Afinal de contas, vale a pena casar?
Já começo respondendo a essa pergunta do título: “Sim, vale muito a pena. E como vale!”. Mas há um porém: aquele que quer casar precisa ter a clareza de ser chamado a essa vocação, pois não se trata de um “casar por casar”.
Casar é um chamado de Deus
O casamento engloba uma missão. Não é pompa, não é status social, não é por pura conveniência. Não. Nada disso! A vida a dois requer ser abraçada como um chamado de Deus que, quando bem correspondido, seguramente levará à felicidade. Felicidade essa que vi estampada nos olhos de um conhecido meu que, dias atrás, encontrei pela rua. Ele me dizia: “Alexandre, você sabe que eu me casei na Igreja?”.
E eu respondi: “Sim, fiquei sabendo. Meus parabéns!”.
Daí, ele foi me falando: “Rapaz, levei mais de 20 anos vivendo junto com a minha companheira, e, depois de todo esse tempo, conseguimos nos casar na Igreja. Meu Deus… Como tudo mudou! E pra melhor! Não sei explicar, mas tudo entre nós dois realmente melhorou! Tudo mesmo!” (e deu uma boa risada).
Este “tudo mudou pra melhor” que esse homem não soube traduzir em palavras, o Catecismo da Igreja Católica explica a verdadeira razão de tamanha mudança ao afirmar que não se trata de algo, mas sim de alguém: Jesus Cristo. Esta graça própria do sacramento do Matrimônio se destina a aperfeiçoar o amor dos cônjuges, a fortificar sua unidade indissolúvel. Por esta graça, “eles se ajudam mutuamente a santificar-se na vida conjugal, como também na aceitação e educação dos filhos”. Cristo é a fonte desta graça. (CIC 1641 e 1642)
O sacramento do Matrimônio, portanto, é uma graça cuja fonte é o próprio Jesus. E onde Jesus se faz presente, tudo se transforma. E pra melhor! Esse conhecido que encontrei, há poucos dias, apenas confirmou essa linda verdade.
Amor e fidelidade
Sou casado, há 22 anos, com a mulher da minha vida, Rosení. Nosso amor gerou dois tesouros: o Jonas e a Beatriz. Dois jovens maravilhosos, por sinal. Olhando para a minha vida, posso testemunhar a você o quanto sou feliz e realizado no meu matrimônio. E isso não significa que, ao longo de todos esses anos, eu e minha esposa jamais discutimos, erramos, tocamos na miséria um do outro. Pelo contrário! Mas sempre o nosso amor e o nosso compromisso de fidelidade um para com o outro nos levou ao diálogo, à reconciliação, à descoberta do que é preciso ser feito para ajudar na santificação da pessoa amada.
Perceba que eu usei duas palavras importantes no parágrafo anterior: amor e fidelidade. Sem elas, não há casamento que resista. Por isso, é preciso que Jesus entre na nossa vida conjugal, pois só Ele pode ensinar aos casais o verdadeiro sentido do amor e da fidelidade. Veja que o apóstolo Paulo, quando escreve sobre o amor entre marido e mulher na carta aos Efésios, traz o exemplo do amor de Cristo por sua Igreja e afirma:
“É assim que os maridos devem amar suas esposas, como amam seu próprio corpo. Aquele que ama sua esposa está amando a si mesmo. Ninguém jamais odiou sua própria carne. Pelo contrário, alimenta-a e a cerca de cuidado, como Cristo faz com a Igreja” (Ef 5,28-29).
É Jesus quem nos ensina que o matrimônio que resiste ao adultério, ao divórcio, às rixas e a todo tipo de mal, é forjado não no “fogo da paixão”, mas no calor do cuidado que abraça, que envolve, que jamais desiste, custe o que custar. Mas para isso sair do papel e se traduzir na vida em autêntica felicidade, é preciso que haja a vocação para o matrimônio.
Será que você é chamado à vocação matrimonial?
Neste mês das vocações, convido você, que ainda está à procura do “José” ou da “Maria” em sua vida, a rezar para Deus antes de qualquer coisa. É cultivando uma vida de oração que você irá descobrindo direções, luzes, apontamentos de Deus – a partir da sua própria história – para ver se realmente é chamado ou não à vocação matrimonial.
Outra dica que lhe dou é a de que você procure alguém maduro na fé e que vive bem seu matrimônio para lhe ajudar nesse seu discernimento. É ouvindo a partilha de quem vive com coerência a própria vocação que também conseguimos perceber como isso ressoa no nosso interior.
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Não desista do seu casamento!
Por fim, gostaria de me dirigir a você que já está casado, mas vive seu relacionamento como um fardo, como um “campo de batalha”, como algo que hoje lhe traz mais dor do que alegria: não desista do seu casamento! Talvez você não tenha feito um bom discernimento antes de se casar, e hoje se arrependa de tal decisão. Mas saiba que Deus tem um lindo propósito em tudo isso. Abrace seu casamento como essa missão que irá santificá-lo e também santificar seu cônjuge.
Você não está só. Lembra-se disso! Jesus está contigo, e Ele ajudará, com a Sua graça, a você, ao seu cônjuge e aos seus filhos a alcançarem o grande prêmio que está reservado para quem perseverou no próprio chamado: a vida eterna no Céu!
Conte com as minhas orações. E mostre – através da sua vocação bem vivida em Cristo – que realmente vale a pena se casar.
Forte abraço!