maria é também honrar todas as mulheres que, como ela, doam a vida por
amor. Que Nossa Senhora, Mãe de Deus, da Igreja e nossa Mãe, abençoe e proteja todas as mães, sustentando-as na missão sagrada de amar sem medida.
Pe. Diogo Shishito dos Santos
Diocese de Mogi das Cruzes
Especialista em Liturgia