Quem esmerou-se por viver, sem as costumeiras distrações da vida, tudo o que a Igreja nos ofereceu nas últimas semanas por meio da sua santa Liturgia, hoje está preparado para viver com profundidade o extraordinário evento que será celebrado com muita alegria nas próximas horas. Na noite de hoje, a partir das Primeiras Vésperas (final da tarde), inicia-se o Tempo do Natal. Trata-se de um novo tempo litúrgico, o mais venerável depois da Páscoa. Assim, todos os anos, no dia 24 de dezembro, com a realização das Primeiras Vésperas, inicia-se o Tempo do Natal do Senhor. Seu término dar-se-á no dia 6 de Janeiro com a celebração da Festa da Epifania do Senhor, ocasião em que somos convidados a fazer memória da Festa do Batismo do Senhor.
A festa do Natal, no dia 25 de dezembro, é mencionada, pela primeira vez, no ano de 354 em Roma. Porém, há razões para considerar que ela já viesse sendo celebrada há alguns anos. De Roma, ela se estendeu rapidamente para a região de Antioquia, Capadócia, Jerusalém e Egito.
Sabe-se, pois, que o dia 25 de dezembro não é a data precisa do nascimento de Jesus, porém, sua fixação, neste dia, não foi por acaso. Dentre as diversas explicações que se tem conhecimento hoje em dia, existe uma muito interessante e que merece ser partilhada.
Reflita sobre as Vésperas do Natal
Havia, antigamente, uma festa pagã cuja divindade, o sol, era colocada no centro da celebração. Era a festa do sol invencível (solis invicti). Conforme conta a lenda pagã, este deus da luz nasceu justamente à meia-noite de 24 para 25 de dezembro. Ao sair de uma pedra, ele fora adorado pelos pastores daquela região. Já adulto, Mitra, o deus sol, vencera seu grande inimigo (o touro) e, por causa disso, passou a ser cultuado também pelos soldados. Muitos imperadores do final do século III prestavam devoção a este deus.
A celebração tinha tanto apelo nesta época, que aboli-la seria quase impossível, afinal, era a grande festa do imperador. Muito sabiamente, os cristãos transformaram-na em uma festa litúrgica. O dia da festa permanecera intacto, porém, o deus Mitra fora eliminado pelos cristãos. A festa, então, fora consagrada ao nascimento de Nosso Senhor, pois Jesus Cristo é a verdadeira Luz, o Sol de justiça, aquele que nasceu de uma Virgem e fora adorado pelos pastores. A respeito desse caso, fala Santo Agostinho no século V: “Celebremos este dia não como os infiéis por causa deste sol, mas por causa daquele que fez este sol”.
Este tempo do natal-epifania, portanto, é um período propício para nos aprofundarmos no conhecimento e na experiência concreta com o amor do Pai manifestado pelo nascimento miraculoso do Menino Deus. Um Deus que, ao nascer no corpo humano, manifestou-se de modo palpável e surpreendente a todos nós. É também um tempo de profunda reverência a Virgem Maria, a Mãe do Salvador.
Missa das Vésperas – Vigília de Natal
Ao cair da tarde, ou no início da noite de hoje, a liturgia natalina contempla a celebração da Santa Missa da Vigília do Natal. Trata-se de uma liturgia preparatória para o grande acontecimento das próximas horas. Cabe relembrar que a Missa da Vigília ainda não se trata da Missa da Noite, comumente chamada de Missa do Galo, trata-se de uma celebração anterior. A antífona de entrada da Santa Missa da Vigília dá, logo de início, o tom expectante da celebração: “Hoje, sabereis que o Senhor vem e nos salva; amanhã, vereis a sua glória”.
Das insondáveis entranhas do amor e da misericórdia de Deus nascerá o verdadeiro Sol invencível. Ele brilhará do alto e iluminará as trevas e sombras da morte. O Sol que ilumina a nossa vida está para nascer.
Nesse evento singular, especialmente na véspera desse acontecimento, a Virgem Maria ganha um relevo todo especial. O que ela estaria fazendo neste exato momento? Estaria, ainda, no lombo do burrinho ou já haveria encontrado abrigo no lugar mais simples da hospedaria? Não tem tanta importância o exterior quando nos voltamos para o seu interior. Seu espírito estava certamente recolhido, e sua alma estava totalmente imersa na mais sublime vontade de Deus.
Maria, por graça de Deus, jamais ficara sob o domínio do pecado, seja o original, seja o pessoal. Tendo sido preservada da mancha original, tudo nela era harmonia e beleza, assim como era no começo do mundo. Ela estava ainda mais enobrecida, completamente embelezada pela presença da Santíssima Trindade em sua alma. A Virgem Maria é uma mulher sem igual na face da Terra.
Ninguém soube tratar Jesus como a Sua mãe
Ela nos ensina, por meio da liturgia dessas vésperas do Natal, a jamais abandonarmos a oração e o trato com o Senhor. Sem a oração, tornamo-nos ainda mais enfraquecidos; com ela, seremos capazes de levar a bom termo toda a nossa missão. Basta olharmos para a Virgem Maria e perceberemos a que ponto uma vida de oração contínua pode nos levar. A oração nos dá forças para empreendermos grandes projetos, para mantermos a nossa fé robustecida, para nos impulsionar à vivência da caridade, da pureza e da generosidade, enfim, para vencermos as tentações que nos levam ao pecado.
A Virgem Maria nos mostra que a oração é um dever e, ao mesmo tempo, uma alegria. Ela nos leva a uma intimidade com o Senhor. O Senhor, por sua vez, acolhe-nos, escuta-nos e presta atenção a cada palavra, a cada pensamento. Mesmo quando não há palavras, Ele lê o nosso silêncio e as nossas boas disposições.
É certo que nenhuma pessoa deste mundo soube tratar Jesus como tratou Sua Mãe. Em seguida, vem José, um homem corretíssimo e cheio de verdade em Seu coração. Aquele que, depois de Maria, a Igreja permite que seja usado o modo superlativo para referir-se a ele, o nosso gloriosíssimo São José. Podemos imaginar José contemplando Jesus por longas horas numa atitude humilde e de sincera veneração.
Temos a mesma oportunidade de Maria e José
Maria e José viram Jesus nascer. Dentro de poucas horas, teremos a mesma oportunidade. Os pais de Jesus tiveram a graça de contemplar o nascimento material do Filho; nós teremos a grande graça de contemplar Seu nascimento no nosso coração, na nossa alma.
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Deus abençoe você!
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