Tomé é um dos doze apóstolos do Senhor, é aquele que, diante da ressurreição, mostrou-se um pouco incrédulo por não ter visto o Senhor e as marcas que trazia em seu corpo. Segundo a tradição e os escritos de Orígines e Eusébio de Cesareia, após a ressurreição, São Tomé partiu em missão e evangelizou primeiro a Síria e a Pérsia, depois, foi até a Índia ocidental e, depois, alcançou também a Índia meridional, onde levou o evangelho de Cristo a todas as pessoas e a experiência com o Ressuscitado.
O caminho de reconhecimento de Cristo se dá através de Suas feridas, nelas fomos salvos e gerados. Papa Francisco em uma de suas homilias assim se expressa: “Tomé, para acreditar, quis colocar seus dedos nas chagas: era um cabeça dura. Mas o Senhor escolheu precisamente um cabeça dura para nos fazer entender uma coisa tão nobre. Tomé viu o Senhor e foi convidado a colocar o dedo em suas chagas e não disse: é verdade: o Senhor ressuscitou. Mas, foi mais além e disse: ‘meu Senhor e meu Deus’. Assim, ele foi o primeiro dos discípulos a confessar a divindade de Cristo, depois da ressurreição. E o adorou”.
A incredulidade e falta de fé de Tomé
A partir do contato com as chagas gloriosas de Cristo Ressuscitado, Tomé é tocado em sua incredulidade e falta de fé. E, a partir desse encontro, reconhece a Divindade daquele que está a sua frente e venceu a morte. Cristo, ao se apresentar a Tomé, mostra as Suas feridas, não as esconde, Suas feridas foram transformadas pela Páscoa, feridas essas de amor! Ele não tem vergonha das Suas chagas, ao contrário, deixa Tomé tocá-las, deixa o incrédulo tocar Sua ferida que não é mais de dor, mas foi transformada. A ferida da incredulidade toca a chaga da fonte da fé. O incrédulo transformou-se no homem de fé. Só quem tem a coragem de expor as Suas feridas a Cristo Ressuscitado verá em si a ressurreição.
Não existe ferida que a ressurreição de Cristo não cure. Não existe dor que as chagas gloriosas do Senhor não transforme. Um Cristo que não traz Suas feridas gloriosas é um Cristo falso. O venerável Fulton Sheen, um grande bispo americano dos anos 60, assim nos diz: “Satanás pode se apresentar sob muitos disfarces, até semelhantes a Cristo, e no fim do mundo aparecerá como benfeitor e filantropo – satanás nunca apareceu nem nunca aparecerá com cicatrizes. Somente o amor celestial pode mostrar as marcas da maior dádiva de amor numa noite para sempre no passado.” Só o amor mostra suas cicatrizes!
Jesus é o ressuscitado que passou pela Cruz! Suas feridas passaram pela Cruz e se tornaram luz. Elas já não doem Tomé, mas estão como eterna memória de um grande amor, de uma amor que vence a incredulidade e a falta de fé!
Feridas gloriosas
Qualquer ferida que trazemos em nós, ao se deixar tocar por Jesus Ressuscitado, se transformará em feridas também gloriosas, não apodrecerão pelo ódio da angústia ou da decepção, más será Páscoa. Tomé era discípulo de Jesus há algum tempo já, mas ainda não acreditava o suficiente, era muito incrédulo. Não basta conviver com Jesus, é preciso se encontrar verdadeiramente com Ele e deixar que nos transforme por inteiro.
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Só o bálsamo de uma misericórdia genuína cura as feridas da alma, aquelas que só o Pai vê! Só quem tem a coragem de se expor, de tocar, de se deixar tocar passará da morte à vida. São Tomé, mais do que tocar em Jesus, se deixou ser tocado por Ele e, por ser tocado, reconhece que Aquele a quem ele dedicou sua vida é verdadeiramente o seu Deus e Senhor. Muitas vezes, temos medo de nos expor para Deus e para os irmãos, temos medo dos supostos julgamentos das pessoas e dos olhares maldosos. Jesus se apresenta como a paz, é aquela paz que muda tudo quanto toca.
É no meio da sua pequena comunidade que Jesus se mostra e é no meio da comunidade que Tomé vê Jesus e toca n’Ele e, ao tocar, é também tocado. Uma semana antes, Tomé não estava reunido com a comunidade e, por isso, não vê o Senhor com os demais, pois é na fraternidade que o Senhor se revela e se faz presença. Tomé estava só e, por estar só em sua incredulidade, não viu o Senhor. Portanto, meus irmãos, a comunidade é o ambiente propício para nos encontrarmos com o ressuscitado e, assim, ser sinal de ressurreição na vida de muitos. Não posso ter medo de colocar minha dor na dor d’Aquele que tanto sofreu e hoje canta seu eterno aleluia! Quem esconde suas feridas morre nelas! Sufoca-se no meio de tanta dor e angústia.
Eu quero a fé!
É preciso suplicar o dom da fé, o dom de sempre crer. Mesmo quando os ventos sejam contrários, que a fé sempre arda em nosso coração, fé essa que nos foi dada pelo próprio Senhor no nosso batismo. A Igreja no rito do Batismo pergunta ao catecumeno: “O que tu queres?”. Ele responde: “A fé”. Quero a fé! “. Num mundo onde queremos tantas coisas e onde a cultura do consumismo impregna tudo à nossa volta, é preciso querer e renovar sempre a nossa fé. Eu quero a fé, mais do que pedir milagres, eu preciso pedir o dom da fé, de sempre ser crente, de crer acima de tudo.“Dai-me Senhor a fé”, e isso me basta!
Por isso,”Quero aproximar-me de Ti e alcançar, com o desejo, aquilo que, por agora, não posso conseguir”. Mas do fundo da minha alma, assim como São Tomé, eu grito: “Meu Senhor e meu Deus”. As cicatrizes permanecem, mas não doem mais. E aquele que era ferido em sua falta de fé, agora, crê e professa sua fé com coragem.
Que o exemplo de São Tomé nos ajude a sermos homens e mulheres de fé, que, diante de tantas incredulidades, assumamos nossa fé com coerência e testemunho de vida.