Católico pode buscar a cura no Reiki?

Reiki é o nome dado a “Energia universal de vida” – algo não bem definido – que, segundo seus adeptos, é uma energia que passa pelas mãos de todo ser humano e pode ser aplicada a pessoas doentes ou aflitas para aliviá-las, segundo Earlene Gleisner, monitora de Reiki (“Reiki na Vida Diária” – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro,1999). O que escrevemos nesta artigo está baseado no livro citado acima.

A base do Reiki é budista, é uma corrente de pensamento panteísta (tudo é parte de Deus, tudo é Deus) e tem traços de monismo, filosofia que ensina que a pessoa pode “fundir-se com tudo a sua volta” (p.45). O ser humano seria parte integrante do universo no sentido físico; tudo o que existe seria apenas uma grande substância ou a substância universal. O monismo leva ao panteísmo.
O Mestre maior do Reiki parece ser “O Sr. Hawayo Takata. Grão-Mestre REIKI de 1940 a 1980” (pp. 47s).

A proposta de cura por meio de Reiki vem do Oriente e está crescendo em nossos ambientes, por isso o católico precisa conhecer os seus erros. A palavra Reiki vem de rake (= ancinho ou rastelo) em inglês, Rakey é o solo arado. A palavra Rakey é foneticamente igual a Reiki.

Segundo Earlene, o Reiki vem a ser a “Energia Universal de Vida no Sistema Usual de Cura Natural” (p.11). É a “Energia Universal de Vida que verte através de nossos corpos, preenchendo nossa necessidade antes de se transferir para a necessidade do outro” (p.22). Segundo ela, “os nossos corpos são um veículo por meio do qual a energia Reiki se transfere do Universo para outrem” (p.42). Ensinam que é por meio das mãos que a energia Reiki passa de uma pessoa para outra, de modo que há técnicas precisas sobre a maneira de impor as mãos sobre a cabeça, sobre o tórax, sobre os joelhos, os pés, as costas.

O Reiki ensina que devemos ser bondosos com tudo o que possui vida, já que não estamos sozinhos; e que precisamos nos colocar em contato com a energia que flui através de todos os seres e coisas, árvores, flores, animais, até mesmo os elementos químicos participaram disso. O objetivo é “buscar uma fusão com tudo o que está em volta” (p.55).

Isso mostra que a filosofia base do Reiki é uma prática panteísta – tudo é Deus – não há uma separação entre o Criador e a criatura; ora, isto é um absurdo filosófico e teológico. O panteísmo sempre foi condenado pela Igreja. Deus criou tudo o que existe fora do nada porque quis, por amor, mas as criaturas não são emanações obrigatórias de Deus, como se Ele não fosse soberano e autônomo.

Diz Earlene Gleisner que “A Mestre Reiki Victoria Suzanne Crane investigou extensivamente as origens de REIKI e as encontrou intrinsecamente ligadas aos ensinamentos budistas”(p.48). Isto é suficiente para o católico rejeitar a prática de cura pelo Reiki, pois os princípios do budismo não se coadunam com a fé católica. O budismo acredita na reencarnação, e a salvação da pessoa não se dá pela fé em Jesus Cristo.

A filosofia Reiki pode ter boa intenção e dizer coisas bonitas e agradáveis que encantam as pessoas, mas a sua base de sustentação não é recomendada aos católicos. Sem dúvida, há muito de sugestão nas curas do Reiki; sabemos que uma pessoa sugestionada pode ser curada pelo próprio organismo que reage bem devido a um estado de espírito favorável. Basta ver os placebos, simulação de remédios.

A mera existência de uma energia natural e humana é questionável e, facilmente, essa concepção se confunde com uma “energia divina” – o que se transforma em panteísmo.
Por tudo isso, a concepção filosófica do Reiki não é compatível com a fé cristã, como também confirma D. Estevão Bittencourt em seu artigo “Reiki na vida diária” (Revista PR, n. 467; 2001).

Alguns defendem que é possível para o católico usar a “técnica” do Reiki sem adotar a sua filosofia, mas isto é algo arriscado. D. Estevão também diz: “O cristão que se põe na escola do Reiki corre o risco de assimilar, juntamente com a técnica, as linhas monistas-panteistas do pensamento Reiki.”

Portanto, o cristão que deseja a cura de seus males há de buscar recursos na medicina e na fé cristã, voltando-se para Deus Pai, Filho e Espírito Santo, que a todos socorre no seu amor e na intercessão dos santos, anjos e dos irmãos. Nada de mágico e desconhecido deve ser misturado com a fé católica. Se Deus não nos dá a cura pela medicina e pela graça, certamente tem um desígnio de salvação atrás desse mal. Devemos crer e viver segundo a palavra de S. Paulo que diz: “Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rm 8,28).


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino