São Francisco pede para que sejamos alegres e que não deixemos o espírito maligno nos roubar isso
O alegre Francisco garantia que o remédio mais seguro contra as mil armadilhas e astúcias do inimigo era a alegria espiritual:
– A maior alegria do diabo reside em roubar do servo de Deus o gozo do espírito. Carrega um pó para jogar nos menores meandros da consciência, para emporcalhar a candura da mente e a pureza da vida. Quando os corações estão cheios de alegria espiritual, porém, a serpente derrama à toa o veneno mortal. Os demônios não conseguem fazer mal ao servidor de Cristo quando o vêem transbordante de santa alegria. Quem tem o ânimo choroso, desolado e triste é facilmente absorvido pela tristeza ou então é levado a alegrias vãs. Por isso, segundo Frei Tomás de Celano, Francisco procurava sempre viver no júbilo do coração, conservando a unção do espírito e o óleo da alegria. Evitava, com muito cuidado, a horrível doença da tristeza, a tal ponto que era só sentir fraquejar um pouco, ele já corria a rezar. Dizia: – Quando o servo de Deus se sente perturbado por alguma coisa, como acontece, deve levantar-se quanto antes para rezar e ficar firme diante do Pai supremo até que lhe devolva a alegria salutar. Porque se a tristeza demorar muito, fará desenvolver-se o mal babilônico que , se não for lavado pelas lágrimas, produzirá no coração uma ferrugem que permanecerá.
Francisco, desde a conversão até a morte, foi fiel ao propósito de “possuir e conservar, no corpo e na alma, a santa alegria”. Ele sabia que a tristeza é uma das filhas prediletas do inimigo. O importante é não dar-lhe brecha. E isso acontece à medida que nos empenhamos em manter a alegria e o bom humor tanto na tribulação quanto na prosperidade. A alegria é dom do Espírito Santo. Devemos pedir essa graça confiantes em nossa oração.
Quando era tomado de tentação, tristeza, desânimo, Francisco não se isolava, não se fechava em seu mundo particular, mas bastava-lhe contemplar a alegria de um companheiro para passar à alegria interior.
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Podemos extravasar nossa alegria interior de diversos modos. Depende da criatividade de cada um. Nisso, Francisco é rico. De acordo com o testemunho de Frei Tomás, Francisco apanhou dois pedaços de pau no chão e depois com gestos correspondentes imitava um violino. Saltitava e cantava alegremente, em alta voz, ao seu Senhor pelos bosques e campos. Frequentemente, essa festa e alegria toda acabava em lágrimas e o júbilo se dissolvia na compaixão para com a Paixão de Cristo.
Frei Jorge Hartmann – OFM