Viver sob o cuidado de Deus, não significa que não passaremos por dores ou tribulações, mas que apesar disso, Ele cuida de nós e nos ampara nos sofrimentos. É exatamente como eu canto: “Deus cuida de mim, mesmo que eu não veja, mesmo que eu não perceba. Deus está comigo, porque Ele me ama…”
No princípio deste mês, fiz um ultra-som para ouvir o coração do bebê, pois estava grávida de quase três meses. Estávamos todos na sala, ansiosos para escutá-lo. De repente, pela expressão do rosto da médica, vi que algo estava errado, então veio a notícia: “Infelizmente, não há batimentos cardíacos. O embrião não cresceu, há uma má formação. Desculpe-me, mas não há outra forma de lhe dizer: é óbito embrionário, sinto muito…”
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Fiquei, ali, na maca, meio paralisada com o resultado. Em seguida, fomos à médica que me acompanha. Ela viu o exame e me disse: “Temos de marcar a curetagem para a semana que vem”. Eu tinha alguns compromissos naquele final de semana, e ela me disse que eu fosse sem problemas. Fui para casa com muita dor na alma. Um sentimento de perda de alguém muito íntimo, a quem não tive chance de ver, abraçar, colocar no colo.
Um vazio interior por uma história de amor que foi interrompida por uma falha da natureza. Não conseguia dormir, então liguei a TV Canção Nova, estava sendo exibido o Programa “Direção Espiritual”, com Padre Fábio de Melo, por quem tenho um grande carinho. Ele falava sobre o amor de sua mãe, chorei muito, pois imaginei que o filho a quem perdi, num aborto natural, poderia ser como ele: um sacerdote que consola a tanta gente com sua sabedoria e seu canto.
Agradeci muito a Deus pelo tempo em que pude gerar aquela vida para Ele e mais uma vez contemplei, nesse fato, a mão amorosa d’Ele que cuida de nós. “Não há o que temer e nem desanimar, Deus está conosco”. Com a liberação médica, fui desempenhar a minha missão naquele final de semana.
A minha dor não era mais forte que o meu desejo de realizar a vontade de Deus, servindo-O naquele retiro em Lavrinhas/SP e animando o Kairós de Cura Interior do dia seguinte. Eu sabia que não podia fazer mais nada pelo meu bebê. Mas podia, sim, colocar-me à disposição do Senhor, para que Ele fizesse maravilhas no coração das pessoas que estavam ali, ou assistindo em casa. Ao sair do Kairós, já estava com sinais de sangramento, liguei para a médica e fui internada no mesmo dia. No hospital, tomei soro com uma medicação para expelir o feto.
Foi uma noite de “calvário” e de muitas invocações de Deus e de Nossa Senhora. Ofereci tudo pelo Projeto Dai-me Almas e por aqueles que nos pedem orações. Quando amanheceu, cessaram a dores e eu adormeci. Em seguida, acordei e fui levada à sala de cirurgia, onde recebi anestesia geral e foi feita a curetagem. Voltei ao quarto e pedi a meu esposo, ministro da Eucaristia, que queria muito comungar. Ele trouxe uma religiosa que me deu a comunhão e antes de sair, ela nos disse: “Quero partilhar com vocês que há muita paz neste quarto, há muita paz neste ambiente. Vejo que Deus escolheu vocês para serem sinal de fé para o mundo” e saiu. Fiquei muito emocionada, pois foi o que o Padre Jonas nos disse na homilia do nosso casamento. Marcelo e eu somos um casal que testemunha a fé para o mundo.
Deus falou conosco pela boca daquela irmã, confirmando aquilo que somos e a verdade que cantamos: DEUS ESTÁ CONOSCO, ELE TEM CUIDADO DE NÓS. DEUS CUIDA DE MIM… Partilho tudo isso para a glória de Deus e para que saiba que como você, passamos por sofrimentos, mas podemos cantar a vitória sobre eles, em Cristo Jesus.