No artigo anterior, trabalhamos o atributo “santa” da nossa Igreja Católica. Vimos que ela é, “aos olhos da fé, indefectivelmente santa”, ou seja, não possui manchas conforme nos afirma o Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 823. Vimos também que os erros cometidos pertencem aos filhos infiéis da Igreja, mas, como uma mãe, ela assume sobre si o pecado daqueles que ela mesma gerou no batismo, para que possam ser superados.
Este é o quarto e penúltimo artigo dessa série, e trataremos sobre o atributo “católica”. O que significa quando digo que minha Igreja é católica? A Igreja Católica é para todos, sem exceção! Segundo o Dicionário Teológico Enciclopédico, o termo “católico” deriva da junção de outras duas palavras em grego: “kata” (na direção de) e “holon” (todo). Assim, a tradução seria “na direção de todos”, “para todos”. O Catecismo da Igreja Católica, no seu parágrafo 830, afirma que esse termo significa “universal”, no sentido de “segundo a totalidade” ou “segundo a integralidade”. A Igreja, portanto, “é católica em duplo sentido”.
A catolicidade da Igreja Católica
Saindo um pouco desse contexto mais rigoroso da etimologia, o termo universal já nos dá uma excelente noção do que ele carrega em si. “Universal” lembra “universo”, que também lembra universalidade. Fazendo a junção de todos esses conceitos e significados, podemos afirmar, em um primeiro momento, sem medo de errar, que a Igreja é católica, porque é para todos, sem exceção.
Em maio de 2014, durante a homilia em uma Santa Missa celebrada na Casa Santa Marta, o Papa Francisco fez uma reflexão acerca da conversão dos primeiros pagãos ao cristianismo. Essa reflexão causou o maior reboliço no meio dos ufólogos. Sites e blogs que tratam da ufologia fizeram muitas matérias dizendo que o Papa Francisco acreditava na existência de marcianos, e que o vaticano estava preparando o mundo para a visita de extraterrestres. Na verdade, todas essas notícias estavam distorcendo o real sentido das palavras de Francisco.
Até os extraterrestres podem ser batizados?
Veja o comentário do Papa: “Se amanhã aparecesse uma expedição de marcianos, por exemplo, alguns viessem até nós – verdes, com aquele nariz longo e as orelhas grandes, como desenham as crianças – e um deles dissesse: ‘Eu quero o batismo’, o que aconteceria?”. Nota-se, neste questionamento, até mesmo inocente, uma espontaneidade própria de Francisco, mas, no fundo, traz em si uma mensagem muita profunda.
O Papa não estava defendendo a existência de ETs. Nada disso! Ele estava querendo dizer que as portas da Igreja Católica estão abertas para todos. Quantos ETs, muito embora vivam no planeta Terra, estão tão afastados da possibilidade de encontrarem a verdade, que mais parecem marcianos? Esses “ETs” precisam também do batismo. Eles precisam encontrar Cristo e pertencer à única Igreja de Nosso Senhor.
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Os sacramentos
Quero apenas abrir um breve parênteses. No primeiro artigo dessa série, falamos um pouco mais sobre o batismo, que é a porta pela qual se entra na Igreja. Vale a pena conferir! A plenitude dos meios de salvação encontra-se na Igreja Católica. Por outro lado, a Igreja é católica (universal), porque possui a plenitude dos meios da salvação. Em outras palavras, não falta a ela nenhum dos elementos que ajuda o povo de Deus a alcançar a santidade, a chegar ao céu. Repito, não falta a ela nenhum sacramento.
Do nascimento à morte, eles [os sacramentos] se fazem presentes por meio da Igreja, na força do Espírito Santo. É uma verdadeira bênção, graça sem limites. Você conhece outra igreja, a não ser a católica, que possui válida e licitamente todos os sete sacramentos instituídos por Cristo? Certamente não. É por isso que ela é chamada de católica.
A Igreja Católica liga todos os fiéis, os vivos e os que já partiram para a glória. Num outro aspecto, quando dizemos que a Igreja é católica, estamos reconhecendo a nossa união com todos aqueles que pertencem e pertenceram à verdadeira Igreja de Cristo, de todos os tempos e lugares. Assim, a Igreja, por meios dos seus sacramentos, constitui o vínculo da unidade que liga todos os que foram regenerados por Cristo.
Ao falar do antiquíssimo dogma da comunhão dos santos, no número 5 da Constituição Apostólica “Indulgentiarum Doctrina”, o bem-aventurado Paulo VI afirma que “a vida de cada um dos filhos de Deus (…) se acha unida por admirável laço à vida de todos os outros irmãos cristãos na sobrenatural unidade do Corpo Místico de Cristo, como numa única pessoa mística.
Desse modo, “se um membro sofre, todos os membros padecem com ele; ou, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele”, completa a Lumen Gentium no número 7. Eis a universalidade da Nossa Igreja Católica.
Para concluir, ela é “católica”, porque, “enquanto Sacramento da Salvação Universal, foi enviada a todos os povos e, obedecendo à ordem de seu Fundador, procura anunciar o Evangelho a toda criatura”, afirma o numero 1 do Decreto Ad Gentes sobre a atividade missionária da Igreja.
No próximo artigo, trataremos da última dimensão da Igreja, sua apostolicidade. Se você não leu os artigos anteriores, eu o convido a lê-los.