Intrigas

Modo prático para acabar com nossas brigas

Enquanto o ressentimento continuar presente em nosso coração, seremos seus escravos, e isso nos transforma em vítimas permanentes. Em qualquer lugar em que chegamos, se alguém sorri, já pensamos que está rindo de nós. Se não sorri, ficamos pensativos, achando que está com raiva de nós. “Imagina… ela passou por aqui e nem falou comigo, deve estar com raiva de mim. Mas eu não fiz nada para ela…”. “O que será que aconteceu com fulano? Por que está agindo assim?”. “Por que está rindo desse jeito? Por que me olha dessa forma?”. Temos a mais absoluta convicção de que todas as ações da pessoa, mesmo se nunca a vimos ‘mais gorda ou mais magra’, são em consequência de nossa presença ali. Veja só o poder que nos atribuímos quando teimamos em ficar achando culpados ou encontrar desculpas para tudo o que acontece ao nosso redor.

Foto Ilustrativa: byGetty Images / LaylaBird

As mágoas geram brigas

Se com estranhos agimos assim, não é difícil imaginar como nos comportamos diante daqueles que nos são mais próximos. Quantos casais transformaram o lar num inferno em consequência de ressentimento acumulado. Mágoas não resolvidas acabam sempre por gerar brigas, violência, discussões, acusações, bate-bocas, inimizades e separações. Muitas vezes, uma grande briga começa com uma pequena bobagem: “Só porque fiz um comentário bobo, ele ficou transtornado”. “Eu falei por falar. Se soubesse que iria ficar assim, nem teria dito”. “Só porque reclamei de ter deixado o pano jogado no sofá, o homem virou um bicho…”. “Eu nem me incomodo com cachorro, mas foi só falar do cachorrinho dele e ele saiu daqui feito louco…”. “Só porque eu reclamei de ter entrado com os pés sujos?”

É triste, mas é verdade! A grande maioria das pessoas nem sequer sabe o porquê de estar brigando. Alguns até já se tornaram especialistas em brigas, pois são sempre a favor do contra!

O perdão restaura o coração

O mais terrível de tudo isso é que: quando brigamos com as pessoas, quando criamos o dossiê, quando elegemos nossos culpados, estamos, ao mesmo tempo, quebrando nosso relacionamento com Deus. Vem daí a insistência: “Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento. Não deis oportunidade alguma ao diabo” (Ef 4,26b-27 – Bíblia Tradução Ecumênica, TEB, São Paulo, Loyola).

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Eis um ensinamento mais prático para acabar com  as nossas brigas: se não for possível evitar a discussão, que, ao menos, ninguém vá dormir com mágoa no coração. Resolva tudo antes do sol se pôr, peça perdão e perdoe sinceramente, para não permitir que o encardido se aloje em suas palavras, em seus sentimentos, em seu corpo, em sua vida e em seu comportamento.

O único jeito de restaurar um coração ressentido é pelo perdão mútuo, pelo perdão a Deus e pelo perdão a si mesmo. Não podemos deixar que as coisas negativas, que sempre acompanham o ressentimento, acabem por se enterrar em nosso coração. “Toda amargura, ira, indignação, gritaria e calúnia sejam desterradas do meio de vós, bem como toda malícia” (Ef 4,31). Quando acham terreno fértil para se enraizar em nosso coração, essas tranqueiras acabarão por produzir frutos de inferno em nós, para nós e por meio de nós.

Padre Léo, scj

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