Padre Anderson

Sou feliz na minha vocação e chamado ao sacerdócio?

Quando olho para minha história e me pergunto se fui feliz antes de ser padre, a resposta é: sem dúvida, fui feliz e muito! Assim, para a pergunta deste pequeno artigo, não posso dar outra resposta a não ser ‘sim’, sou muito feliz por seguir o chamado ao sacerdócio.

Você deve estar se perguntando: “Se o padre Anderson era muito feliz, por que resolveu ser padre?”. Ou: “Se já existia uma realização, pois a felicidade é uma realização, por que ele resolveu ser padre?”. A resposta é que só sou feliz como padre porque, antes de sê-lo, eu era muito feliz. Na verdade, alguém só se realiza na sua própria vocação se esse já for feliz. Caso contrário, será sempre uma fuga ou uma busca por algo que não se sabe onde está.

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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Sacerdócio é vocação

Um outro motivo para responder essa pergunta é que, antes de ser padre, eu era muito feliz. A certeza é que não busco no sacerdócio uma realização, uma felicidade ou qualquer coisa prazerosa. Busco no sacerdócio responder um chamado, uma vocação. Quando falo isso, estou me responsabilizando pela minha resposta, não colocando em Deus a culpa por ter me chamado.

Caso fizesse isso, na primeira crise, poderia dizer: “A culpa é sua, Deus, por aquilo que estou sofrendo, pois foi o Senhor quem me chamou”. Não, absolutamente não. Só sou feliz porque a resposta não é uma imposição de Deus, mas um olhar amoroso d’Ele. A minha resposta é livre e espontânea, e é isso que gera felicidade na vocação.

Graça de Deus

Um terceiro motivo, ou melhor, um terceiro fator que prova a minha felicidade no sacerdócio é saber que a grande maioria daquilo que preciso fazer como sacerdote é graça de Deus. Por que isso me traz alegria? Porque sei que não sou eu quem faz a parte maior ou a melhor, mas Deus. Isso traz felicidade e responsabilidade, pelo que aceitei receber do Senhor: ser apenas um cálice que precisa ser cheio d’Ele, para aí transbordar d’Ele para os outros. Ou seja, não sou apenas canal de Deus, preciso ser cheio d’Ele para d’Ele transbordar aos outros. Se não for assim, serei cheio de mim mesmo, e isso traz uma felicidade falsa e passageira. Somente sendo cheio de Deus a felicidade não passará.

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Conhecer Deus

Padre, e as renúncias, os sofrimentos, as dores, e tudo aquilo que o sacerdócio também traz? Como viver tudo isso e ser feliz? O segredo está em conhecer Deus, buscá-Lo constantemente, sentir-se amado por Ele e não se trair na própria escolha. Gosto de dizer que é preciso fortalecer constantemente a escolha feita. Caso contrário, a escolha não feita é que se fortalecerá.

Se, diante de cada desafio que cresce à minha frente, eu não fortalecer a minha escolha, serei um eterno frustrado. Mas se, mesmo que o desafio seja gigante, eu fortalecer a escolha feita, poderei dizer como São Paulo aos Colossenses: “Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós, e completo na minha carne, aquilo que faltou às tribulações de Cristo” (Col 1,24).

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