Padre Pio, tão querido e conhecido santo, diz que a oração do terço ou rosário é a “arma mais poderosa contra todas as batalhas”. Não me surpreende que, nesses tempos tão exigentes que vivemos, testemunhamos também um significativo desabrochar dessa devoção até mesmo através das mídias sociais. Quantos de nós têm um conhecido ou parente que passou a acordar de madrugada para rezar o terço! O que tem atraído tanta gente a essa prática? Posso dizer, por experiência própria, que quem começa a oração do terço com devoção tem o seu interior e a própria vida transformados.
A origem e difusão do terço
A origem dessa oração, segundo a tradição, vem de um antigo costume dos monges de rezar contando com pedrinhas; na idade média, a prática foi adotada pelos fiéis e se regulamentando aos poucos até o formato atual. Mas sua grande divulgação, de acordo com uma forte tradição, ocorreu depois que são Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Dominicanos, foi enviado pelo Papa Gregório IX para converter os hereges cátaros na França (1227-1241) e recebeu a visita de Nossa Senhora, que lhe apresentou o Rosário como a arma para a conversão dos hereges e o instruiu a espalhar a devoção.
Desde então, São Domingos e os dominicanos difundiram a devoção por toda Europa e pelo mundo. Foi, inclusive, um papa dominicano, São Pio V, quem instituiu a Festa de Nossa Senhora da Vitória em 1571 (mais tarde rebatizada de Festa de Nossa Senhora do Rosário pelo Papa Gregório XIII). Foi esse pontífice, Pio V, que também determinou o teor dos mistérios que acompanham cada dezena. A contemplação dos mistérios torna o terço extremamente catequético, pois nos faz percorrer toda a caminhada de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Foi também São Pio V que atribuiu a eficácia do terço na vitória naval de Lepanto, em 7 de outubro de 1571, salvando os cristãos do Ocidente da invasão dos turcos otomanos mulçumanos que queriam dominar a Europa e acabar com o cristianismo. Por isso, o Papa Pio V instituiu a festa de Nossa Senhora do Rosário para o dia 7 de outubro. E a vitória de Lepanto foi apenas um dos relatos das intervenções sobrenaturais através do terço em diversas nações e regiões. Relatos mais recentes podem ser conferidos em, por exemplo, inúmeros testemunhos de sobreviventes do massacre de Ruanda, em 1994, que escaparam da morte certa através da oração do terço.
O terço na vida familiar e na história
Outro elemento muito evidente, a meu ver, pode ser notado na vida familiar de santos e sacerdotes. Há muitos relatos de que suas famílias tinham o piedoso costume de rezar o terço, e atribuem a isso o florescimento de vocações e santidade no seio familiar.
Poderíamos ficar relatando, em todo o texto, inúmeras graças, conversões, curas, salvamentos, milagres através dessa poderosa oração. Mas optamos por deixar o testemunho irrefutável de Papas e santos. Primeiramente, destacamos o Papa Leão XIII, que determinou o mês de outubro como dedicado, em todas as paróquias, à reza do Rosário. Praticamente, todos os Papas valorizam e recomendam, vivamente, a oração do terço, especialmente os últimos papas, sobretudo a partir das aparições de Lourdes (1858) e Fátima (1917). Em Fátima, Nossa Senhora disse aos pastorinhos que “não há problema de ordem pessoal, familiar e nacional que a oração do Terço não possa ajudar a resolver”. Muitos papas também dedicaram a essa devoção muitos documentos e encíclicas.
Em 10 outubro 2010, o Papa Bento XVI disse que o Rosário é “a oração mais querida pela Mãe de Deus, e que conduz, diretamente, a Cristo”. Agora, veja esse lindo relato de São João Paulo II: “Desde a minha juventude, essa oração teve um lugar importante na minha vida espiritual. A ele confiei tantas preocupações; nele, encontrei sempre conforto. Vinte e quatro anos atrás, no dia 29 de outubro de 1978, apenas duas semanas depois da minha eleição para a Sé de Pedro, quase numa confidência, assim me exprimia: «O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade.”
O Papa Paulo VI também foi um dos muitos que deixou sua contribuição a respeito da devoção: “Por sua natureza, a recitação do Rosário requer um ritmo tranquilo e uma certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor, vistos através do coração daquela que mais de perto esteve em contato com o mesmo Senhor, e que abram o acesso às suas insondáveis riquezas”.
Parece-me que foram essas insondáveis riquezas que os santos souberam encontrar na contemplação dos mistérios do terço, vejamos alguns relatos:
São Pio X:
“Se quiserdes que a paz reine em vossas famílias e em vossa Pátria, rezai todos os dias, em família, o Santo Rosário.”
São João Bosco
“Todas as minhas obras e trabalhos têm como base duas coisas: A Missa e o Rosário”.
São João Paulo II
“O Rosário acompanhou-me nos momentos de alegria e nas provações. A ele confiei tantas preocupações; nele encontrei sempre conforto”.
São Pio de Pietrelcina
“Amai Nossa Senhora e tornai-a amada. Rezai sempre o seu Rosário e divulgai-o.”
Santa Teresa de Calcutá:
“Apegue-se ao Rosário como as folhas de hera se agarram na árvore, porque sem Nossa Senhora não podemos permanecer.”
Façamos como esses tão queridos santos e papas que encontraram, na oração do terço, força e luz para caminharem nesse mundo. Quem faz a experiência não deixará nunca mais de empunhar tão poderosa arma.