Reprodução artificial

Útero artificial: é possível?

Em poucos anos, será possível substituir o útero materno por uma máquina

É a construção ou a utilização do que se chama útero mecânico, útero artificial, ou seja, um ambiente de cristal, o mais parecido possível com o útero da mãe, com alimentação e temperatura, tudo controlado por uma máquina. Esta nova tecnologia é motivo de preocupação entre os bioeticistas e ginecologistas sobre o perigo da desumanidade. Trata-se de um novo tipo de experiência reprodutiva que poderia levar à produção de crianças sem mãe.

Créditos: Naeblys by Getty Images

O que a psicologia diz a respeito?

Esse processo é qualificado de desumano, pois destrói a revelação mãe-filho, considerada por todas as ciências humanas, sobretudo pela psicologia, como indispensável para a formação psíquica equilibrada do nascituro. Portanto, faz-se necessária uma conscientização radical, porque esse procedimento pode levar a um empobrecimento do conhecimento psicológico da criança.

O que a medicina afirma a respeito?

O ginecologista Giussepe Noia, responsável pelo Centro de Diagnóstico Pré-Natal do Instituto Clínico Obstétrico do Hospital Gemelli, em Roma, declarou que se trata do terceiro passo da separação da mulher do seu papel de mãe. O primeiro foi dos anticoncepcionais. O segundo, a proveta. Agora, o útero artificial.

Para o responsável do setor de obstetrícia do Gemelli, trata-se “de um fato gravíssimo, fruto de uma mentalidade fundada sobre o biologismo”, que reduz a vida humana a um produto. Sem dúvida, o médico reconhece que esses tipos de técnica deveriam estar a serviço das terapias que ajudam, em caso de necessidade, a salvar a vida que nasce: “Seria utilíssimo para as crianças muito prematuras, as que têm menos de 25 semanas. Utilizando-o como uma espécie de super incubadora, em lugar de fábrica de crianças, seria possível salvar a vida de muitos recém-nascidos e auxiliar muitas famílias”.

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O que isso representa para a Igreja?

A utilização do útero artificial representa outro passo para a desumanidade da procriação, um afastamento daquele ser que deveria ser concebido não só no ato conjugal, mas também no corpo materno. O problema é que uma vez que a procriação se afasta do ato conjugal, qualquer tipo de manipulação desumanizante é possível, inclusive a clonagem. Quando separa o momento procriativo do unitivo, a procriação se torna cada vez mais numa manobra de laboratório.

O Papa João Paulo II, ao referir-se à dignidade da procriação humana, apresenta como motivo de preocupação a “fabricação” de seres humanos no útero artificial, o que significa o desaparecimento da família, dando início ao “Estado Parental” como querem alguns. Tudo isso preocupa os responsáveis pela sociedade.

 (Extraído do livro “Respostas simples para perguntas difíceis – O que a Igreja ensina sobre”)