Santo Ambrósio foi um pregador cheio do Espírito Santo
Santo Ambrósio nasceu em Treves pelo ano 340. Ainda catecúmeno, quando por aclamação popular tornou-se bispo de Milão, Itália. Dedicou-se sobretudo ao estudo da Sagrada Escritura, com tanto empenho que logo a dominou.
Não era um intelectual puro; mas, um ótimo administrador da comunidade cristã confiada a ele. Tornou-se um verdadeiro pai espiritual dos jovens imperadores Graciano, Valentiniano II e do temível Teodósio I, que não hesitou em repreender asperamente, exigindo dele uma penitência pública de expiação quando, para conter uma revolta, fez massacrar a população de Tessalônica.
Santo Ambrósio é o símbolo da Igreja renascente após os sofridos anos de vida escondida e das perseguições romanas. Santo Agostinho foi seu ouvinte assíduo, como refere-nos em suas Confissões; tendo sido batizado por ele.
Os seus célebres Comentários exegéticos, antes de serem reunidos em volumes, tinham sido pregados à comunidade cristã de Milão. Sente-se aí palpitar o coração de um grande bispo, que consegue suscitar a comoção nos ouvintes com argumentações carregadas de emotividade e de interesse. Gostava de fazer o seu povo cantar e compôs um bom número de hinos, alguns dos quais ainda hoje são bastante familiares na liturgia ambrosiana.
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Confira trechos de um de seus escritos, Tratado sobre a fuga do mundo:
Onde está o coração do homem está bem o seu tesouro; pois Deus não costuma negar o bem aos que lhe pedem.
Porque o Senhor é bom, e é bom sobretudo para os que nEle esperam. Unamo-nos a Ele, permaneçamos com Ele de toda a nossa alma, de todo o coração e com todas as forças, para vivermos na sua luz, vermos a sua glória e gozarmos da graça da felicidade eterna. Elevemos nossos corações para esse bem, permaneçamos e vivamos unidos a Ele, que está acima de tudo o quanto possamos pensar ou imaginar; e concede a paz e a tranqüilidade perpétuas, uma paz que ultrapassa toda a nossa compreensão e sentimento.
É esse o bem que tudo penetra; todos vivemos nele e dele dependemos; nada lhe é superior, porque é divino. Só Deus é bom, e portanto, o que é bom é divino, e o que é divino é bom; por isso se diz no salmo: Vós abris a mão e todos se fartam de bens (Sl 103,28). É, com efeito, da bondade de Deus que nos vêm todos os bens, sem nenhuma mistura de mal.
Esses bens são os que a Sagrada Escritura promete aos fiéis, dizendo: Comereis dos bens da terra (Is 1,19).
Nós morremos com Cristo e trazemos em nosso corpo a morte de Cristo, para que também a vida dEle se manifeste em nós. Portanto, já não é a nossa própria vida que vivemos, mas a vida de Cristo: vida de inocência, vida de castidade, vida de sinceridade e de todas as virtudes. Também ressuscitamos com o Senhor; vivamos, pois, unidos a Ele, subamos com Ele a fim de que a serpente não possa encontrar na terra o nosso calcanhar e feri-lo.
Fujamos daqui. Você pode fugir com o espírito, embora permaneça com o corpo; pode ficar aqui e estar ao mesmo tempo junto do Senhor se seu coração estiver unido a Ele, se seus pensamentos se fixarem nEle, se percorrer os caminhos dEle, guiado pela fé e não pelas aparências, se você se refugiar junto dEle que é nosso refúgio e nossa força, como disse Davi: Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor, que eu não seja envergonhado para sempre (Sl 70,1).
Já que Deus é o nosso refúgio e está nos céus e no mais alto dos céus, é preciso fugir daqui para as alturas, onde reina a paz, onde repousaremos de nossas fadigas, onde celebraremos o banquete do grande Sábado, como disse Moisés: O repouso sabático da terra será para vós ocasião de festim (Lv 25,6). Descansar em Deus e contemplar as delícias divinas, é, na verdade, um banquete, cheio de alegria e felicidade.
Fujamos, como os cervos, para as fontes das águas. Que a nossa alma sinta a mesma sede de Davi. Qual é esta fonte? Escute o que ele diz: Em vós está a fonte da vida (Sl 35,10). Diga minha alma a esta fonte: Quando terei a alegria de ver a face de Deus? (Sl 41,3). Porque a fonte é o próprio Deus.