A última vela acesa no último domingo do Advento, aquele que antecede o Natal, representa o ensinamento dos profetas que anunciaram um Reino de paz e de justiça. Vela branca porque é o símbolo da paz que Jesus veio trazer. Os profetas anunciaram um reino de paz e de justiça com a vinda do Messias. O profeta Isaías apresenta o Senhor como o “Deus Forte, o Conselheiro Admirável, o Príncipe da Paz” (Is 9). No seu Reino, acabarão a guerra e o sofrimento; “o boi comerá palha ao lado do leão; a criança de peito poderá colocar a mão na toca da serpente sem mal algum” (Is 11). É o Reino de Deus que o Menino nascido em Belém vem trazer: Reino de paz, verdade, justiça, liberdade, amor e santidade.
A liturgia deste quarto domingo do Advento é toda já orientada para o nascimento do Senhor, que vem simples, humilde, desapegado de tudo, mas Rei e Senhor.
O profeta exclama:
“Derramai, ó céus, lá de cima, o vosso orvalho (…) abra a terra e faça germinar o Salvador” (Is 45,8). Em primeiro lugar, surge a profecia do Emanuel: “O próprio Senhor vos dará um sinal: ‘Uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho que se chamará Emanuel’ (Is 7,14; Mt 1,22). São Paulo nos revela que o mistério mantido, desde sempre, agora foi manifestado. “Agora, este mistério foi manifestado e, mediante as Escrituras proféticas, conforme determinação do Deus eterno, foi levado ao conhecimento de todas as nações para traze-las à obediência da fé” (Rm 16,25-27).
E a Igreja nos põe diante do grande mistério da Encarnação do Verbo. Paralela à fidelidade de Deus que cumpre suas promessas messiânicas, a Igreja nos apresenta a fidelidade de Maria, em quem cumpriram as Escrituras:
“O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se- á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim… O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus… Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.” (Lc 1,28-38).
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O exemplo de Maria deve ser modelo
O “faça-se” (fiat) de Deus criou todas as coisas; o “faça-se” de Maria deu origem à redenção de todas as criaturas. Maria é o templo da Nova Aliança, imensamente mais precioso do que aquele que Davi quis construir, e que foi construído por Salomão. Templo que guarda nele não a Arca santa, mas o Filho de Deus. O exemplo de Maria deve ser o modelo a seguir para todos que vão celebrar o Natal do Seu Filho.
Tudo o que Deus tinha prometido se cumpriu apesar dos acontecimentos adversos da história, dos pecados dos homens e das culpas e impiedades dos próprios sucessores de Davi, de quem deveria nascer o Messias. “Fiz uma aliança com o meu eleito, jurei a Davi, meu servo (…) eternamente lhe assegurarei o meu favor e a minha aliança com ele será feliz” (Sl 89,29). “O Pai das misericórdias quis a aceitação, por parte d’Aquela que Ele predestinara para ser Mãe, precedesse a Encarnação” (LG, 56).
A liturgia do último domingo do Advento lembra-nos a profecia de Miqueias, com seu nascimento humilde na pobre Belém: “De ti, Belém-Efratá, é que há de nascer Aquele que reinará sobre Israel” (Miq 5,1). Ele veio trazer a paz e a salvação a todos os homens. E lembra-nos a disposição do Filho de Deus no momento de Sua Encarnação: “Eis-me aqui (…) Eu vim, ó Deus, para fazer a Tua vontade” (Heb 10,7).
Essa deve ser a mesma disposição de todo cristão que se prepara para celebrar o Natal do Senhor.