Catequese

Oração cristã: um encontro com Deus e consigo

A Igreja vive o ano santo de oração, convocado pelo Papa Francisco em preparação para o Jubileu da Esperança, que se iniciará no dia 24 de dezembro de 2025. Este ano tão esperado para toda a Igreja, onde o Senhor derrama abundantes graças e misericórdia sobre nós por meio dos seus ministros e da sua Igreja.

Dando sequência as nossas catequeses sobre a virtude da oração, desta feita baseando-se nas catequeses que o Papa Francisco realizou, em 2020, sobre essa virtude tão necessária que é a oração.

A oração como caminho de interioridade e conexão com Deus

Vamos fazer sequência com a catequese número dois do Papa Francisco no dia 13 de maio. Nesta, o Papa nos fala com o tema “a oração cristã”. A oração cristã se diferencia em muito das outras orações, em especial de outras religiões, por uma racionável característica. A quem oramos?

O encontro consigo na oração

Antes de tudo, a oração, diz o Papa Francisco, é um encontro com você mesmo. Para poder fazer uma boa oração, eu tenho que encontrar-me comigo, tenho que conhecer quem eu sou, as minhas misérias. Assim como falávamos na catequese passada, sobre Bartimeu, às vezes, somos esse cego jogado no caminho da vida, necessitamos clamar a Jesus.

Desvendando o “você” na oração

Mas quem é esse você? Não podemos simplesmente invocar qualquer pessoa, qualquer coisa que vem pela nossa cabeça. Por quê? Porque, verdadeiramente, não podemos encontrar somente na selva ou na cidade, ou em qualquer tempo, temos que conhecer quem é esse você.

A revelação divina na oração cristã

A maior características da religião cristã é a revelação. Nela, Deus se manifesta; na epifania, Ele se revela a nós, vindo até nós, mostrando o Sua face. Assim, Jesus é a face de Deus, visível a nós, que podemos tocar, que se aproxima de nós não como esse Deus distante, oculto, como no Monte Horeb ou no Sinai, com as pessoas que estavam atemorizadas ali. Neste episódio, o povo clamou a Moisés: “Fala-nos tu mesmo, e te ouviremos; mas não nos fale Deus, para que não morramos”, pois eles, na verdade, estavam assustados pelas chamas e pelos trovões.

A confiança no Deus próximo

Nós não temos esse medo por quê? Porque Deus se revela a nós como um amigo, alguém íntimo, como Aquele que vem ao nosso encontro, sabendo das nossas dificuldades, que nos escutar, senta ao nosso lado e nos diz: “Fala, amigo, eu te escuto”.

O “Pai-Nosso”, expressão da confiança e intimidade

A oração, antes de tudo, deve ter essa confiança. Por isso Jesus nos revela a oração mais importante que existe, uma oração afetiva e penetrante, o “Pai-Nosso”. Chamar Deus de Pai, Aquele que vem ao nosso encontro, que nos protege e abraça, um abraço paterno.

Encontrando Deus em nosso interior

Na oração, não podemos olhar para Deus como esse Ele estivesse distante, mas sim como um Deus que está dentro de nós. Por isso é um encontro do “eu comigo mesmo”. Encontrar esse Deus dentro nos lembra uma frase bonita de Santo Agostinho: “Tu estavas dentro de mim e eu não sabia. Te busquei por todos os lados e aqui estavas”.

Superando as distrações e buscando a interioridade

Então, temos que encontrar esse Deus que está próximo de nós, tão perto que, às vezes, não O notamos. Porque existem tantas coisas ao nosso redor, tantas coisas que nos fazem não ter uma vida interior, que nos fazem buscar mais o materialismo, as coisas fáceis da vida. Esquecemo-nos de entrar no nosso interior, onde nós podemos  encontrar esse Deus amoroso, tão bondoso que nos ama e nos quer, que nos eleva a ser cada dia melhores. Mas é preciso entender que se nós não penetrarmos em nós mesmos, não conseguiremos encontrar esse Deus que é tão amável, tão pai. Assim não podemos, de maneira alguma, verdadeiramente orar.

A completude da oração: sintonia entre sentimento, razão e expressão

Na oração, encontramos esse Jesus amigo, que nos quer e nos ama. Por isso eu vos convido para que, em nossas orações, nós não sejamos somente afetivos, ainda que os sentimentos sejam necessários, contudo, somente eles não fazem uma oração, que nos expressemos sim com o falar, mas que seja, acima de tudo, a expressão do conjunto de tudo o que somos.

A oração como um abraço paterno

Eu gosto muito da expressão:  “a oração é como um abraço de Pai”. O abraço que é carinhoso, amoroso, onde eu sinto que estou seguro. Temos que encontrar isso na oração.

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Perseverança: essencial na jornada de oração

A oração também é uma perseverança, pois não podemos nos resumir à parte afetiva, ao sentir ou somente na parte intelectual, de pensar, ou somente nas palavras, na oração vocal. A oração deve ser com todo nosso ser, como humanos e filhos de Deus. Vamos orar e encontrar esse Deus amoroso que sempre nos abençoa.

Por isso, eu vos abençoo, hoje, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Muito obrigado!

Padre Jonathas Fernandes de Souza
Sacerdote pertencente ao Vicariato Apostólico de Mitú, na Selva Amazônica Colombiana. Brasileiro que, há 9 anos, trabalha nessa missão.  Sacerdote ordenado há seis anos.